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:: 13/out/2020 . 1:47

UM MENINO PRODÍGIO QUE DEIXOU SUA MENSAGEM DE CONHECIMENTO

Uma criança que com sua genialidade de dez anos de vida discutiu ideias importantes e deixou sua mensagem de conteúdo cultural em várias esferas do conhecimento no campo da filosofia, da literatura, do social, da poesia, da música e outros temas da nossa história. Foi, por assim dizer, um gênio que nos deixou muitas lições para a evolução do ser humano que não deve parar de crescer no tempo.

Estou me referindo ao “Sarau Cultural A Estrada” que, depois de dez anos, está partindo porque ele sentiu um esvaziamento de seus participantes que foram deixando aos poucos de atender ao seu chamamento em troca de outros compromissos, ou mesmo pelo desinteresse pelo nosso maior bem da alma que é a cultura. Ele estava se sentindo como uma entidade esvaziada, de segundo ou terceiro plano, mas parte feliz por ter cumprido sua missão.

PERSONAGEM PRÓPRIA

Quero aqui deixar bem claro para todos que o “Sarau A Estrada”, ao longo desses dez anos, adquiriu por si mesmo, sua própria personagem quando todos contribuíram para isso. Com o passar do tempo, ele deixou de ter dono, porque as pessoas, artistas, intelectuais, professores, interessados e até jovens deram-lhe vida com suas canções populares e autorais, com seus poemas, causos e a troca de conhecimento através dos papos descontraídos.

Houve divergência, discussões acaloradas e acirradas, momentos de dificuldades, mas tudo é normal como numa família onde logo depois todos se acertam e se abraçam. No entanto, nos últimos encontros, antes mesmo da pandemia, se constatou um esvaziamento e falta de interesse, com as ausências e não muito apegamento aos assuntos em abordagem.

No último dia 10 (sábado), o Espaço Cultural foi preparado com carinho para receber os amigos do Sarau, mas, lamentavelmente, poucos compareceram ao evento. Em nome dele, agradecemos aqui as presenças de Baducha, Céu, Aline, Jhesus, Rose e João que prestaram suas homenagens. Muitos alegaram compromissos e outros simplesmente não apareceram.

Quando passei minha mensagem neste domingo (dia 11) sobre sua despedida, ouvi muitas respostas, colocando a Covid-19 como pivô desse esfriamento e desistência, mas, mesmo respeitando as opiniões, discordo porque todos estão saindo, com os devidos cuidados e protocolo, para seus afazeres e até outros eventos de festividades, como aniversários e casamentos.

POUCA CULTURA

A questão é outra, talvez porque as pessoas hoje, de uns tempos para cá, (nem todas) resolveram se afastar da cultura e não colocar mais ela como sua fonte de evolução. Como disse nosso amigo e companheiro Dorinho, poucos ainda a tratam como aliada e preferem mais o outro lado divertido e superficial.

Infelizmente, estamos numa época de trevas onde muitos estão queimando livros de autores consagrados porque eles criticam a linha política atual conservadora do governo. Preferem o ódio e a intolerância, colocando na fogueira o saber e o conhecimento, como acontecia na Idade Média.

A tendência e o correto de todo ser humano é a evolução, com mudanças de pensamento e conceitos – sem abandonar, é claro, os princípios e o caráter – mas muitos pararam no tempo e regrediram, como do jacaré para a lagartixa. Não estou aqui me referindo a preferência político-partidária de lado “A” ou “B”.

Não quero entrar nesse campo perigoso de discussão, mas acho que não foi a pandemia que fez o menino Sarau encerrar aqui sua missão. Está partindo com seu semblante de felicidade porque valeu a pena ter deixado sua marca na história, com reuniões proveitosas, realização de um CD, shows e até de um vídeo curta-metragem quando ele esteve vivendo em confinamento de quarentena. Ele se vai, mas ficam para sempre as gratas amizades que nunca mais serão desfeitas.

Não vou aqui citar o nome de todos porque a lista é extensa e poderia pecar por omissão, mas, como já disse o poeta, “o amor é eterno enquanto dura”, ou até preferindo o outro cancioneiro, “tente outra vez”. Esse menino sabe o quanto se dedicou e se esforçou para prolongar sua existência, mas sempre tem o momento certo de se sair de cena.

Ele espera que todos continuem na trincheira da resistência fazendo cultura, para impedir que ela seja tão maltratada e pisoteada como na época atual.  O maior trunfo é que ficou sua mensagem de conhecimento nos tantos debates que nos proporcionou com alegres noites de canções, poesias, causos e histórias de vida.

Vai-se o Sarau, mas o nosso Espaço Cultural continua aberto para receber a todos que amam a cultura, para um dedo de prosa, a troca de conhecimento e até a realização de projetos que poderão contribuir para o nosso progresso. Será um prazer abrir essas as portas para os amigos que aqui deixaram suas ideias durante esse tempo de convivência saudável onde todos ensinaram alguma coisa e também saíram aprendendo.





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