De Antônio Novais Torres

Atualmente com os acontecimentos promovidos pelo grupo do Estado Islâmico, temíveis terroristas que estão atuando no Iraque e na Síria, cometendo diversas atrocidades com cruéis consequências para a população desses países, têm motivado muitos jovens de outros países a imitarem os islâmicos barbudos ao deixarem crescer a barba, numa suposta adesão a esses procedimentos islâmicos ou por vaidade estética do indivíduo.

A barba é de origem milenar e, usada em diferentes culturas, é uma expressão do indivíduo. São famosas as barbas ideológicas, filosóficas, boêmias e institucionais.

Na antiguidade, era usada como sinal de status político, social ou religioso. Entre os gregos, o uso da barba era bastante comum, principalmente entre os filósofos. Entretanto, durante a dominação macedônica, essa tradição grega foi severamente proibida pelo rei Alexandre – O Grande.

Ela é usada em diferentes culturas: judeus, como meta de força e firmeza de caráter religioso; adventistas da reforma, uma opinião religiosa; classe sacerdotal do antigo Egito; filósofos gregos e romanos; igreja ortodoxa; senadores gregos romanos e brasileiros, como símbolo do poder político e outros como D. Pedro II, ou ainda por questões de moda e vaidade.

Na civilização Romana, a barba integrava um ritual de passagem de ciclo da vida: todos os rapazes, antes de alcançarem a puberdade, não podiam cortar nenhum fio de cabelo, inclusive da barba. Quando atingiam a transformação da infância para a juventude, raspavam os pelos dos corpos e ofereciam-nos aos deuses. Os senadores usavam-na como símbolo tradicional do poder político.

Na Idade Média, os integrantes da Igreja Ortodoxa usavam-na (ainda usam) para se distinguirem dos católicos. Usam-na também alguns judeus e mulçumanos por questões religiosas.

Conta Pedro Calmon: “Os navegadores tinham barbas, tanto que um deles, D. João de Castro, se saiu de uma dificuldade de dinheiro em Goa dando em penhor uns fios dessas barbas honradas, para os resgatar no vencimento”. A barba, portanto, revelava a importância de quem a possuía. Demonstrava força, orgulho, sinceridade, além de virilidade.

Alguém perguntou ao Barão de Itararé (falso título de nobreza), Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, jornalista e humorista brasileiro, por que deixava a barba crescer, e ele respondeu ao interlocutor: “Não deixo. Elas crescem sozinhas”.

Na atual modernidade, a barba tem sido usada como traço de vaidade masculina, contudo há de se dizer que o uso peluginoso não é sinônimo de civilidade e de higiene. Certas empresas não admitem barbudos – um preconceito do comportamento do Recurso Humano, que vai de encontro à capacidade intelectual do pretendente.

O uso da barba hoje entre os jovens é um motivo de vaidade do visual alternativo que revela a opção das pessoas e os seus valores de escolhas comportamentais do livre arbítrio: fazem o que querem, sem se incomodarem com o pensamento alheio e revelam-se de acordo com o visual que lhes agrada – em São Paulo estão pintando a barba com cores berrantes. É apenas uma questão de modismo, e não de caráter semelhante ao dos radicais islâmicos de brutal atuação, que praticam o terror contra os civis desprotegidos.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, julho de 2015.