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:: 25/abr/2018 . 0:18

MAIS UMA CASO PARA O ARQUIVO MORTO

Confesso que se fosse com um filho meu ou parente mais próximo, não queria, nem aceitava conversa de reunião com comando da polícia, nem com políticos que aproveitam o momento para fazerem média. Todo mundo está “careca” de saber que no final tudo cai no esquecimento através da lentidão da justiça. Depois de um mês, quem importa mais?

Estou me referindo ao caso do artista plástico Manoel Arnaldo dos Santos Filho, de 61 anos, o “Nadinho”, morto no sábado, em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, por policiais militares que deram a versão de que a vítima reagiu com uma arma calibre 32 e atirou duas vezes contra eles. O artista foi baleado duas vezes.

Mais uma trapalhada e despreparo deles, seguidos de “explicações” e incriminações descabidas porque sabem que tudo termina em impunidade. Como tantos outros, vai ser mais um caso que vai para o arquivo morto. Depois chamam a família para apaziguar os ânimos e prometer “severa investigação nas apurações”.

São vários os exemplos com o mesmo “modus operandi” da polícia que causa revolta, e é por isso que digo que não queria papo com ninguém se acontecesse com um familiar meu. Nunca acredito nisso de polícia (Corregedoria) investigar polícia, quando deveria ser da alçada da justiça comum. Cadê o Ministério Público?

Para ficar num exemplo bem mais próximo de nós, alguém aí se lembra do caso do menino Maicon, há cerca de cinco anos, num bairro da periferia de Vitória da Conquista? A polícia foi atender a um chamado de desordem no local e entrou atirando pra todos os lados. A criança foi atingida e morreu.

A sociedade foi a primeira a ficar em silêncio porque se tratava de gente pobre e humilde. Disseram no início que os policiais estavam sendo investigados. Hoje, ninguém fala mais do assunto, e os culpados continuam atuando. O caso virou arquivo morto. O brasileiro precisa se rebelar e se indignar contra esta farsa.

A polícia continua agindo com agressividade porque é despreparada e mal treinada, mas as autoridades e o próprio comando não querem nem ouvir falar de reestruturação da corporação, até mesmo de sua extinção, com a criação de uma nova instituição de segurança, adaptada aos tempos modernos e com uma nova filosofia de trabalho, sendo bem instruída e bem paga.

Sempre dizem que o assunto é muito polêmico e complicado. Tudo fica no mesmo, se arrastando, e muita gente sendo morta por imperícia. Aí, os culpados quando matam, inventam coisas das suas vítimas para tentar reparar os erros. Tempos depois voltam a trabalhar nas ruas.

Quando acontecem mortes violentas de inocentes, como do artista de Candeias, a mídia entra para fazer seu estardalhaço midiático sensacionalista e, pouco tempo depois, nem comenta mais sobre a questão. A polícia chama a família para uma reunião, e os políticos, que não são nada bestas, também entram na jogada.

Depois tudo permanece como dantes e logo aparece outro caso semelhante. Tudo volta a se repetir porque o sistema segue arcaico, arbitrário, corporativista e truculento, que só se importa com hierarquias. Como a sociedade se fecha em conluio e prefere ficar em silêncio, a grande maioria das mortes entra para o arquivo morto.

 

 

 





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