TERROR E MENTIRAS
Alguém já disse que na guerra a primeira vítima é a verdade. Poderia ter acrescentado que o mesmo ocorre nas eleições brasileiras onde predominam o terror e as mentiras. Boa parte da população, pobre e de baixo nível de instrução, está garroteada pelo Bolsa Família, pelas cotas, pelas casas populares, pelos cargos e temem perder os benefícios sociais diante de boatos de que se votar contra o governo vão perder tudo.
Depois de morto rasgaram suas vestes e dividiram entre si. Assim está sendo feito com a Petrobrás. Quanto a privatização da estatal, a maioria inculta nem sabe muito bem o que é isso. Para o povo necessitado, tanto faz. O que importa mesmo é ter um pouco de comida na mesa.
Há 20 ou 30 anos os escândalos de corrupção derrotavam qualquer candidato por mais aprovação que tivesse dos eleitores. De tão comum que se tornaram os fatos, hoje eles não abalam mais as campanhas. Se a pobreza, infelizmente, se contenta com pouca coisa, do outro lado o analfabetismo e a indiferença são tão agudos que pouca gente entende os noticiários e as denúncias da mídia.
Os debates políticos feitos pelos jornais, rádios e emissoras de televisão, sem contar as redes sociais da internet pouco influenciam as opiniões dos eleitores, a não ser os mais indecisos e independentes. Tudo não passa de mais um jogo de marketing da mídia na briga pela audiência. Impera a mesmice de sempre. Nada de criativo. Tudo segue seu padrão.
Os bolsistas, cotistas e os que têm cargos no poder não vão mudar por causa de um debate, muito menos os de maior nível intelectual, se bem que estes são minoria no nosso país de pouca cultura e consciência política.
As eleições, na verdade, são decididas pelo sistema terrorista e mentiroso que foi montado há muitos anos para que os resultados sejam sempre os mesmos e o poder se perpetue. Com a idade que já tenho, não dá mais para ser enganado.
Nos partidos (mais de 30) sobra dogmatismo e falta ideologia, coerência e ética. O Supremo Tribunal Federal está manietado pelo poder e os mensaleiros retornam sorridentes às suas casas. No Congresso montaram mais uma CPI que é um embuste.
Para não deixar a oca sem festa e rituais tribais, criaram agora a figura do delação premiada, que já está solto. Tudo corre em sigilo e na base da mordaça. O povo nada sabe e também não faz diferença porque a ignorância, a cultura do roubo e da corrupção viraram nódoas malignas na pele que já é exibida como enfeite ou troféu de grande valor.
Lamentavelmente, a corrupção já é aceita em nossa casa e já faz parte do convívio diário do brasileiro, tanto que os ladrões dos bilhões da Petrobrás não serão punidos. O Paulo Roberto Costa e o Alberto Youssef, os delações premiadas, não passam do faz de conta de um circo mambembe e tupiniquim nacional. Viva o Macunaíma, de Mário de Andrade! Viva o índio Capiroba, de João Ubaldo Ribeiro!
Com tudo isso, não sabemos, precisamente, para aonde vamos e em que porto desembarcar com tranquilidade e calmaria. O temor é que tudo desande e a linha dura militar, que ainda está de plantão, aproveite a desordem para aplicar uma ditadura. O cavalo da corrupção está em disparada e o jockey não consegue contê-lo. Pode até caírem num abismo.