“Fui vítima de uma sórdida armadilha”, “estou tranquilo e vou provar minha inocência no tempo certo”, “é intriga da oposição política que quer me ver fora da competição”, “não cometi nenhum ato de corrupção”, “estou sendo condenado injustamente”, “estão cometendo um atentado contra a democracia”, “nego todas as acusações”, “foi uma decisão puramente política” e por aí vai a lengalenga dos caras de paus que desmentem roubos, falcatruas e armações contra o povo.

Nem é preciso falar de quem estou falando, pois todos já sabem quem são os exímios atores que aparecem dia e noite na mídia, principalmente nas emissoras de televisão, através de notas de seus advogados coniventes ou até mesmo com suas caras lavadas como se nada tivesse acontecido. Todos podem ser contratados, sem testes, para atuar em novelas e filmes estrangeiros  nos papéis de “mocinhos inocentes”, embora não passem de vilões.

É um tremendo elenco de primeira linha que bota no chinelo qualquer ator ou atriz gabaritado, que não vou aqui listar porque são muitos e estaria cometendo injustiça! Nesse cenário entre réus e a Justiça, os papéis se invertem. Todos eles (os políticos safados) são os inocentes e o Ministério Público, a Polícia Federal, a força tarefa da Lava Jato e os juízes que sentenciam mentem vergonhosamente. Tudo é uma ficção armada e fruto de uma imaginação diabólica.

Nesse grupo espetacular de primeira grandeza, cada um procura fazer sua atuação melhor que o outro para receber os aplausos da plateia eleitoral ignara. Nesta semana foi a vez do Aécio Neves (Maluf e Cabral são os mestres) que apareceu com cara de pobre coitado injustiçado, merecedor de pena, dizendo ter sido vítima de uma armadilha do empréstimo de dois milhões de reais, que não lesou ninguém e que é inocente.

Do outro lado surgem os ministros Gilmar Mendes, Lewandowski e Dias Toffoli comandando a Segunda Turma (agora temos até divisões na corte Suprema, além dos coxinhas e mortadelas) para libertar os “atores inocentes”, lobos em peles de cordeiros, e dizer que existem almas tenebrosas contra eles. Nunca o mercado do habeas corpus esteve tanto em evidência.

E o povo como fica? Ah, fica com seu papel ridículo de submissão, berrando como ovelha e ouvindo toda prosopopeia dessa tragédia grega. Sua função é pagar calado os aumentos de combustíveis nos postos de gasolina e a conta de energia cheia de penduricalhos de taxas e tarifas. Como se não bastasse, também ser  escravo de uma reforma trabalhista do mordomo de Drácula, ao ponto de uma escola particular de Conquista oferecer um “salário” de 500 reais ao mês para um professor com pós-graduação de terceiro nível. E tem muita gente graduada aceitando.

Estamos mesmo na lama infernal, na miséria ética e moral, e na pior degradação de todos os tempos. No Brasil sempre existe mais um fundo do poço, e ninguém sabe até onde ele vai dar. Com uma maioria inculta e ignorante, não são as eleições que vão mudar os atores dessa política, agora protegidos por uma turma do Supremo. Ilusão quem acredita nisso.