Será que tem muito que se comemorar no Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, o nosso Rio São Francisco? Pouca gente sabe, mas o Comité da Bacia Hidrográfica do São Francisco marcou uma série de programação para comemorar a data do dia 3 de junho. Depois de séculos de maltratos, exploração e abandonos, o Velho Chico não está engolindo nada disso.

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Para não variar, o poder público tem sido, ao longo dos anos, o maior depredador do rio em proveito político, basta citar o mais recente projeto de transferência de suas águas para o sertão nordestino. As obras estão lá inacabadas e dizem por ai que vão virar atrações turísticas. O frei Capio fez greve de fome contra a decisão, mas não adiantou nada.

O Comitê anunciou que vai fazer uma mobilização de conscientização para sua preservação em seis cidades integrantes da bacia. Parece mais coisa de eleição onde o eleitor só é lembrado de quatro em quatro anos. O lema da mobilização é “Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico”.

Recentemente estive em Juazeiro e Petrolina e constatei, in loco, a sujeira em suas margens e o lançamento de esgotos. Esse quadro, inclusive de assoreamento, pode ser visto desde sua nascente em Minas Gerais. Para Juazeiro foi programado um movimento de panfletagem até a Ilha do Fogo, na ponte que divide os estados da Bahia e Pernambuco.

O Velho Chico agradece, mas é muito pouco se for considerar a degradação contra o rio provocada pelo próprio homem que só pensa em tirar proveito. “É preciso fazer uma gestão de revitalização da fauna e da flora. O povo da Bahia e do São Francisco pede socorro para que possamos ter um rio vivo”. Já ouvimos muito este clichê, mas pouca ação e atitude, ou quase nenhuma.

O baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e a diminuição de suas vazões na bacia hidrográfica são principais problemas apontados pelo Comitê como causas dos danos ambientais e socioeconômicos para as comunidades. A pesca que era abundante tornou-se escassa, e a navegação só em alguns trechos.

A Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) e a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) reduzem a vazão a 1,1 mil metros cúbicos por segundo. Sem água suficiente, aparecem os bancos de areia e as águas do mar invadem o rio. Sem fauna e sem flora, o Velho Chico tende a morrer um dia e se tornar apenas uma lembrança fotográfica. Na luta pela sobrevivência, os ribeirinhos penam e muitos partem para outras terras à procura de trabalho.