:: 24/out/2017 . 11:10
SÃO MESTRES NA ARTE DE TRIPUDIAR
Até pouco tempo os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, eram os benfeitores mocinhos, gênios administrativos que engrandeciam o país com a expansão de suas empresas até no exterior, e eles faziam filas em grupos e iam lá pegar um dinheirinho das propinas. Todos bajulavam os caras e beijavam suas mãos em festas e eventos políticos e sociais. Todos elogiavam os empresários como deuses na arte de multiplicar.
Depois que foram delatados, indiciados e até se tornaram réus, os mocinhos viraram bandidos, marginais, traidores e criminosos da nação que saquearam os cofres dos bancos públicos, como do BNDES e da Caixa Econômica Federal. De uma hora para outra, os vilões se transformaram em coitados inocentes, vítimas de ardilosas armadilhas dos irmãos facínoras.
São mestres na arte de tripudiar com a cara dos brasileiros, com a opinião pública, sabendo eles que a grande maioria inculta e analfabeta engole suas versões safadas de cafajestes, sem contar os fanáticos seguidores que ficam cegos diante de tão triste realidade. Preferem se passar por burros e a enganar a si mesmos.
Vocês sabem muito bem de quem estou falando, e não são poucos os políticos que foram lá extorquir e cobrar sua parte no quinhão, muitas vezes até com ameaças. Um saiu de lá, o Rocha Loures, com uma mala cheia de 500 mil reais para levar para seu chefe-mor, como um rato calunga correndo pelos cantos de um restaurante.
As imagens são chocantes e impressionantes, como as malas de 51milhões de reais encontradas num apartamento de Salvador, guardadas pelo ex-deputado Gedel Vieira Lima. Quanto ao senador Aécio Neves, as imagens mostram seu secretário Fred (se delatar morre) recolhendo a dinheirama de dois milhões de reais.
Descoberta e divulgada a maracutaia, a propina vira empréstimo na versão simplista do senador. Então, com a maior cara de pau, ele se diz vítima de armação e chama os irmãos de bandidos e criminosos que passaram anos e anos roubando o Brasil. Ora, se eles eram marginais, como um senador da República se presta a pedir-lhes um empréstimo de dois milhões de reais? Ele não estaria, neste caso, se conluiando com bandidos e maculando sua reputação de representante do povo?
Além do mais, eu não sabia que os empresários da JBS eram banqueiros ou agiotas. Não foi somente o Aécio, o mordomo de Drácula que recebeu o Joesley na calada da noite no palácio construído pelo povo, também, depois de denunciado duas vezes por formação de quadrilha, corrupção passiva e obstrução da Justiça, chamou os irmãos de bandidos e criminosos.
Até quando eles vão tripudiar e ficar impunes? Até quando vão continuar abusando da nossa paciência? O Senado, que há muito tempo não deveria mais existir, passa o aval e assina o recibo das falcatruas do seu sócio filiado. O mais decepcionante é que as eleições não vão mudar este quadro horroroso e macabro. Até quando vamos suportar?
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