:: 17/jun/2014 . 23:38
ESTÃO ACABANDO COM O SÃO JOÃO
Reza a história da Igreja Católica que Isabel, prima de Maria, acendeu uma fogueira em sua porta para anunciar o nascimento de João Batista, primo de Cristo. Já na fase adulta, o rei Herodes mandou decepar a cabeça de João a pedido de uma mulher. Bem antes disso, os povos celtas festejavam o solstício do inverno e a época da fartura agrícola, mas foram com os franceses que vieram parar aqui os primeiros passos das quadrilhas. Outras tradições e culturas foram trazidas dos portugueses e do milho e da mandioca aprendemos muitos pratos dos indígenas e africanos. Dizem até que o nome forró veio dos americanos dos Estados Unidos.
Bem, foi um “nariz de cera” até necessário para dizer que, infelizmente, toda esta linda história e suas tradições culturais estão se acabando com o tempo, numa espécie de ave em extinção. Nas cidades são poucas as fogueiras e o forró virou axé, pagode, lambada e arrocha nas mãos irresponsáveis dos prefeitos que só querem ver muita gente na praça e o cantor no palco citando o nome dele bem alto. As bebidas (licor, quentão) e as comidas de milho e derivados de mandioca praticamente desapareceram das praças e salões.
Há muito tempo que venho denunciando a descaracterização criminosa do nosso São João, a maior festa e um dos maiores patrimônios culturais do povo nordestino. Digo criminosa porque a maioria dos prefeitos gasta milhões do nosso dinheiro, contratando artistas e bandas que nada têm a ver com o forró pé de serra, com raras exceções de algumas prefeituras como as de Vitória da Conquista, Piritiba e outras.
CURTA AS CURTAS
A COPA E A EMBASA
Desde os tempos da criação da Sudene, na década de 60, que já se falava na construção de uma barragem no rio Pardo (imediações de Inhobim) para abastecer Vitória da Conquista e região. São mais de 50 anos e o projeto não saiu do papel. Com a seca e o baixo nível das barragens de Água Fria I e II, em Barra do Choça, a população sofreu com o duro racionamento da Embasa. Aí o governo fez uma adutora no rio Catolé, mas a situação continua vexatória. Na semana passada, vários bairros ficaram dias sem o precioso líquido.
Nesse meio, o governo do estado anunciou a construção de uma barragem definitiva para resolver o problema, só que a diretoria da Embasa já avisou que o projeto deve durar uns cinco anos para ficar pronto. Quando ela diz isso é porque o tempo será o dobro, mas o estádio da Fonte Nova para receber jogos da Copa foi erguido em menos de dois anos. Ainda pedem para o torcedor ter calma e ser bem comportado! Até aonde vai o desrespeito para com o povo?
É uma vergonha a terceira maior cidade baiana passar por esse aperto de escassez de água, sem contar que o aeroporto mais parece com um galpão. Conquista carece de grandes projetos de infraestrutura para atrair investimentos de fora e dar continuidade ao seu desenvolvimento. O mais engraçado é que em 2012/13 um grupo de empresários se reuniu várias vezes para que a cidade fosse escolhida como subsede dos jogos da Copa! Sem água, sem aeroporto e estrutura de um centro de treinamento? Quando se fala nessas coisas, tem gente que torce a cara.
- 1