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CARTA DE UM CAMPO DE REFUGIADOS

Trabalhadora humanitária do ACNUR conta sua experiência na emergência em Bangladesh

A Coordenadora para Resposta de Emergência do ACNUR, Joung-ah Ghedini-Williams, está em Bangladesh, onde cerca de 620 mil refugiados chegaram após atravessarem a fronteira de Mianmar. Aqui está seu depoimento após passar um dia no campo de refugiados de Kutupalong, em Cox’s Bazar.

COX’S BAZAR, Bangladesh, 27 de novembro de 2017 (ACNUR) – Imagine o horror de tentar sobreviver, tentar alimentar seus filhos e manter algum senso de conforto enquanto você está perdendo seus entes queridos, ou observando sua casa sendo incendiada e reduzida a cinzas. Esta é a realidade de algumas pessoas que conheci aqui em Bangladesh.

Muitas são mulheres, tentando o melhor que podem para seus filhos assustados e angustiados, embora elas próprias estejam lutando para dar algum sentido para tudo que aconteceu nos últimos meses. Ontem uma mãe perdeu sua filha. Ela estava tentando ser forte diante de seus outros filhos, mas todos estavam claramente abalados. Eles já viviam há muito tempo com medo, sem nunca saber quando poderiam ser as próximas vítimas da violência que tirou a vida de tantos dos seus parentes e vizinhos.

Várias mulheres me disseram que testemunharam o sequestro de jovens meninas, e a prisão de pais, filhos e irmãos que nunca mais foram vistos.

Conheci muitas outras no centro de transição do ACNUR, onde os recém-chegados mais vulneráveis podem permanecer por até três dias antes de serem transferidos. Estas são as famílias que necessitam de assistência especial antes de poderem continuar: idosos, pessoas com deficiência, mulheres grávidas, mães om bebês e crianças desnutridas ou doentes. Existem várias famílias que sobreviveram a um horrível acidente de barco. Das 42 pessoas a bordo, quatro foram mortas. Vinte e dois outros ficaram feridos o bastante para precisar de tratamento hospitalar.

Eu também vejo colegas do ACNUR, obstinados e dedicados, que me deixam orgulhosa desta organização na qual continuo acreditando após 20 anos de serviço. As equipes do ACNUR estão na linha de frente, nas fronteiras, nos campos de refugiados e nos centros de transição, desde o início da manhã até tarde da noite.

Conheço colegas que saíram esta manhã às 4:30 para chegar às áreas fronteiriças. Ontem à noite, eu estava no telefone recebendo informações até quase meia-noite.

Estamos fazendo de tudo para alcançar todas as pessoas que precisam de nossa assistência, até mesmo as que estão nos mais distante dos campos e acampamentos onde os veículos não conseguem chegar. Hoje andei por sete quilômetros e subi o equivalente a 16 andares de escadas. Um colega me contou sobre um dia que ele percorreu mais de 18 quilômetros. Ele foi encarregado de identificar famílias vulneráveis e garantir que todos com necessidades específicas acessassem serviços essenciais. Ele entrevistou quase uma centena de famílias naquele dia e voltou com os pés doloridos, mas com um sorriso orgulhoso de seus esforços.

Colegas de vários países e origens – ex-banqueiros, professores, engenheiros de várias religiões e países – estão trabalhando juntos incansavelmente para planejar novos assentamentos para as famílias recém-chegadas. Não importam as condições climáticas, chuva pesada ou sol brutal, eles estão fazendo tudo, desde estradas no centro de trânsito a sessões de terapia para uma dúzia de mulheres Rohingya. Essas mulheres sobreviveram à violência sexual e são fortes o suficiente para compartilhar suas histórias.

Conheci diversas corajosas famílias Rohingya que têm apenas um pouco mais do que as roupas do corpo, o peso de seu trauma, da perda, e as dolorosas lembranças da violência que as forçou a fugir de suas casas.

No entanto, à medida que o sol se põe na recente extensão do campo de Kutupalong, estou cercada pelo som de batidas de martelo, serrotes, conversas e risos animados enquanto as famílias constroem novas casas com bambu, cabos e lonas de plástico que lhes fornecemos.

Eu vejo crianças empinando as pipas que fizeram com sacos de plástico e pedaços de galho, e ficando felizes quando seus brinquedos finalmente se elevavam acima deles. Eu sinto o aroma dos jantares preparados para as famílias compartilharem, usando os kits de cozinha que o ACNUR oferece. Eu sei que pode ser difícil explicar a importância de tais utensílios tão simples em uma zona de emergência, mas sem eles, como as pessoas cozinhariam? Como as pessoas começariam a reconstruir suas vidas?

Quero deixar claro: há ainda muito trabalho a ser feito. As necessidades são enormes. Mas isso simplesmente significa que há muito o que podemos fazer, que há tantas pessoas que podem ser ajudadas.

Os sorrisos que vejo nos rostos das crianças mostram essa simples verdade: todos os esforços e cada doação fazem a diferença. O ACNUR está recebendo doações para ajudar aos refugiados rohingya pelo link: goo.gl/GyvGah.

 

A REFORMA DO FIM DO MUNDO

É um tremendo absurdo que o Centro de Cultural Camilo de Jesus Lima, de Vitória da Conquista, esteja fechado há quatro anos e se deteriorando por causa de uma simples reforma que mais parece o fim do mundo. Durante este período os artistas ficaram sem um espaço adequado para desenvolver e apresentar seus trabalhos, visto que a cidade já é carente em termos de atividades culturais.

Por apresentar riscos em suas instalações, além de equipamentos quebrados, a unidade foi interditada pelo Conselho Regional de Engenharia. A obra que se arrasta é de responsabilidade do Governo do Estado, mas a classe artística, os políticos (Câmara de Vereadores), a mídia e todos os demais segmentos da sociedade têm sua parcela de culpa por esta situação vexatória que vive a cidade.

Por que tanto tempo para realizar uma reforma que, segundo se tem anunciado, importa num custo em torno de 500 mil reais? É uma vergonha para a terceira maior cidade da Bahia com mais de 300 mil habitantes. Isso mostra a falta de mobilização e a pouca importância que se dá para a cultura local, embora muita gente de fora tenha uma falsa impressão de que Conquista tem um alto nível cultural. Já teve em tempos passados.

Cadê os supremos intelectuais que se consideram donos da cultura de Conquista?  Onde está o poder de pressão junto ao Estado? Os deuses da cultura e seus sacerdotes receiam fazer cobranças mais incisivas ao governo com receio de incomodar seus representantes? O que mais se ouve é o barulho do silêncio do amém de todos, principalmente daqueles que se acham donos da história de Conquista.

Para uma grande parte do povo que é inculta, devido às mazelas do nosso sistema político, o fechamento de um centro de cultura não faz nenhuma falta e não tem importância. Para os artistas e as pessoas mais cultas, este é o retrato do total imobilismo e individualismo. Fora algumas vozes isoladas, não há reação e manifestações de repúdio e protestos. É vergonhoso demais!

12ª MOSTRA CINEMA CONQUISTA

Como o Centro de Cultura se encontra fechado há quatro anos, a 12ª Mostra de Cinema de Conquista deste ano teve que ser realizada num espaço da Escola Normal. O evento aconteceu entre os dias 19 e 24 de novembro com programação e participação reduzida. Mesmo assim, o público teve a oportunidade de assistir filmes de longa, média e curta-metragem premiadas no Brasil e em outros países.

Conferências, oficinas, debates, exposições e apresentações também fizeram parte da programação. A Mostra deste ano homenageou o cineasta baiano Tuna Espinheira pelo seu trabalho deixado para a área cinematográfica. Nos seus 44 anos dedicados ao cinema, Tuna direcionou atenção especial à temática baiana.

Numa realização do Instituto Mandacaru de Inclusão Sociocultural, a  iniciativa, organizada por Esmon, contou com apoio cultural e institucional do Canal Brasil, TVE Bahia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Curso de Cinema e Audiovisual da Uesb, Programa Janela Indiscrita e ajuda financeira da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista e do Governo do Estado que está há quatro anos sem concluir a reforma do Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima.

DOS SUMÉRIOS A BABEL (III)

A EPOPEIA DE GUILGAMECH (II)

Para historiadores, arqueólogos e pesquisadores, a lenda passada na antiga Mesopotâmia (maior parte do Iraque), bombardeada na atualidade pela estupidez humana por várias nações, que fala do rei em parte divino e humano Guilgamech (Gilgamés), é uma das mais lindas e ricas da humanidade, mas pouco comentada pela literatura.

Na Mesopotâmia antiga, a história era contada nas estradas durante as caravanas tribais, no trabalho do dia a dia erguendo templos e construções, bebendo nas tabernas e nas casas à noite em rodas de amigos. Então vamos para a segunda parte da epopeia, conforme as inscrições das doze tabuinhas de argila encontradas pelos arqueólogos.

Depois de entrar triunfalmente em Uruk coma a cabeça de Khumbaba, o rei se limpa, veste novas roupas e põe a coroa em sua cabeça. Vendo todo aquele esplendor, a deusa Ichtar se arde de desejo e se oferece para ser sua amante, prometendo riquezas e poder sem limites, mas Gilgamés a recusa.

“Desprezo o teu corpo cheio de fascínio, recuso o teu pão (…); as tuas artes são quentes, mas o teu coração é gelado. Onde está o amante que amarias para sempre? Ao teu jovem amante Tamuzu (Dumuzi), deus da Primavera, só reservaste o pranto, ano após ano; depois, arranjastes um jovem pastor, quebraste-lhe as asas e agora ele vaga em lágrimas pelos bosques (…). Passaste a outro pastor e, com o bastão, fizeste um lobo. Hoje, os outros pastores o ameaçam e seus próprios cães o mordem”.

E assim o rei vai narrando as maldades praticadas pela deusa contra quem ficava com ela e até quem se recusava, como num animal da lama. “Queres meu amor para reservar-me o mesmo tratamento” – respondeu Gilgamés.

Ichtar ficou furiosa e saiu pelos céus a pedir vingança ao deus Anu pelo ultraje de que foi vítima. A deusa pede que ele crie um enorme touro para aterrorizar o rei e, se não for atendida ameaça golpear o deus com terrores e assombros. Para tanto, descerá aos infernos, abrirá todas suas portas, até que todos os demônios e mortos saiam e venham à terra. Anu, então, advertiu que este tipo de vingança acarretaria sete anos de carestia e pergunta se há trigo suficiente nos celeiros, no que a deusa garante que sim.

Sem saída, Anu faz surgir da montanha dos deuses um touro imenso e envia a Uruk onde devasta os campos e arrasta centenas de homens. Gilgamés e seu amigo Enquidu enfrentam ferozmente o touro e enfiam uma espada no seu peito. Os dois se congratulam por terem dado nova glória aos seus nomes, agora que matamos o touro. Depois se prostram perante o deus sol Chamach. Irada, Ichtar lança as piores maldições contra o rei, Seu amigo irmão Enquidu arranca uma coxa do touro e lança ao rosto da deusa. Depois lavam suas armas no Eufrates, festejando a luta e a vitória.

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A CONQUISTA DOS DONOS DA CULTURA

A princípio, já sei, antecipadamente, que não serei apenas criticado, mesmo porque discordar faz parte da natureza humana e do debate democrático aberto a todos. Entretanto, muitos irão soltar impropérios e flechas venenosas com conotações depreciativas contra minha pessoa, do tipo rancoroso, imbecil, provocador e frustrado.

Com minha idade avançada, já não me importo mais com as pedradas. Sou cidadão conquistense vivendo aqui há quase 27 anos. Procurei durante este tempo estudar as origens e a história desta terra, bem como, observar a prepotência vaidosa intelectual de muitos que se consideram donos da cultura e que se portam como deuses intocáveis. Existe muita presunção na cabeça de muita gente.

O resultado disso é que tudo que se faz, ou se estar por fazer aqui em torno da cultura, tem que girar ao redor desses sacerdotes ilustres que comandam os rituais litúrgicos. Sem o aval deles, qualquer expressão ou trabalho artístico não consegue se sobressair e alcançar maior divulgação interna e externa. Para abrir passagem e ser prestigiado tem que pedir a benção deles.

Antes de adentrar na questão concernente ao título de cunho opinativo, permitam-me uma pausa para uma observação. No último dia 21 (terça-feira), na Livraria Nobel, quando do lançamento da obra “A Guerra das Coronelas Sá Lourença e Isabelinha no Sertão da Ressaca – Vitória da Conquista”, do autor José Walter Pires, fiquei sem entender o porquê da secretária da Cultura não ter sido convidada a fazer parte da mesa das celebridades. Foi uma gafe, ou foi coisa proposital, premeditada? Afinal de contas, ela estava ali presente prestigiando um evento da sua pasta, representando toda a cultura do município. Eu só queria entender!

Bem, voltando ao nosso tema provocativo e polêmico, a par de duas universidades, uma estadual e outra federal, de várias faculdades particulares de ensinos presenciais e à distância, a cultura de Vitória da Conquista não tem um projeto consolidado de realizações. Sem verbas próprias e uma diretriz traçada, vivemos de atividades pontuais soltas no espaço. A sensação é que muita coisa acontece sem um calendário programático. O que foi realizado num ano pode deixar de ser no outro.

O setor privado, ainda com sua mentalidade provinciana, dificilmente investe na cultura e no esporte porque acha que não compensa. Quando dá alguma coisa faz como forma de ajuda, esquecendo que o doador também está sendo beneficiado com a divulgação da sua imagem perante o público. Isso acontece, por exemplo, com o futebol da cidade. Quando o time está vencendo aparece alguma ajuda, mas se perde, não tem apoio. O atleta sofre para conseguir um patrocínio e desenvolver seu trabalho.

Com nosso complexo de superioridade (tem muita gente que não se considera nordestino) ainda nos alimentamos da fama de fora de que Vitória da Conquista é uma cidade cultural de alto nível, talvez por conta de um passado efervescente e por nomes como Elomar, Glauber Rocha, Camilo de Jesus Lima (Caetité) e tantos outros, Com todas suas ambiguidades, arrogâncias, pedantismos, prós e contras, cada um com seu grande valor artístico de reconhecimento nacional e internacional, ainda um dia vou me atrever a falar aqui dos titãs da nossa cultura (Elomar e Glauber).

Pela sua grandiosidade, Conquista poderia ter uma atividade cultural intensa, bem mais diversificada e rica, só deixando a dever com a da capital. Não é isso que temos. Não por falta de talentos, mas pela ausência de um plano piloto que contemple a todos, sem as amarras e sem precisar do amém dos donos da cultura.

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DOS SUMÉRIOS A BABEL (II)

A EPOPEIA DE GUILGAMECH (I)

Da poderosa cidade de Uruk nasce a história da Epopeia de Guilgamech (Gilgamés), o poema mais famoso da literatura da Mesopotâmia, descoberto na Biblioteca de Assurbanipal (Nínive), através das tabuinhas de barro pelo arqueólogo Hormuzd Rassam e decifrado por George Smith.  É também uma versão assíria. Os deuses são semitas, mas os lugares da ação são sumérios, com raízes da época de Uruck. A Epopeia foi gravada em doze tabuinhas de argila.

Na Biblioteca de Assurbanipal, por volta de 600 A.C, diz o autor de “Deuses, Túmulos e Sábios”, C.W.Ceram, que a obra literária foi a primeira grande epopeia da humanidade, a lenda do maravilhoso e terrível Gilgamés. Segundo ele, a história, quando foi decifrada, lançava uma luz completamente nova e surpreendente sobre o nosso mais antigo passado.

O escritor lamenta que os autores modernos da literatura não têm dado o devido destaque merecido. Citam algumas linhas e “passam por alto o conteúdo  que é o que nos conduz ao berço da raça humana, ao primeiro antepassado da humanidade”.

De início, a obra estava fragmentada (faltava algo para fechar a história) e, então, George Smith foi atrás do resto nas escavações perto de Mossul (Iraque), justamente a parte que falava do dilúvio, contada por Utnapisti que era o Noé, da Bíblia. Trata-se da história daquele mesmo dilúvio que a Bíblia viria a contar muito mais tarde.

Logo de início, o herói Guilgamech (Gilgamés), dois terços divino e um humano, é apresentado como grande caçador de leões. Uruck tem poderosos muros, um grandioso templo e um palácio branco construídos por Ensi, temido pelos seus súditos. Ele impõe a todos um trabalho sem cessar, e são as mulheres que elevam protestos aos deuses. Anu reconhece que seus lamentos são justos e encarrega a deusa criadora Aruru de formar um indivíduo forte, que não seja um animal do deserto, para distrair Guilgamech.

Aruru toma um pouco de argila, molda-a, cospe em cima e surge um herói do sangue de Ninib, deus da guerra chamado de Enquidu (Enkidu), não muito atraente, de cabelos longos como o trigo que se veste de peles, bebe com as manadas e come grama junto com as gazelas. Logo, torna-se protetor dos animais que arrebenta redes e inutiliza armadilhas dos caçadores. O local torna-se um Parque Nacional.

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A VOLTA DOS INIMIGOS DA NAÇÃO

Os inimigos íntimos da democracia, aqueles que ocupam altos cargos da República, acomunados com os políticos corruptos que violam os princípios éticos públicos e vilipendiam nosso patrimônio, nunca dão trégua, enquanto as massas serviçais bestializadas a tudo assistem caladas, sem indignação, na esperança de dias melhores.

Engana-se, redondamente, quem pensa que estes cabras do mal, muitos dos quais assassinos de milhões de pessoas necessitadas, quando roubam e negam os direitos à educação, à saúde e à ascensão social com segurança, não vão mais retornar nas próximas eleições de 2018.

Todos eles, os mais sujos e enlameados nas maracutaias, os conluiados que fazem parte do grupo do chefe-mor que comanda o massacre contra o povo e torra os bens públicos por preços de banana para sustentar suas mordomias, vão voltar sim, porque sabem que o sistema eleitoral é altamente viciado e sabem muito bem como ir às compras no frágil mercado dos votos.

Engana-se quem acha que os Renans, os Jucas, os Collors, os Jarbas, Nogueiras, Aécios, os Maruns da vida, suas turmas e seus filhotes capachos, os gananciosos pelo poder e os que votaram pela absolvição do mordomo de Drácula, não vão mais voltar no próximo pleito.

A grande maioria dos votantes, infelizmente, ainda é inculta, sem consciência política que se deixa levar por favores e discursos ilusórios, sem contar os seguidores fanáticos do conservadorismo elitista, dos populistas assistencialistas e os lobos travestidos de cordeiros. Além do retorno da corja safada, outros farejam nossa casa como cães ferozes aventureiros e “salvadores da pátria”.

Não se enganem que diante dos discursos raivosos e intermináveis entre militâncias fanáticas de movimentos cunhados de esquerda e direita que têm cada vez mais disseminado ódio e separação, ao invés de união por uma só causa, os inimigos íntimos da democracia que materializam a corrupção bilionária aproveitam para ganhar mais espaço para o retorno através do bombardeamento das investigações da Operação Lava Jato.

Essa patrulha horrível dos imbecis do politicamente correto, o linchamento contra a liberdade de pensar, o discurso radical dos movimentos negros e de outros até religiosos que dividem a sociedade e se fecham em si, dão sim, mais chances de ação para os inimigos da democracia. Na história, os que mais sofrem com a falta de prioridade na educação e programas sociais são todos os pobres em geral, incluindo aí os negros, pardos, brancos, gays e outras minorias.

Os brasileiros estão muito mais preocupados em condenar aqueles que chamam os deficientes visuais e auditivos de cegos e surdos do que com os artífices da corrupção, do fisiologismo, do toma lá, dá cá e dos que estão cortando as poucas conquistas sociais com medidas elitistas e retrógradas. Beira ao absurdo que nesta moral hipócrita, ninguém importa quando os velhos, ou idosos, são xingados de safados e decrépitos nas redes sociais.

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SEM DIVULGAÇÃO NA MÍDIA

É, estamos mesmo vivendo na era das trevas do conhecimento onde prevalece a cultura do lixo e da futilidade. Na música, por exemplo, quanto menos conteúdo, mais multidões histéricas seguem falsos “ídolos” aos sons barulhentos dos rebolados dos bumbuns, e a mídia abre espaços para endeusá-los. Quando morrem viram heróis, mitos e lendas. Todos choram e lamentam como se fossem perdas irreparáveis.

Na semana passada morreu, na Alemanha, aos 81 anos, o intelectual baiano Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, um “ilustre” desconhecido da nossa desfigurada e amarelada juventude brasileira, e até mesmo pouco conhecido no meio cultural. Este “ilustre” chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel de Literatura em 2015 pela União Brasileira de Escritores.

Nos meios de comunicação em geral, li apenas uma pequena nota de registro num jornal da capital, num pé de página. Que lástima! Que tristeza! Fosse um cantor de axé, um pagodeiro ou de arroxa, ai o noticiário daria o maior destaque, com apelos e sentimentalismos baratos, colocando o artista como grande divulgador da nossa cultura.

Estamos mesmo ferrados em tudo, e é por isso que impera o silêncio sepulcral diante dos absurdos que estão acontecendo no país. O povo está sendo roubado e garroteado, e nada acontece. Nunca, em toda a minha vida, vi o meu país tão alienado, intolerante, cheio de ódio e de imbecilidades.

A nota no jornal começa dizendo que a intelectualidade internacional sofreu uma considerável perda com a morte do cientista político, historiador, professor e escritor baiano Moniz Bandeira, autor de obras que são referências na ciência política e na sociologia. Um jovem logo diria se tratar de um jogador da seleção brasileira, ou artista sertanejo.

Dentre os trabalhos destacam-se A Desordem Social (2016), A Segunda Guerra Fria (2013), Formação do Império Americano (2005), Lenin –Vida e Obra (1978) e O Ano Vermelho (1967), este em plena ditadura militar que poucos conhecem, e a maioria dos nossos jovens diz que não acredita que aconteceu os anos de chumbo.

As duas últimas obras foram relançadas no mês passado em função do centenário da Revolução Russa. Por estas e outras é que não gostaria de estar vivendo mais aqui, mas numa loca de um sítio qualquer como um mocó. Não dá para ver tudo isso e ficar calado! Tenha piedade de nós, oh senhor!

É, OU NÃO, UMA DESVALORIZAÇÃO?

“De todos os animais da criação, o homem é o único que bebe sem ter sede, come sem ter fome e fala sem ter nada o que dizer” – John Steinbeck, escritor dos Estados Unidos.

Nos dias atuais em que mais se fala contra a violência, a discriminação, sobre o empoderamento da mulher nos meios de comunicação e até de forma oportunista pelos partidos políticos desacreditados, a cobrança de preços diferentes para homens e mulheres nas baladas é uma forma de desvalorização do sexo feminino?

É uma questão polêmica que carece de reflexão. Essa prática comercial de casas noturnas de espetáculo, como boates, por exemplo, chegou a ser repudiada pelo Ministério da Justiça, em São Paulo, alegando que ela sujeita as mulheres a uma situação de inferioridade, além de usá-las como estratégia de marketing.

A Justiça Federal de São Paulo, no entanto, deu parecer contrário, entendendo que o governo deve intervir o mínimo possível na vida das pessoas, e concluiu que a diferenciação de preços pode aumentar a participação das mulheres no meio social.

Não sejamos hipócritas assim. Acontece que o esquema comercial de muitas casas desse gênero, que não existe somente em São Paulo, visa utilizar a mulher como instrumento e objeto para atrair homens para incrementar o consumo interno em geral.

O juiz que deu parecer favorável à diferenciação de preços disse não ver isso como estratégia de marketing ao ponto de desvalorizar a mulher. Argumenta ainda ser notório que em nossa sociedade a mulher encontra-se em posição desigual em relação ao homem, a exemplo da remuneração salarial e na jornada de trabalho.

Em minha opinião, esta é outra questão a parte a ser tratada, mas o juiz insiste que impedir a diferenciação de preços conduz à ideia de que a mulher não tem capacidade de discernimento para escolher onde quer frequentar e traduz o conceito de que ela não sabe dizer não a eventuais situações de assédio de qualquer homem.

E como pensa o comerciante com a estratégia de diferenciação de preços? Qual seu objetivo quando ele até dispensa a mulher de pagar na entrada de uma balada? No fundo, sabemos que as casas noturnas utilizam do esquema da diferenciação de preços com objetivo comercial, mas fazemos  de conta que não é isso.

Em nota, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (Secretaria Nacional) afirma que “a utilização da mulher como estratégia de marketing é ilegal, vai contra os princípios da dignidade humana e da isonomia. Os valores têm de ser iguais para todos nas relações de consumo”.

DOS SUMÉRIOS A BABEL (I)

A MESOPOTÂMIA – HISTÓRIA, CIVILIZAÇÃO E CULTURA

As versões dão conta de que esses povos vieram das montanhas do Cáucaso, da Índia e de várias partes da Europa, alguns bárbaros como refugiados escorraçados por tribos inimigas, que se espalharam pelas terras da Mesopotâmia entre os rios Tigre e Eufrates (o Crescente Fértil), hoje a Turquia, Iraque, Irã, Líbano, Síria e até na Jordânia e Israel.

Essas tribos se tornaram guerreiras, se destacando depois os Assírios-Babilônios que conquistaram toda região, denominada de Quatro Partes do Mundo, durante quatro milênios Antes de Cristo, batendo nas portas dos reinos de Judá e Israel destruindo tudo que encontravam pela frente, inclusive seus tempos sagrados.

Mas, eles não apenas tiveram reis sanguinários. Foram exímios na técnica da irrigação, cujos métodos até hoje adotamos, abriram canais, construíram grandes cidades e torres, criaram a escrita e deixaram suas histórias em milhares de tabuinhas de barro, sem contar a arte da escultura e da arquitetura.

O autor do livro “Dos Sumérios a Babel”, Federico A. Arborio Mella  diz, em seu prefácio, dedicar a obra para os apaixonados pela história antiga dos grandes reis e generais Sargão II, Teglatfalassar, Assarhaddon, Senaquerib, Assurbanipal, Hammurabi, Ciro, Nabucodonosor e para quem a palavra “Mesopotâmia” evoca a “soberba Nínive” e a “Torre de Babel”.

Apesar da escassez de documentos, aqui o autor faz um belo passeio narrativo sobre a epopeia suméria, a revolução dos acádicos, as venturas e desventuras dos babilônios, dos assírios e de todos os povos que se instalaram nas férteis terras entre o Tigre e o Eufrates.

A Sagrada Escritura que extraiu muitas passagens bíblicas desses antigos povos, inclusive delas fazendo suas próprias versões dos seus patriarcas e profetas, ( Isaias, Jeremias, Ezequiel) fala muito dos caldeus, de Babel, dos Assírios, citando os nomes de Ur, Erek, Acad e outros. O historiador, na época repórter viajante Heródoto, o grego, descreve a Babilônia com precisão.

Como a obra tem como base central as descobertas arqueológicas a partir do século XIX, o escritor oferece, na abertura, uma visão geral sobre os achados das grandes cidades, as inscrições deixadas pelos reis e seus feitos, lendas, deuses e grandes nomes dos estudiosos do assunto.

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4 DE NOVEMBRO: 48 ANOS DO ASSASSINATO DE CARLOS MARIGHELLA

Por Alexandre Aguiar

Ao contrário do que muitos dizem sobre a vida e obra de Marighella, no meu entendimento, penso que a principal contribuição do baiano seja “Considerações sobre a renda da terra!” em 1958, ele cultivou a paz, mas desde a primeira até a última prisão sofrida, por motivos políticos, ele foi obrigado a ir para a clandestinidade e para a luta armada em razão da supressão dos direitos fundamentais, da liberdade e da própria opressão, que na época de Marighella se traduzia e ainda hoje se traduz na chamada violência de Estado no Brasil.

Marighella foi preso a primeira vez pelo interventor Juracy Magalhães, na Bahia, em razão de ter feito uma poesia. Depois foi preso por tentar organizar partidos e movimentos sociais nos anos 30, sendo que a certa altura foi encarcerado e levado para a prisão da Ilha de Fernando de Noronha, onde após anos de cárcere, com o fim da Ditadura do Estado Novo, foi anistiado.

Uma vez candidato a Deputado Federal pela Bahia, foi eleito através do voto popular pelo PCB – antigo partidão, ao lado de Fernando Santana e Jorge Amado, estes três parlamentares baianos foram decisivos no Congresso Nacional, para aprovação do texto da Constituição de 1946, na sequência em 1947, foi mais uma vez suprimido direitos políticos de Marighella com a cassação da legenda do Partido Comunista, tendo os comunistas sido perseguidos e levados à clandestinidade do final da década 40 até um pouco adiante da metade dos anos 1950.

Restaurada a democracia, no Governo João Goulart abrandou-se as distensões contra Marighella, porém com o início da Ditadura Civil-Militar de 1964, salvo engano, em meados de 1965, Marighella foi baleado e preso quando saía de uma sessão de cinema, não recordo se em São Paulo ou no Rio de Janeiro, e adiante, ele escreveu o livro “Por que Resisti a Prisão!”. Marighella sempre era levado preso ou vivia tangido, foi criminalizado por ser poeta e político.

Em 1967 ele discordou da direção burocrática do Partido Comunista e só aí ele foi para Guerrilha, contra os Atos Instrucionais e aí passou a fazer teses e estratégias programáticas de resistência à ditadura civil-militar. Portanto, foi devido à incapacidade da sociedade brasileira e do Estado em conviver com opiniões e posições diferentes pacificamente, que Marighella se rebelou e combateu por meio da Guerrilha Urbana.

Marighella  foi um incompreendido e sem alternativas, sem garantia da liberdade e dos direitos políticos, depois de muito labutar,  resolveu usar a força física e lutar, era Engenheiro Civil e deixou filho!

Marighella fez pelo menos 180 pronunciamentos no Congresso Nacional durante a Constituinte que aprovou a Constituição de 1946 e naquela ocasião, garantiu entre outras conquistas a liberdade de crença e culto religioso, instaurando o respeito às religiões e até ao direito de não ter religião, em todas as suas formas.

Uma curiosidade é que ao longo de sua trajetória Marighella foi à Rússia, então União das Repúblicas Soviéticas, foi à China e também esteve em Cuba. Não concordo com a luta armada como alternativa de um povo, por isso carrego essa divergência final com Marighella, mas tenho pela história dele profundo respeito e penso que o Brasil deve sempre aproveitar o exemplo da trajetória dele para construção da paz, do respeito comum entre nós brasileiros e conciliar as contradições entre ricos e não ricos, para superar as diferenças de oportunidades e garantir a emancipação da gente pelo caminho da conciliação entre trabalhadores e não trabalhadores.

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