Carlos González – jornalista

No dia 1º de fevereiro será aberto oficialmente o comprimido calendário do futebol brasileiro para 2015, elaborado pela CBF. Se observarmos as nuvens cinzentas no horizonte, vamos conviver, em proporções maiores, com os mesmos problemas do passado. O mais grave deles, a ameaça de falência dos chamados grandes clubes, que acumulam uma dívida tributária e trabalhista de mais de R$ 4 bilhões, e que os seus dirigentes propõem ao governo pagar, sem correção monetária, em cinco anos.

Os erros, certamente, vão começar de cima: o pastor da Igreja Universal, George Hilton Cecílio, ministro do Esporte, continuará a afirmar que “não entende nada do assunto” e a recorrer aos seus assessores para responder as perguntas mais simples da imprensa esportiva; o paulista Marco Polo del Nero vai suceder a José Maria Marin na presidência da CBF, sob o peso de uma série de escândalos financeiros; o eterno presidente do COB, Carlos Nuzman, a poucos mais de um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, terá dificuldades para explicar para onde estão escoando as verbas destinadas à construção de praças esportivas.

Estamos observando, já no começo do ano, que não houve grandes contratações feitas pelos clubes. Pelo contrário, nossos melhores jogadores estão se transferindo para países onde o futebol vem se popularizando há apenas quatro anos, como China, Ucrânia e Tailândia. Torcedores dos grandes centros estão se afastando dos estádios – a Fonte Nova em 2014 teve a menor média de público, – levando clubes como Corinthians e Flamengo a transferir os seus jogos para Manaus, Cuiabá e Brasília.

Recentes estudos mostraram que os clubes mais endividados são Flamengo, Botafogo, Vasco, Atlético Mineiro e Fluminense. Entre os baianos, Bahia é o 9º, com um passivo de R$ 110 milhões, e o Vitória (R$ 20 milhões) o 19º. O Corinthians, que contraiu uma enorme dívida com o BNDES para edificar sua arena, foi obrigado a diversificar seus negócios, adquirindo um terreno com 402 m², ao lado do estádio, onde vai construir um cemitério, oferecendo os lotes aos seus torcedores.

A jornada do futebol baiano em 2015 vai reunir na abertura dois dos mais destacados clubes da capital e do interior. O Bahia, campeão da última temporada, visitará o Vitória da Conquista, dia 1º de fevereiro, no Estádio Lomanto Júnior. O time local, que completou dez anos no dia 21 de janeiro, planeja ganhar o estadual, divulgar seu nome e suas cores através da Copa do Brasil, e ascender à série C do futebol brasileiro. O apoio de sua torcida será fundamental.

Além de Bahia e Vitória da Conquista, o Campeonato Baiano, que será disputado até 3 de maio (são 19 datas), contará com mais dois clubes de Salvador (Galícia e Vitória) e oito do interior do Estado: Bahia de Feira, Feirense, Jacuipense, Serrano, Jacobina, Juazeirense, Catuense e Colo-Colo.

O Serrano é um caso a parte. Deixou Vitória da Conquista há dois anos, transferindo-se para Teixeira de Freitas, onde, ao que tudo indica, não encontrou o apoio dos desportistas e da prefeitura local. Daí, passou a mandar seus jogos em Porto Seguro, cujo estádio não passou na vistoria feita pela FBF. Seus dois primeiros jogos pelo Baianão estão marcados para o “Lomantão”. A administração de Porto Seguro tem até o dia 10 de fevereiro para concluir as obras que a Federação exige. O mais interessante é que o Serrano, juntamente com Bahia e Vitória, vai participar da Copa Nordeste, marcada para o período de 3 de fevereiro – sua estréia se dará no dia 5 diante do América de Natal – a 29 de abril, e as suas partidas foram programadas pela CBF para o estádio conquistense.

No longo calendário da CBF para 2015 outras três competições estão mais próximas do torcedor baiano. A primeira delas é a Copa do Brasil, disputada entre 25 de fevereiro e 27 de maio (11 datas). Vitória e Bahia vão estrear, respectivamente, dias 1º e 2 de abril, contra Anapolina (Goiás) e Nacional (Amazonas). “Calouro”, o Vitória da Conquista receberá em casa o Palmeiras, dia 4 de março. A partida de volta em São Paulo está prevista para 2 de abril.

O folclórico torcedor do Bahia, Flávio Alexandre Silva, conhecido como “Binha de São Caetano”, candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais do seu clube, compareceu em 2014 a todos os jogos do tricolor. Este ano “Binha” terá que percorrer uma longa e penosa jornada de 4 mil quilômetros, por 14 estados e 17 cidades, entre 9 de maio e 28 de novembro, para exibir o seu colorido visual e torcer pelo seu querido Bahia na série B do Campeonato Brasileiro. O mesmo sacrifício será feito por algum rubro-negro que decidir ver os jogos do Vitória no mesmo torneio.

Com relação à participação do Vitória da Conquista na série D, onde teve uma apagada atuação em 2014, a CBF ainda não concluiu o regulamento da competição, que vai de 12 de julho a 15 de novembro.