Fruto proibido desde os tempos de  Adão e Eva, a maçã, nos últimos anos, passou a bola para a banana, “arma” dos que praticam o hediondo crime de racismo, embora, para muitos atletas, principalmente os tenistas, a fruta, cultivada em 130 países, rica em potássio e fibras, seja uma fonte de energia, eliminando o cansaço físico e mental e mantendo os altos níveis de açúcar no sangue, proporcionando maior disposição durante as competições.

  Provavelmente, pelo alto preço, a banana não tem sido usada por torcedores preconceituosos nos estádios brasileiros. Nos campos da Europa é mais comum e os arremessos das arquibancadas são acompanhados de sons e gestos, imitando os gorilas. Jogadores africanos são os mais agredidos, mas, recentemente, ganharam destaque na imprensa episódios envolvendo o lateral Roberto Carlos, na Turquia, e o também lateral, o baiano Daniel Alves, na Espanha, além do árbitro Márcio Chagas da Silva.

  Esperança maior dos que acreditam na conquista do hexacampeonato, os “Pacheco” de hoje  – lembram dele, torcedor fanático da seleção de 1982 –, Neymar vem sendo vítima dos racistas espanhóis, inclusive daqueles que torcem pelo seu time, o Barcelona. Talvez o rapaz tenha esquecido que, justamente há um ano, depois de um jogo contra o Flamengo do Piauí, na Vila Belmiro, chamou os nordestinos de “paraíbas mortos de fome”. A reação foi imediata. O deputado paraibano Efraim Filho (DEM) ocupou a tribuna da Câmara para se solidarizar com seus irmãos nordestinos; em João Pessoa, o jogador foi declarado “persona non grata”.

 Três anos antes, o mesmo Neymar, idealizador da campanha “#somostodosmacacos”, em solidariedade ao seu companheiro de clube Daniel Alves, deu a seguinte declaração à “Folha de S. Paulo”: “Acho que todos os negros sofrem. Eu, que sou branco, sofro com tanta ignorância”. Essa afirmativa deixou desapontado o escritor, cantor e compositor Nei Lopes, que já havia incluído um perfil de Neymar na Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, editada por ele em 2004. Ronaldo, que os coleguinhas insistem em chamar de “Fenômeno”, também já negou publicamente sua origem africana.

  No exterior, racistas e xenófobos são rigorosamente castigados. O torcedor espanhol David Campayo está proibido, por toda a vida, de freqüentar o estádio El Madrigal, do Villareal, enquanto o clube recebeu uma multa de 12 mil euros (cerca de 36 mil reais); o empresário norte-americano Donald Sterling, dono do time de basquete Los Angeles Clippers, teve que desembolsar 2,5 milhões de dólares (em torno de 5 milhões de reais).

   No Brasil há uma tendência dos tribunais esportivos em castigar clubes do interior, de pouca expressão, fechando os seus estádios, deixando uma parcela considerável de suas populações sem seu lazer dominical. Aconteceu recentemente com as cidades de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e Mogi Mirim, em Paulo, cujos clubes locais, o Esportivo e o Mogi Mirim, foram punidos por atos racistas de seus torcedores, todos eles identificados e detidos pela polícia, respectivamente contra o árbitro Márcio Chagas e o jogador Arouca, do Palmeiras. Os verdadeiros culpados continuam livres, visitando os zoológicos para aprender novos trejeitos dos símios.

    A propósito, os membros da Fiel do Corinthians, a mais violenta torcida brasileira, responsáveis no ano passado pela morte de uma criança em Oruro, na Bolívia, foram indiciados por crime de homicídio?  Meses depois eles foram flagrados saqueando um supermercado em Brasília, e um deles participou de um assalto no interior da Bahia.

   O preconceito não é exclusivo dos aficionados pelo futebol. Em abril de 2011, milhares de cruzeirenses, que assistiam a uma partida de vôlei entre o seu clube e o Vôlei Futuro, de São Paulo, gritavam em coro a palavra “bicha”, dirigindo-se ao jogador Michel, da equipe adversária, que é declaradamente homossexual. O episódio ganhou repercussão internacional, os protestos foram muitos, mas, nem o Cruzeiro nem seus torcedores, foram penalizados pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que chegou a solicitar o videoteipe da partida.

         A título de ilustração, no livro “Michael Jordan: The Lyfe”, o maior mito do basquete mundial declara que, quando adolescente, tinha ódio dos brancos, problema que conseguiu superar.