É cômico para não dizer hilária a maratona dos candidatos em todas as eleições na corrida pelo voto do eleitor. É o mesmo “bandejão” no restaurante popular com aquela gororoba, o mesmo pastel da esquina, o mesmo copo médio do café com leite e pão cacete no bar sujo da praça, a mesma pinga de arromba peito e a mesma buchada gordurenta de sempre!

Em todas as eleições são as mesmas cenas. Eles ou elas abraçam criancinhas ricas e pobres (melhor se for pobre e feia), idosos, doentes e pessoas esquisitas desdentadas que nunca viram na vida. A maioria do eleitor fica contente e sai dizendo que o candidato é gente boa e simples do povo. Já outros mandam sair pra lá.

Quem é ateu passa a acreditar em Deus e a frequentar a Igreja Católica, os templos evangélicos e os terreiros de candomblé. É tanto abraço e apertar de mão que o pretendente ao cargo de presidente, governador, senador ou deputado termina o dia morto de cansado e com uma catinga danada.

 Dizem as más línguas que depois de tudo eles tomam um banho de álcool e se perfumam para desinfetar todo o corpo, mas continuam por um bom tempo com aquele cheiro de eleitor. Tudo faz parte do sacrifício e quem não tem pique e coragem é bom nem tentar.

Conversando dia desses com amigo meu num botequim ele sugeriu que todo candidato, pela proeza que faz durante a campanha e pelos “maus bocados que passa”, deveria ganhar um troféu no final da maratona, mesmo que não fosse eleito. Seria como se fosse um prêmio pela resistência física e mental.

Vocês que ficam aí sentados no sofá xingando o horário de propaganda eleitoral, só esperando o dia de votar para cumprir o dever cívico, pensam que é fácil ter que se entregar de corpo e alma para qualquer eleitor nas ruas ou nas brenhas dos grotões do interior e ainda ser chamado de demagogo!

Acho até que o eleitor é muito preguiçoso, injusto, acomodado e só fica criticando porque não tem coragem de pegar no batente todos os dias e fazer aquele montão de promessas de encher a boca! O pior ainda é o candidato ter que ouvir marqueteiro dando bronca, gritando que ele tem que rezar na cartilha, senão está fora! E passar por uma longa maquiagem para ficar com aparência de novo?

Por isso que protestei lá no bar de que todo mundo fala sem conhecimento de causa do quanto o político sofre para conseguir um voto. Depois de atravessar todas essas vias tortuosas e incansáveis pedaladas nas caminhadas, bem que merece uma recompensa! Depois ainda ficam acusando que os eleitos somem depois das eleições! Também queriam o quê depois de tantos aperreios? Acho até que o eleitor é muito ingrato.

E tem mais: Sabe o que é ter de aturar jornalista atrevido com perguntas indiscretas e ficar bem comportado e educado para não ser logo eliminado do páreo? E ter de aguentar adversários bisbilhotando sua vida, sem contar o intrincado mundo da Justiça, cheio de leis e regras?

E os debates televisivos onde o candidato tem que pensar bem no que fala para não se comprometer? Pois é, ia ficar aqui descrevendo “tim por tim” dos sacrifícios de um candidato numa campanha eleitoral que nem a internet teria espaço suficiente para preencher tudo, sem contar que ninguém ia mais suportar tantas lamúrias. É uma vale de lágrimas!