“Nunca se viu o Velho Chico tão raso nessa época do ano” – relata o jornalista João Martins em sua revista Integração, com fotos desoladoras captadas da lente de sua máquina. Numa ampla reportagem de capa, ele atesta que o rio está cada vez mais assoreado e sendo soterrado aos poucos, para não dizer morrendo em diversos pontos dos seus 2.863 quilômetros de extensão.

DOC DO SÃO FRANCISCO

O morador da cidade de Malhada, Valdomiro Batista de Jesus, 57 anos, coloca a maior culpa, além da forte estiagem, nos governantes com a construção de represas. “Os afluentes não têm mais água para jogar no rio”. João Martins afirmou que no trecho que separa as cidades de Malhada e Carinhanha, o curso d´água está praticamente interrompido, impedindo a navegação, inclusive de embarcações pequenas.

Na margem esquerda onde fica Carinhanha, o cais é um grande abismo sem qualquer serventia comercial, narra o jornalista, acrescentando que as águas estão tão rasas que se pode atravessar a pé em vários trechos. Os próprios moradores confirmam que nunca viram este quadro, temendo que a situação vá piorar porque a seca só está começando.

A Codevasf  (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) informa que contratou serviços de batimetria (quantificação do material a ser dragado) e monitoramento ambiental visando os trabalhos de dragagem do trecho da hidrovia entre os municípios de Ibotirama e Pilão Arcado. A batimetria vai definir o volume de areia ou cascalho a ser retirado do fundo do rio, de modo a permitir a navegação.

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Se o Rio São Francisco está morrendo devido à ação do homem e da natureza, o interior do seu sertão está cinzento com mostras visíveis de desertificação em vários locais da região sudoeste, principalmente nas cidades de Anagé, Brumado, Caetité e Guanambi. Muita parte das lavouras foi perdida e os rebanhos começam a sentir a escassez de água. A maioria dos municípios já decretou estado de emergência.

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