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:: 5/out/2017 . 23:38

“UMA FRUSTRAÇÃO CHAMADA BRASIL”

“A palavra progresso não terá qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes” – Albert Einstein

“O único homem que não erra é aquele que nunca fez nada” – Franklin Delano Roosevelt

Com relação ao título acima, veja desabafo de uma jovem baiana, publicado no “Espaço do Leitor” do jornal A Tarde, na edição do último dia 4 de setembro, dia de São Francisco de Assis que deu nome ao “Velho Chico”, rio que está virando um riacho pelas mãos dos homens:

“Com toda a correria com o recadastramento biométrico para as eleições de 2018, não consigo afastar a frustração de enfrentar uma fila enorme a troco de nada. Sinto-me desiludida com relação ao meu país e sei que não estou só. Por todo canto vejo amigos e familiares se desempregando ou resistindo a empregos abusivos em troca de migalhas. Vejo meu pai e meu tio aposentados contando cada centavo para sobreviver depois de anos de trabalho duro e honesto. Além dos meus amigos de infância se perdendo no mundo do crime para conseguir dinheiro. Tenho 21 anos, estou tão jovem e tão cansada… Não sei em quem votarei ano que vem. Parece que nenhum político me inspira confiança e não me sinto representada por ninguém”.

É o retrato do Brasil de hoje. Aqui ela fala da roubalheira dos políticos e do abuso dos poderes públicos em convocar um recadastramento inútil, sem estrutura para atender com dignidade o eleitor. Está incluso aqui também sua revolta contra uma reforma trabalhista escravista e a desigualdade social, no caso a relação entre as pensões dos marajás e do cidadão honesto. Ela se diz cansada, apesar de jovem. Eu também me sinto, não por causa da idade diferenciada.

BARRAS DE OURO E:

“O melhor lugar do mundo”, para roubar.

Ontem mesmo (dia 5/10), a mídia noticiou mais a prisão de um safado envolvido em saques ilícitos contra os cofres públicos, sujando mais ainda a imagem do Brasil no exterior. Como se orgulhar? Mais uma peça para a coleção de frustrações e decepções, como bem relatou a jovem em seu desabafo.

Trata-se do imperador do Comitê Olímpico Brasileiro – COB, Carlos Arthur Nuzman que há mais de 20 anos comanda a entidade com mão de ferro, intimidando pobres atletas que fizessem qualquer contestação contra sua gestão. Junto com uma corja de ladrões, comprou votos para que o Rio de Janeiro fosse escolhido como sede das Olimpíadas em 2016. Que vergonha de ser brasileiro!

Como fruto das suas corrupções, descobriu-se que o vitalício do COB tinha barras de ouro não declaradas ao fisco, depositadas na Suíça. Tinha mais ouro que todas as medalhas juntas entregues aos campeões. Com um discurso ufanista e fascista na abertura das Olimpíadas, no Rio de Janeiro, disse que “aqui é o melhor lugar do mundo”. Faltou o canalha acrescentar: Para roubar.

,DE FARTURA À VÍTIMA DA DEGRADAÇÃO

Dia 4 de outubro a Igreja Católica comemora seu santo protetor dos animais e da natureza que veio a emprestar seu nome ao rio São Francisco, ou o “Velho Chico”, que já foi denominado de integração nacional e corta cinco estados, a maioria de nordestinos. Por muito tempo foi admirado pela sua abundância e fartura, sustentando a vida de milhões de ribeirinhos.

Depois de 516 anos de exploração irracional, sem revitalizar seu leito e repor suas perdas, hoje o “Velho Chico” vive à mingua, e até o São Francisco santo, se indagado, não aceitaria mais que o homem colocasse seu nome ao rio.

O que temos atualmente é fome e lamento com suas margens secas e degradadas. Os peixes sumiram e em sua foz o mar salgado invadiu vastas áreas. De provedor de alimentos, passou a ser flagelo para milhares de famílias. São Francisco está envergonhado com tanta ação predadora!

O cenário é de tristeza e desesperança desde sua nascente em Minas Gerais, na Bahia, em Pernambuco, em Alagoas e Sergipe. O Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco clama para que os órgãos públicos, a iniciativa privada e os usuários cumpram com o Plano de Recursos Hídricos da Bacia.

O plano de recuperação estima recursos da ordem de 35 bilhões de reais, mas o que se tem feito é retirar suas águas com transposições, cujas obras estão abandonadas. A maior parte das transposições se destina a servir grandes projetos de irrigação. Como no Brasil tudo sobra para o pobre, os ribeirinhos perdem suas lavouras e os pescadores não mais puxam peixes em suas redes.

A situação é tão crítica (menores níveis de reserva da sua história) que na cidade de Barra, na Bahia, onde fica a foz do rio Grande (afluente), ao santo padroeiro foi negada sua procissão fluvial por não dispor mais de navegação para embarcações.

O bispo Luiz Flávio Cappio ficou mundialmente conhecido em 2005 e 2007 quando realizou dois grandes jejuns em defesa do rio que está agora mais para riacho. Mas, isso é outra história que pouca gente lembra. Enquanto isso, os políticos ladrões e governantes inescrupulosos saqueiam o país e vendem seu patrimônio às grandes empresas nacionais e estrangeiras.

A Barragem do Sobradinho, construída na década de 70 para gerar energia e regular a vazão das águas, está no volume morto como nunca visto em toda sua história de exploração de mais de 500 anos. A sua vazão defluente de 1.500 metros cúbicos por segundo, passou agora, em outubro, para 550 metros. O armazenamento do lago que em 2016 era de 15,24% passou para 8,69% neste mês de outubro.





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