Vamos viajar de Anápolis numa rodovia duplicada até Goiânia de Goiás, deixando um pouco para trás a velha Goiás, da poetisa Cora Coralina. Aqui neste estado nasceu a nova capital do Brasil no início dos anos 60 pelo visionário Juscelino Kubistchek. Até hoje existe a polêmica se foi um projeto acertado ou não a transferência do Rio de Janeiro para Brasília.

Bem, em Goiânia, começamos pelo Centro Cultural Oscar Niemeyer, como todos sabem, um arquiteto de nível internacional que não precisa de apresentações. No estacionamento e naquele cenário de concreto, numa árvore, um passarinho de papo amarelo (não sei bem se era um canário) nos recepciona com sua linda cantoria e até pousou para minhas lentes fotográficas. Um sinal de que o dia seria positivo como viajante.

Logo na entrada do imponente prédio aparece a figura de uma concha emborcada ou uma oca, um anfiteatro que nos remete ao Congresso Nacional. Ao lado, um amplo espaço onde todos os anos é erguida a árvore natalina com shows musicais e espetáculos referentes à data.

No edifício que faz parte do conjunto arquitetônico, no primeiro ou segundo andar, quem nos acolhe é uma biblioteca com mais de 20 mil volumes, com uma ala para a categoria infantil e outra para adultos. Tudo bem organizado como manda o figurino.

Duas simpáticas bibliotecárias nos atendem com largos sorrisos para explicar as salas de pesquisas visitadas por estudantes, professores e intelectuais interessados em realizar pesquisas e leituras de variados gêneros literários. Em harmonia, o virtual com o tradicional de papel se complementam com os computadores. Sou mais conservador e prefiro as obras impressas.

Talvez porque chegamos um pouco cedo, o espaço estava vazio, mas logo me chamou a atenção a presença de duas crianças acompanhadas de seus pais. Num país tão carente em termos de leitores, aquilo me deu a sensação de que nada está perdido e não podemos desanimar sobre um futuro melhor para nosso Brasil, se bem que minha idade não permite mais pensar nisso. Vamos levar muito tempo para reconquistar a efervescência do saber e do conhecimento.

Na capital dos sertanejos – estava ávido para conhecer as lojas de chapéus, cintos, camisas, botas e outros acessórios de peças alusivas ao estilo. O que mais me chamou a atenção foram as largas avenidas e ruas de altos prédios, mas todas arborizadas, sem falar nos bosques do Areão e o Parque da Vaca.

Como sou apaixonado por coisas do sertão, sendo um nordestino e catingueiro da gema, com muito orgulho, se fosse um endinheirado ou tivesse ganhado na Mega-Sena, confesso que contrataria uma carreta e levaria uma casa comercial só de itens sertanejos, vaqueiros e boiadeiros.

Senti o cheiro das boiadas e comitivas da antiga novela Pantanal, da Manchete.  Para não ficar de mãos vazias me contentei em comprar um chapéu para completar minha modesta coleção que enriquece nosso Espaço Cultural A Estrada.

Entre as capitais que já conheci e conheço nesse país continental de tantas diversidades culturais, incluindo a velha Salvador onde morei por mais de 20 anos, o que mais me impressionou foi a limpeza e o planejamento (não vi moradores de ruas e nem favelas nas periferias).

Nos bares, restaurantes e locais por onde passamos (Vandilza, meu Filho Caio, sua esposa Larissa e meu fofo neto Samuel de três anos), senti a hospitalidade e cordialidade das pessoas, não que não exista isso em outras cidades. Tirei uns dedos de prosa com um garçom baterista de uma banda.

Vamos seguir nossa trajetória “épica” no próximo “diário” descrevendo a cultura, o patrimônio histórico, as paisagens de morros, as aratacas da Velha Goiás, terra da famosa poetisa Cora Coralina e que sofreu fortes enchentes há pouco tempo, tornando-se notícia nacional. Temos muitas coisas e surpresas para contar. Nos aguarde.