Um poema de Jeremias Macário ao seu neto Samuel

O bíblico ungiu Saul e David,

Em nome de Deus viu o futuro,

Dissipou a fumaça no ar escuro,

Entre chamas ardendo os biomas,

E nesse meio veio o nosso Samuel,

De olhar ungido da árvore saído,

No céu primaveril do brotar florir.

 

Que seja vento anunciador da chuva,

Para molhar a mãe terra e dar o fruto;

Que seja infinito na finitude desse ser,

Para com o saber transformar o bruto;

Que seja sempre criança temperança,

Para curar qualquer ferida do tempo,

E fazer a sua hora antes do amanhecer.

 

Do índio caboclo de sangue mestiço,

Mouro ibérico desse nosso Brasil,

Do ventre saiu o Samuel desafio,

De uma era incerta que lhe espera,

Para navegar na corrente correta,

Como guerreiro que vem, vê e vence,

A peleja estradeira do eterno existir.