Dia 4 de outubro a Igreja Católica comemora seu santo protetor dos animais e da natureza que veio a emprestar seu nome ao rio São Francisco, ou o “Velho Chico”, que já foi denominado de integração nacional e corta cinco estados, a maioria de nordestinos. Por muito tempo foi admirado pela sua abundância e fartura, sustentando a vida de milhões de ribeirinhos.

Depois de 516 anos de exploração irracional, sem revitalizar seu leito e repor suas perdas, hoje o “Velho Chico” vive à mingua, e até o São Francisco santo, se indagado, não aceitaria mais que o homem colocasse seu nome ao rio.

O que temos atualmente é fome e lamento com suas margens secas e degradadas. Os peixes sumiram e em sua foz o mar salgado invadiu vastas áreas. De provedor de alimentos, passou a ser flagelo para milhares de famílias. São Francisco está envergonhado com tanta ação predadora!

O cenário é de tristeza e desesperança desde sua nascente em Minas Gerais, na Bahia, em Pernambuco, em Alagoas e Sergipe. O Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco clama para que os órgãos públicos, a iniciativa privada e os usuários cumpram com o Plano de Recursos Hídricos da Bacia.

O plano de recuperação estima recursos da ordem de 35 bilhões de reais, mas o que se tem feito é retirar suas águas com transposições, cujas obras estão abandonadas. A maior parte das transposições se destina a servir grandes projetos de irrigação. Como no Brasil tudo sobra para o pobre, os ribeirinhos perdem suas lavouras e os pescadores não mais puxam peixes em suas redes.

A situação é tão crítica (menores níveis de reserva da sua história) que na cidade de Barra, na Bahia, onde fica a foz do rio Grande (afluente), ao santo padroeiro foi negada sua procissão fluvial por não dispor mais de navegação para embarcações.

O bispo Luiz Flávio Cappio ficou mundialmente conhecido em 2005 e 2007 quando realizou dois grandes jejuns em defesa do rio que está agora mais para riacho. Mas, isso é outra história que pouca gente lembra. Enquanto isso, os políticos ladrões e governantes inescrupulosos saqueiam o país e vendem seu patrimônio às grandes empresas nacionais e estrangeiras.

A Barragem do Sobradinho, construída na década de 70 para gerar energia e regular a vazão das águas, está no volume morto como nunca visto em toda sua história de exploração de mais de 500 anos. A sua vazão defluente de 1.500 metros cúbicos por segundo, passou agora, em outubro, para 550 metros. O armazenamento do lago que em 2016 era de 15,24% passou para 8,69% neste mês de outubro.