:: out/2015
SABEDORIA POPULAR
Os de idade mais avançada ainda lembram e sempre estão citando ditados populares extraídos dos avós e bisavós que, por sua vez, ouviram de seus antepassados e foram passando de geração em geração. Muitas dessas expressões se perderam com a evolução do tempo. Umas são vistas como politicamente incorretas, mas no geral são bem conhecidas e sempre foram consideradas como sabedoria popular dos mais antigos. Basta uma história, ou um causo, aí vem o ditado.
Quando era menino ouvia meus pais dizerem que “Deus ajuda quem cedo madruga”, ou ainda: “Quem com os porcos se mistura, farelos come” e “Boa romaria faz quem em casa fica em paz”. Nos dias de hoje de muita violência, esta é muito boa. Essa cultura popular de muitos séculos não vai morrer nunca. Vejamos alguns ditados dessa sabedoria popular, ou filosofia popular, muitos dos quais são utilizados em carrocerias de caminhões:
“Briga de marido e mulher não se mete a colher”, mas hoje se recomenda que se meta mesmo.
“Touro no terreno alheio é vaca”.
“Em terra de cego quem tem olho é rei”.
“Amor é como pirulito, começa doce e acaba no palito”.
“Boca fechada não entra mosca”.
“Falar é fácil, fazer é difícil”.
“Tamanho não é documento”.
“Cão que late, não morde”.
“A melhor resposta é aquela que não se dá”.
“Depois da tempestade vem a bonança”.
“Quem não sabe rezar, xinga a Deus”.
“Pão comido não é lembrado”.
“Uma mão lava a outra”.
“Periquito que fala muito caga no ninho”.
“O pau que nasce torto, morre torto”.
“Antes tarde do que nunca”.
“A esperança é a última que morre”. Esta o brasileiro sempre está na espera.
“Quanto mais alto, maior o tombo”.
“Quem dá aos pobres, empresta a Deus”.
“Quem muito dá, acaba pedindo”.
“Quem dá o que tem, a pedir vem”.
“Quem empresta, não presta”.
“Apanhe quantas mulheres quiser, mas mantenha à sua direita”.
No caos econômico e político dos dias de hoje na vida do país, “o toma lá, dá cá” do troca-troca é o mais usual, praticado com o maior cinismo entre corruptos e detentores do poder. O exemplo maior de descaramento é o Congresso Nacional que está afundando o Brasil. Depois temos mais ditados populares.
BRASIL!
Antônio Novais Torres
Pau-brasil,
Prosperidade Nacional.
Café que já foi Rei,
Prosperidade Nacional.
Algodão chamado de ouro branco,
Prosperidade Nacional.
Cacau na Bahia,
Prosperidade Nacional.
Petróleo “O Petróleo é Nosso”,
Prosperidade Nacional.
Cana-de-açúcar
Prosperidade Nacional
Açúcar,
Prosperidade Nacional
Cachaça;
Prosperidade Nacional.
Rapadura,
Prosperidade Nacional.
Mel de Abelha,
Prosperidade Nacional.
Frutas diversas,
Prosperidade Nacional.
Soja e milho,
Prosperidade Nacional.
Vinhos diversos,
Prosperidade Nacional.
Minérios diversos,
Prosperidade Nacional.
Pedras preciosas,
Prosperidade Nacional.
Pedras de uso industrial,
Prosperidade Nacional.
Plantas medicinais,
Prosperidade Nacional.
Carnes bovina, suína e de aves,
Prosperidade Nacional.
Além de tudo isso e mais, temos os produtos manufaturados. O Brasil é um país que produz uma variedade infinita de produtos, fato que se deve levar em conta, pois gera prosperidade nacional e contribui para o fortalecimento da economia do país. Infelizmente, o povo não usufrui essa riqueza. Segundo Adelmar Marques Marinho, “O Brasil é rico, mas o seu povo continua pobre, sem educação, sem saúde, sem trabalho e sem segurança”.
Essa é a verdadeira incoerência.
Antonio Novais Torres
Brumado, julho de 2015
COMO PREVENIR?
Com o sistema de saúde em estado terminal, com gente morrendo nos corredores dos hospitais, é enganosa, mentirosa e demagógica a orientação de especialistas do setor para que as pessoas façam exames de prevenção antes que a doença se alastre pelo corpo, como no caso do câncer e outros males que mais matam no país.
Agora mesmo um médico do Hospital de São Paulo se revoltou e denunciou que faltam materiais para fazer correções simples de retina nos olhos e que muitos correm o risco de ficarem cegas porque a unidade não dispõe de recursos para bancar os procedimentos. Se os casos de pequena e média complexidade estão assim, imagina os de grande complexidade!
Li dia desses o artigo de um neurologista onde recomenda dieta saudável, exercícios físicos e tratamento de hipertensão arterial como medidas principais de prevenção do AVC -Acidente Vascular Cerebral e ainda que o paciente seja atendido imediatamente através de uma chamada ao Samu por ambulância com profissionais treinados ou serviço móvel de emergência privado. Em sua avaliação médica, pacientes com AVC devem ser atendidos em centros especiais nos hospitais, denominados de “Unidades de AVC”.
Em se tratando de Brasil, nem é mais preciso fazer outros comentários. Tudo não passa de falsa propaganda. Estamos cheios de “previna-se” sem oferecer a estrutura adequada. Se depender do Samu a morte é praticamente certa, ou o paciente fica com sequelas. Por sua vez, nunca soube que existam Unidades de AVC em hospitais públicos. Será que cada brasileiro tem um médico particular e eu não sei? :: LEIA MAIS »
FIM DOS TEMPOS
Antônio Novais Torres
A cidade vive traumatizada com tantos crimes praticados por elementos do mal. Eles também estão agindo na zona rural com tamanha crueldade que deixam a população apavorada e com indignação pelos atos perpetrados. As pessoas são agredidas, roubadas, furtadas, assassinadas vulgarmente com sadismo, pela ousadia dos marginais. Infundem nelas o medo e o terror. O crime hoje está tão banalizado que até mesmo pessoas que deveriam garantir a segurança e primar pela honradez debandam para o lado da delinquência em proveito pessoal.
O crime ocorrido na zona rural, precisamente na Fazenda Riachão, divisa entre os municípios de Aracatu e Brumado, pelo ato cruel e bestial contra dois lavradores idosos, repugna e indigna a todos. Os elementos que praticaram essa atrocidade precisam responder criminalmente pelos seus atos de crueldade, impiedosamente perpetrados, que chocaram a população. Que dê a César o que é de César. Que se punam rigorosamente esses malfeitores, delinquentes, assassinos pelas sevícias e pelos crimes praticados contra pessoas idosas, indefesas que não merecem tamanha brutalidade.
Esses fatos tomam proporções assustadoras, os bandidos não respeitam mais a polícia nem a justiça, arrostam-nas sem nenhum acanhamento. Talvez pela impunidade e pela falta de reprimenda exemplar, agem cinicamente, seviciando e matando as pessoas como tem ocorrido.
AS CRIANÇAS DE MONTE SANTO
Poucos lembram, mas por volta de 2011/12, a cidade de Monte Santo, na Bahia, foi alvo de repercussão nacional na mídia envolvendo um juiz e famílias de São Paulo que adotaram cinco crianças pobres filhos de Silvana Mota da Silva. Casais foram acusados de tráfico e de aliciarem pais a doarem seus filhos com a conivência de um magistrado.
Foi o bastante para a imprensa cair de pau, enveredada pelas trapalhadas do judiciário (caso Escola de Base-SP). No caso específico, basta haver uma adoção para os veículos de comunicação começarem a enxergar crime em tudo, sem investigar mais a fundo o processo. De acusados de maus-tratos, a mãe e o pai das crianças foram tratados como coitadinhos inocentes como se seus filhos tivessem sido arrancados à força do seu lar.
Passados três ou quatro anos as coisas começam a se esclarecer. Duas das cinco crianças vítimas de suposto tráfico de pessoas foram devolvidas à família adotiva pela própria mãe biológica Silvana Silva que, na época, foi induzida e influenciada por uma ONG para denunciar a decisão do juiz. Fizeram um teatro com Silvana indo para Indaiatuba (São Paulo) toda arrumada para buscar os filhos.
O CIRURGIÃO E O MATUTO
Antônio Novais Torres
Deslocando-se do povoado para a sua fazenda o médico-cirurgião dirigia um Jeep que lhe servia de apoio para essa finalidade e vencer as estradas vicinais esburacadas, por ser um veículo mais ágil, de tração nas quatro rodas, um carro rústico para todo o serviço. A expressão “pau para toda obra” ao veículo se encaixava perfeitamente na necessidade do doutor.
Conversava com um amigo trocando amenidades quando o veículo caiu num buraco e o motor apagou. Estavam num ermo sem nenhum recurso que pudessem se valer para resolver o problema. Ambos não tinham conhecimento de mecânica.
O médico abriu o capô do jeep, olhou atentamente, tentou alguma investida, mas não conseguiu nada, pois era inabilitado nesse particular. Resignado disse: “Se fosse barriga de gente eu o colocaria para funcionar e tudo estaria resolvido”.
Ocorre que um matuto que passava ao longe foi chamado pelo acompanhante aos gritos, pedindo socorro. Então o cirurgião alfinetou: “Nós, citadinos e instruídos, não entendemos nada de mecânica, imagine um capiau e, provavelmente, analfabeto, não vai entender patavina”.
ANTÔNIO PEDREIRA PITHON
Carlos González – jornalista
No momento em que o país assiste, na política, na administração pública e nos esportes, particularmente no futebol, a uma crise dos chamados “homens de bem”, junto-me aos que lamentam o desaparecimento de Antônio Pedreira Pithon, aos 74 anos, vítima de “falência múltipla dos órgãos”, na terminologia médica. Para quem o conhecia de perto, seus familiares e amigos, Pithon foi abatido, física e moralmente, por uma quadrilha que implantou no clube, há cerca de três década, um regime ditatorial, fundamentado no terror e na corrupção. A volta da democracia, com a eleição direta de Fernando Schimidt, pelo voto dos sócios, em 2013, não resgatou totalmente o orgulho do torcedor tricolor, haja vista que o seu time luta hoje para voltar à divisão de elite do futebol nacional, onde foi colocado por esse desportista que hoje lastimamos a sua morte.
Conheci Pithon no começo dos anos 70 quando ele assumiu a Diretoria Social do Bahia, a convite do presidente juiz Pedro Pascásio de Oliveira. A campanha “Sou Bahia, estou em dia”, com a finalidade de fazer do torcedor um associado, foi um dos projetos vitoriosos do jovem dirigente, que costumava dizer que “um clube realmente organizado deve atender ao bem-estar dos seus sócios, de modo a integrá-los mais intimamente no seio da família tricolor”. Com esse mesmo objetivo, Pithon lançou a publicação “Bahia em Revista”, com a colaboração de um grupo de jornalistas (Ênio Carvalho, Pedro Formigili, Mário Freitas, Gílson Ney, Tasso Franco, Carlos Santana e Carlos Olímpio), com Fernando Pedreira na chefia de Redação e o autor destas linhas na secretaria.
Com um nome respeitado como arquiteto e urbanista – sua assinatura está em mais de 500 projetos no Brasil e até mesmo no exterior, – Antônio Pithon ocupou posteriormente as Diretorias de Marketing e de Patrimônio do clube, deixando como legado o projeto das instalações esportivas de Itinga, hoje alvo de demanda judicial. O patrimônio imobiliário do Bahia, um das preocupações do dirigente, foi recentemente abalado com a entrega da sede de praia para o município, cuja demolição atingiu o ginásio de esportes anexo, batizado de “Antônio Pedreira Pithon” .
FUTEBOL ESPANHOL TEM NOVO LÍDER
Carlos gonzalez – jornalista
O torcedor de futebol na Espanha vai aos estádios com a finalidade única de apoiar o time de sua cidade, província ou região autônoma, ao contrário do brasileiro, particularmente o nordestino, que veste a camisa dos clubes do Rio e São Paulo e lota as arenas, a maioria transformada em “elefantes brancos” após a última Copa do Mundo, para torcer contra os clubes de sua terra. Vitória da Conquista é um exemplo dessa posição nociva aos interesses do esporte local. Citei a Espanha para mostrar que os habitantes da Galicia e a comunidade espanhola de Salvador, formada quase que totalmente por galegos e seus descendentes, voltaram a se empolgar com o futebol, graças a boa campanha que o Celta de Vigo vem fazendo no principal campeonato do país, temporada 2015-2016.
O torneio espanhol, denominado pela imprensa internacional como a Liga das Estrelas, por reunir alguns dos melhores jogadores do mundo, ainda se encontra na 9ª rodada, de um total de 38, mas o Celta, que nos últimos anos já visitou as 2ª e 3ª divisões, desponta na liderança, superando Real Madri, Barcelona e Atlético de Madri. O Estádio Balaídos, com capacidade para 31.800 espectadores, vem recebendo os fanáticos torcedores da equipe que tem em Nolito seu maior destaque. O atacante tem sido convocado pelo técnico Vicente del Bosque para a seleção espanhola que busca seu terceiro título consecutivo de campeão da Europa.
Fundado em 20 de agosto de 1923, o Real Club Celta de Vigo – o título monárquico foi dado pelo rei Afonso XIII –seria rubro-negro, mas a absurda sugestão foi rejeitada pela maioria dos membros da primeira assembléia do clube, que optou pelo azul e branco, as cores da Galicia, ostentando com orgulho no lado esquerdo da camiseta a cruz de Santiago Apóstolo, padroeiro da Espanha.
BIENAL DO SERTÃO DE ARTES VISUAIS
Na cidade do sol brilhante do calor de 40 graus à beira do rio São Francisco, que está cada vez mais perdendo suas águas, a II Bienal do Sertão de Artes Visuais, no Centro Cultural João Gilberto, em Juazeiro, é uma boa opção de visita.
Passando por aqui estive lá e gostei do que vi, mas lembrei, melancolicamente, do Centro Cultural Camilo de Jesus Lima, em Vitória da Conquista, o qual está fechado há dois anos para uma reforma sem fim. É uma vergonha e causa revolta diante do desleixo do Estado com a nossa cultura. Há muitos anos que não se realiza uma bienal de artes em Conquista.
A exposição em Juazeiro de artes plásticas, fotografias e instalações reúne um conjunto de artistas locais, do Rio de Janeiro, São Paulo e de vários estados nordestinos. O visitante se delicia com trabalhos de qualidade e belas fotografias sobre o sertão seco e os costumes do povo.
A II Bienal do sertão vai até o próximo dia 2 de novembro e vale a pena passar por lá para dar uma olhada porque significa adquirir mais conhecimento cultural. Dê uma espiada nas fotos retratando a sequidão do nosso Nordeste.
No mesmo estilo dos outros centros culturais construídos nas maiores cidades baianas, o Centro João Gilberto está conservado e sendo utilizado pelos artistas locais, ao contrário do que está ocorrendo em Conquista.
A Bienal é uma boa pedida, mas dá tristeza ver o rio São Francisco na situação de penúria devido a depredação do homem e o abandono do poder público. Para encontrar uma solução, está sendo realizado, em Petrolina (Pernambuco), um seminário sobre a bacia hidrográfica do rio. A Hidrelétrica do Sobradinho está entrando no volume morto.
Mas, em contraste com o quadro de recessão da economia nacional, de inflação alta, juros nas alturas, dólar valorizado, desemprego e cortes em programas sociais (Bolsa Família, Fies, Pronatec e outros), Juazeiro, no norte da Bahia, é a segunda cidade do Brasil que mais empregou gente nos últimos meses do ano.
Além dos serviços e comércio, o setor da agroindústria é um dos que estão mais contratando mão-de-obra. A Agrovale, a maior produtora de açúcar e álcool do Nordeste, está expandindo suas instalações. Também, a produção de vinhos e a agricultura irrigada de melão, uva, melancia e até pêssego estão dando sustentação à economia e oferecendo mais empregos. A região aqui é uma zona diferenciada do país que hoje vive um caos político, econômico e moral onde a ética foi pra lama da corrupção.
O VESTIBULÃO DO ENEM
Nosso povo é desmemoriado, mas na década de 90 quando o vestibular nas universidades era uma maratona de “guerra” e os cursinhos privados ganhavam muito dinheiro, o governo federal anunciou que iria acabar com o vestibular. O tempo passou e aí foi surgindo o Enem que virou um “vestibulão” indigesto, um tipo de faroeste para se ingressar numa faculdade.
Hoje, com relação ao Enem, a mídia repete as mesmas matérias de antigamente dos vestibulares mostrando estudantes estressados o ano todo dentro de salas de aulas e dando dicas de professores, psicólogos e educadores de como agir para se relaxar. No Enem, como no vestibular antigo, os cursinhos particulares continuam ganhando muita grana.
De lá para cá, a educação no Brasil, infelizmente, só fez piorar e quase metade dos estudantes sai das escolas sem saber ler e escrever. Nem é preciso dizer que a grande parte não consegue interpretar um texto. Em matemática é outro horror.
Quando chega a oportunidade do Enem, depois de concluir o nível médio, o aluno que já vem lá de trás sem base escolar acha que através de um cursinho pode recuperar todo tempo de atraso (10 ou 12 anos) num ano só. Então, entra numa “guerra” desenfreada dia e noite, acreditando que pode fazer em pouco tempo o que não fez no passado.
Essa turma que já chega no Enem com deficiências no ensino não consegue mais acompanhar o raciocínio temático das aulas dos professores, e não há “ show de aulão” que dê jeito. Agora as aulas viraram espetáculos em estádios de futebol para mais de dez mil estudantes. A maioria fica boiando na maionese.
Por sua vez, a mídia entra na onda para também fazer seu grande espetáculo de audiência, mas deixa de questionar o outro lado de que o nosso povo e os jovens estão sendo iludidos com um ensino do faz de conta. O Enem não passa de mais um carrasco, e a maioria que passa entra na universidade carregando em sua bagagem a mesma deficiência do fundamental e do básico.
Depois do Enem, a mídia também se deleita para mostrar as barbaridades cometidas nas provas estressantes dos estudantes. Poucos conseguem alcançar a média e raríssimos têm uma nota superior, só aqueles que frequentaram boas escolas particulares ou sempre se dedicaram aos estudos. Portanto, o Enem não representa um ano, mas os 10 ou 12 entre o básico e o ensino médio.