A ausência de representantes da Secretaria de Cultura, Turismo, Esportes e Lazer – Sectel foi criticada pela maioria dos participantes da sessão especial sobre matrizes do forró, proposta pela vereadora Lúcia Rocha, e realizada na Câmara Municipal de Vereadores. Muitos parlamentares não se fizeram presentes ao ato, o que foi também lamentável, tratando-se da importância do assunto para valorização da nossa cultura nordestina.

Essa sessão é promovida todos os anos pela vereadora no mês de junho, dedicado aos santos São João, Santo Antônio e São Pedro, buscando o resgate das festas juninas. Lúcia Rocha destacou a identidade cultural que representa o São João para o povo nordestino. Ela disse ser fundamental preservar e valorizar essas tradições e manter o senso de pertencimento das comunidades.

Segundo Lúcia, as matrizes do forró formam a base desse rico mosaico cultural, cada um trazendo suas características únicas e contribuindo para a pluralidade do forró como um todo. Como todos outros membros da mesa, a parlamentar cobrou mais valorização aos artistas da terra e pontuou sobre a ausência da Sectel.

O jornalista, escritor e ativista cultural do Sarau A Estrada, Jeremias Macário também usou da palavra quando fez duras críticas sobre a descaracterização que vem ocorrendo no forró nos últimos anos com a introdução de artistas e bandas de fora que tocam outros ritmos. Citou a lamentável ausência de prepostos da Secretaria de Cultura e afirmou que estão trocando o Gonzagão pelo Safadão.

Na ocasião, parabenizou a vereadora pela realização anual da sessão matrizes do forró, que envolve muito além da música, passando pela alimentação, moda e linguagem. Apontou que governos e prefeituras trocam forrozeiros e bandas tradicionais por outros ritmos alheios à cultura junina, como no caso específico do Governo do Estado e do município de Vitória da Conquista, especificando as contratações de Safadão e de Amado Batista.

Falou ainda o instrutor de forró Vinícius Gomes que cobrou avanços na valorização do forró e da dança para além do projeto junino, quando o forró ganha maior notoriedade, “A gente dança forró o ano inteiro”. Ele cobrou mais projetos culturais relacionados ao forró e à dança fora do período junino.

O produtor cultural Vadinho Barreto afirmou que os festejos juninos são uma expressão de fé do povo nordestino e profunda manifestação cultural. No Nordeste, em sua avaliação, os festejos são também expressões de devoção a Santo Antônio, São João e São Pedro.

O representante do Grupo de Quadrilha Junina Flor de Panela, Thiago, indagou aos presentes quantas pessoas sabem responder o número de grupos de quadrilhas em Vitória da Conquista. “ É algo difícil de se responder, pois pouco se comenta sobre os grupos de quadrilhas”. Adiantou que, em se tratando da terceira maior cidade da Bahia, Conquista deixa muito a desejar no que se refere ao incentivo aos grupos e movimentos juninos.

Assinalou as dificuldades enfrentadas pelos grupos de quadrilhas no sentido de realizar suas atividades e, como exemplo, citou o seu. Declarou que praticamente não existe apoio do poder público. Relatou que para manter os eventos muitos realizam pedágios em semáforos da cidade para arrecadar recursos.

O vereador Marcus Vinícius (PODE) se declarou apaixonado pelo forró e informou sobre o projeto do Festival de Música que ele pretende implantar em Conquista, com objetivo de promover a valorização da cultura conquistense. O seu colega Augusto Cândido, MDB, criticou a ausência de representantes do poder executivo na sessão e declarou que a Secretaria de Cultura foi convidada. Deveria se fazer presente, respeitando a Câmara e o município”.