Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Sou navegante solitário,

Interior de mim mesmo,

Da terra que me gerou,

Para viver nesse aquário,

Entre o ódio e o amor,

E nem todo mundo

É feliz aqui,

Do ir e do vir,

Nesse açoite

Da canção da noite.

 

A canção da noite,

Me transporta,

Para o vale silvestre,

Ao encontro do mestre.

 

Sou canção da noite,

Das criaturas noturnas,

Fantasma do conhecer,

Que me traz dor e sofrer.

 

Na canção da noite,

Sou fluxo e refluxo,

Morte que se arrasta,

Como ladra macabra,

Que se torna soberana,

Como sua espada tirana.

 

A canção da noite,

É sepulcro dos companheiros,

Que se foram cedo,

Levando nosso enredo.

 

É insondável

O que os olhos não penetram,

E me afogo,

No insaciável,

Da fonte que jorra,

Desejos amantes cantantes.

 

Na canção da noite,

Das estrelas cintilantes,

Vagalumes celestiais,

De luzes vagantes,

Que me indagam o porquê

Da existência do ser.

 

Ao cruzar as montanhas,

A canção da noite,

Me leva em suas entranhas

Para morar em seu luar,

Bem longe desse lugar.