Nesse caos político e econômico em que vivemos, é hora de refletirmos sobre certos pontos que nos afligem. Na maioria das vezes somos levados pela onda do patrulhamento ideológico, paternalista e assistencialista. Existem muitas mentiras, inclusive embutidas nas propagandas dos governantes que vão se tornando verdades. Cuidado!

Veja esta do neurocientista norte-americano, professor da Universidade de Columbia, Carl Hart, ao falar das políticas sobre drogas: “Eu realmente não ouço políticos, porque eles não são as pessoas que devem ser ouvidas nesse assunto. Devemos ouvir as pessoas que têm publicações nessa área, que têm evidências, informação. Políticos geralmente são idiotas. Por isso, nem penso neles”.

Indagado numa entrevista à imprensa, em Salvador, a respeito da sua defesa a favor da legalização ou descriminalização das drogas nos EUA, se o mesmo pode ser aplicado no Brasil, disse que até descobrirmos como sermos mais inclusivos, sempre teremos problemas com o tráfico.

Quanto às diferenças entre as políticas antidrogas em seu país e no Brasil, declarou: “O que está sendo feito no Brasil nos dias de hoje é basicamente a mesma coisa que adotamos nos anos 1980”.

Há alguma similaridade entre a comunidade pobre de Miami com nossas favelas? Respondeu que as favelas daqui, em termos de arquitetura, são as piores que já viu. “Estive em lugares como África do Sul, mas as estruturas das casas no Brasil são realmente ruins. Há uma pobreza séria correndo aqui”. Acrescentaria que esse papo do governo de que tirou 30 milhões de brasileiros da pobreza é uma balela.

Na Bahia, a maioria dos policiais é negra e educada para combater uma população negra. Qual sua percepção sobre essa realidade? Afirmou que “a polícia é uma organização que simplesmente faz o que a estrutura de poder quer que ela faça”. Diria que a nossa polícia é uma instituição anacrônica, velha, que só fala e age à base da repressão e da truculência.

Sobre a questão de ter lideranças negras para combater a violência, com medidas de inclusão, Carl Hart destacou que “nos EUA temos várias dessas lideranças no comando, mas muitas são igualmente ignorantes, não entendem o que está acontecendo. O fato de haver lideranças negras não é garantia de que tenham leitura do contexto”. Também entendo que a meritocracia deve estar acima de qualquer cor ou gênero.

Os governos federal e da Bahia só se preocupam em fazer cadeia. É uma das críticas que o Grito dos Excluídos vai levar para as ruas no Dia 7 de Setembro.  Contra a grande mídia que só enxerga seus interesses e a reprovação aos que pedem o retorno do regime militar são outros pontos de reflexão dos excluídos na data cívica.

Creio que um acordão político para dar um freio de arrumação na economia está batendo em nossas portas. É mais uma traição contra o povo que deve se unir nas divergências. O procurador da República, Rodrigo Janot, sinaliza junto ao Tribunal Superior Federal prorrogar as investigações da suposta ligação do Renan Calheiros com o esquema de corrupção da Petrobrás. Agora quem está sendo amaciado pelo executivo é o Eduardo Cunha que revela posições mais repugnantes e nojentas do país.

Os políticos vão à televisão, inclusive no horário eleitoral, e cobram corte dos gastos do governo federal, mas nada de reduzir suas mordomias de verbas de gabinete, Fundo Partidário, emendas e outros penduricalhos. A mídia também se cala e passa todo tempo pendurada nas notícias que saem da Operação Lava Jato, sem investigar outros aspectos. Ela pouco avança.

Por falar em mídia, ela está mais preocupada em Salvador perder a posição de 3ª capital do país (2,9 milhões de habitantes) como se isso fosse um mérito, mesmo diante de tanta pobreza e desemprego num amontoado de gente espremida que vive sufocada de problemas sociais por todos os lados. Coisa de nação subdesenvolvida. Não bastam o Rio de Janeiro com 6,4 milhões e São Paulo com 12 milhões numa guerra diária de vida e morte?

Com a terra pegando fogo, imigrantes fugindo das guerras e da fome, sendo massacrados nas rotas dos horrores, ainda têm utópicos filósofos sentimentais dizendo que vem ai um mundo pacífico, harmônico e tolerante onde todos vão viver como se fosse num paraíso celestial. Quem viver verá.

Somente neste ano mais de 300 mil pessoas procedentes da África e do Oriente Médio cruzaram as fronteiras de seus países em direção à Europa, tendo como porta de entrada a Itália, Grécia e Hungria. Três mil morreram na rota do inferno. É o maior fluxo desde a Segunda Guerra Mundial. O Mar Mediterrâneo virou sepultura de imigrantes, enquanto os ricos se esbaldam no luxo.

E como fica o nome do aeroporto de Salvador? Até quando seremos afrontados e humilhados por essa corja que viola nossa história e fica por isso mesmo? O povo que não preserva sua memória não é digno de viver. O nome Luis Eduardo Magalhães está atravessado em nossas gargantas e o Dois de Julho foi expurgado.

Por falar em aeroporto, viram a propaganda enganosa do Governo do Estado de que o de Vitória da Conquista está quase pronto. Ora, estamos chegando ao final do ano e até agora não saiu a licitação para construção do terminal de passageiros. Na verdade, o que temos é mais uma obra inacabada com uma pista perdida dentro do mato para pousar urubus e esquentar cobras e outros animais em dias de sol.

Estamos na pior recessão econômica dos últimos 20 anos. O PIB (Produto Interno Bruto) de abril a julho encolheu 1,9% em relação ao início do ano passado. No semestre houve queda de 2,1%. A recessão já está completando cinco trimestres e o setor de serviços (menos 1,4%) foi o que mais puxou o PIB para baixo. O cenário é de terra arrasada e nunca vi em minha vida crise política e econômica igual a esta.