:: jan/2015
DO POÇO AZUL AO IGATU
É claro que existem outros pontos e roteiros na Chapada Diamantina que grudam para sempre na memória de qualquer viajante, mas aqui fica a minha impressão sobre a Gruta da Lapa Doce, a Pratinha (Iraquara), o Vale do Capão, Cachoeira da Fumaça, o Riachinho, o Mucugêzinho, o Poço do Diabo, o Morro do Pai Inácio (Palmeiras), o Serrano, o Salão das Areias Coloridas, os Caldeirões, a Cachoeirinha, Remanso, Maribus, o Roncador, (Lençóis), o Poço Azul, o Poço Encantado e o Igatu do Xique-Xique (Andaraí) que também são de tirar o fôlego.
Infelizmente, como já dizia o poeta, nem o amor é eterno. Encerramos nossa curta e gloriosa jornada pela Chapada com o Poço Azul e um até logo à vila do Igatu, lá naquelas alturas das casas de pedras construídas por escravos e garimpeiros. Como tantos outros locais, o Poço Azul nos deixa extasiado quando a luz do sol entra pelas rochas e reflete na água.
Só a estrada de pedras na subida para a vila do Igatu já deixa o visitante transfigurado com a paisagem do alto e com a ansiedade de chegar. No meio do caminho, de quem parte da cidade de Andaraí, um oratório cravado nas rochas nos força a uma parada para tirar mais uma foto para guardar como lembrança.
Cemitério do Igatu
Uma viagem prazerosa, especialmente se tratando da criação da Chapada Diamantina pela natureza há milhões de anos, é como enganar a morte por uns tempos como tentou Sífio, em “O Mito de Sífio”, de Albert Camus. Não tem jeito, retornamos depois à sociedade dos absurdos e do labor estafante, ainda bem que com as energias recarregadas.
Galeria de arte da vila
DO REMANSO AO RONCADOR
Barqueiros se preparam para remar pelo Maribus
Olá Fernando, um dos bons barqueiros do povoado quilombola de Remanso, distante 25 quilômetros de Lençóis, que nos proporcionou descer pelo Maribus até o Roncador através de seus dois remadores mirins Ruan e Fabinho! A viagem de uma hora e meia foi só delícia por entre as baronesas, vitórias régias e os papiros, sem contar as matas em torno do “pantanal baiano” que fica na Chapada Diamantina nos municípios de Lençóis e Andaraí.
Nossos simpáticos e atenciosos guias foram nos contando sobre a vida no Maribus, morada de jacarés, sucuris e outros animais dos lugares pantanosos que, infelizmente, não chegamos a vê-los. Não por isso, porque tivemos a felicidade de se deleitar com as flores das plantas aquáticas, com o Martins Pescador e outras aves que habitam naquele paraíso.
Não economizamos nas fotos para registrar a natureza ainda em preservação e em harmonia com o homem. Até a casa de dona Val, um casarão antigo onde existiu até senzala (lembrei de Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre) andamos em trilhas e por dentro da água. É uma sensação indescritível!
Na Casa Grande fiz amizade e bati um bom papo com “Pedrão”, ex-vereador e ex-prefeito de Andaraí. Contou histórias e ainda me incentivou a participar da Cavalgada do Pati, uma jornada de oito dias por vários municípios da região. Confesso que fiquei atentado e com água na boca!
Tomamos umas geladas e depois fomos tomar banho ali perto na cacheira de águas tranquilas e escuras. Não existe melhor remédio para o corpo e a alma! A fome bateu e aí decidimos almoçar no casarão de dona Val que faz uma comida saborosa e bem caseira.
Mais uns papos com “Pedrão”, cheio de histórias, mitos e lendas da terra. À tarde subimos o Maribus com nossos dois pequenos e ágeis remadores. Depois de quase duas horas de barco, ao cair da tarde, lá estávamos novamente na comunidade de Remanso, um povoado de 54 famílias simples, mas trabalhadoras no campo, na pesca e com seus remos para bem servir aos visitantes turistas.
Para fechar o passeio com “chave de ouro”, seu Gerônimo, “o herói do sertão”, um senhor de idade, veio de carona em nosso carro até Lençóis contando histórias, causos e casos da comunidade quilombola onde ele também é membro desde quando nasceu. Vamos curtir mais em Poço Azul e Xique-Xique do Igatu.
DO VALE DO CAPÃO AO POÇO DO DIABO
Em Palmeiras, a estátua do garimpeiro
Sem o bem mais preciso que é a água para exibir toda sua beleza, em decorrência da seca, não foi possível visitarmos a famosa Cachoeira da Fumaça, mas lá estava, ao seu lado, a vila do Vale do Capão, em Palmeiras, com toda sua exuberância de paisagens encantadoras.
O local e sua gente receptiva e calorosa transmitem energia positiva, principalmente à noite quando tudo vira festa e alegria. Qualquer um se contagia com a magia do lugar e sempre volta outra vez. Tem turistas de toda parte da Bahia, do Brasil e do exterior, mas todos entendem a mesma língua de paz e amor da mãe natureza. A tradução é bem fácil, basta se sentir feliz.
De lá conhecemos o Parque Municipal do Riachinho, no mesmo Vale, com sua fantástica paisagem que fascina o visitante. Um banho é sempre bem vindo ao som silencioso da cachoeira, para aliviar o cansaço da caminhada e relaxar a mente.
Palmeiras é uma cidade pacata, mas se transforma com o barulho do movimento durante o carnaval, conforme relatam os moradores. Só não gostei da descaracterização do calçamento das ruas e das faixadas arquitetônicas dos tempos coloniais do garimpo. Para recompensar, a imponente estátua do garimpeiro, na Praça da Matriz, mantém viva a história daquela terra.
Pela BR-242, pesada de carretas vindas do oeste dos grãos, próximo ao Morro do pai Inácio, fizemos outra parada e descemos até o Poço do Diabo onde uma grande pedra tem o formato da garganta do dito cujo. O povo é sábio para dar nome às imagens feitas pela natureza, mas é maldito quando destrói sua fauna e sua flora deixando lixo por onde passa.
Em Lençóis, subimos até os “Caldeirões do Serrano” onde poços d´água são verdadeiras piscinas de hidromassagens naturais. Um deles, o “Poço do Padre” é bem convidativo. Seu nome, segundo diz a lenda, foi dado porque o sacerdote de Cristo pulou do alto e se afogou. É que ele não sabia nadar e imaginou que o local era raso, conforme contou o nosso guia.
Mais ao lado, nos deparamos na subida com o nobre Salão das Areias Coloridas, que são engarrafas e vendidas em lojas de artesanato. O espaço cercado de rochas por todos os lados passa a ideia que ali há milhões de anos houve um abalo sísmico e as pedras caíram umas sobre as outras formando um salão de areias. É só movê-las e aparecem diferentes cores.
Mais à frente, numa trilha de pedras por entre árvores, lá está a Cachoeirinha que, mesmo com pouca água, é um santuário prazeroso para mais um refrescante banho. Por ser tão tranquila, muita gente aproveita para dar uma meditada e pensar um pouco na humanidade do mundo atual.
Sempre digo que não existe lugar feio na Chapada Diamantina. O mais difícil é saber qual o mais bonito de todos. Vale a pena o cansaço do corpo que se junta à leveza da alma. Nosso passeio continua pelo Maribus, Roncador (Lençóis), Poço Azul e o Xique-Xique do Igatu, em Andaraí.
REGULAÇÃO DA MÍDIA
Por Orlando Senna
(indicação do professor Itamar Aguiar)
O violento, sanguinário, chocante ataque do radicalismo islâmico contra a revista Charlie Hedbo, em Paris, gerou uma ampla discussão sobre a liberdade de pensar e de emitir o pensamento: o que é, para que serve, se deve ou não ser regrada, principalmente se tem ou não tem limites. Sobre esse último tópico, escrevi em 2004 um artigo em cujo título, A liberdade de expressão e o direito de mentir, buscava vislumbrar a existência ou a impossibilidade de barreiras ao livre exercício da liberdade. Nos tempos que correm, com a internet divulgando as opiniões de milhões de cabeças sem qualquer restrição (verdades, mentiras, maldades, vinganças, achaques), a discussão sobre essa conquista do espírito humano está, mais do que nunca, na ordem do dia.
Discordo totalmente da sua opinião e defendo seu direito de emiti-la: esse é o cânone da liberdade de expressão. Pessoalmente espero que assim permaneça, mas há de reconhecer que as tecnologias da informação e os novos comportamentos que estão gerando levarão essa discussão a níveis antes nunca alcançados. Esse é um aspecto positivo da atualidade, discutir ou rediscutir tudo que está sendo influenciado pelo novo cenário da comunicação e das relações humanas. O que não é positivo é impedir a regulação de serviços públicos argumentando que seus marcos regulatórios são mecanismos contra a livre circulação de ideias. Não é positivo porque uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Energia, água, saúde, educação, transporte e outros serviços públicos estão regulados no Brasil e na maioria dos países, espelhando a necessidade de regras para seu funcionamento, devido ao seu impacto social, e de ordenação legal para sustentar o bom desempenho das ações do estado relacionados com eles. A mídia, em todas suas manifestações (radiodifusão, veículos impressos, web), é um serviço público de alta potência, com grande influência desde sempre sobre as populações e agora, na era digitalizada, com penetração cada dia maior no conhecimento, consciência e inconsciência dos cidadãos. Portanto, deve ser prestado com base no interesse público, como os demais serviços, e o único caminho para isso é o estabelecimento de regras para seu funcionamento.
DE LENÇÓIS AO TOPO DO PAI INÁCIO
Centro de Lençóis com seus lampiões
Divino passear, apreciar e refletir em pleno coração da Chapada Diamantina. Vale a pena se desligar por completo desse mundo nosso de cada dia cheio de problemas, de guerras, de tantas competições, de maldades, de ódio e de indiferenças, nem que seja por alguns dias. Penetrar no verde da natureza, no azul e no escuro das águas é alimentar a alma e recarregar as energias para enfrentar a dura jornada da realidade.
Fizemos este maravilhoso caminho, cansativo para o corpo, mas de alívio para a mente a partir da famosa Lençóis dos garimpeiros, dos jagunços e dos coronéis, como o mais poderoso Horácio de Matos do início do século XX. A Pousada Aguiar foi o nosso ponto de apoio para outros belos roteiros de trilhas, grutas, cachoeiras, águas e pedras. Dona Rute nos atendeu cordialmente em sua pousada e nos passou muitas dicas e orientações.
Gruta da Lapa Doce, em Iraquara
Nossa primeira visita foi à Gruta da Lapa Doce, em Iraquara, onde qualquer um fica encantado com as imagens de animais, objetos e seres humanos, formadas pelos pingos d´água que caem lentamente do seu teto. As estalactites criam candelabros e lustres suspensos que a engenharia humana não tem o poder de imitá-los.
Há 750 milhões de anos ali tudo era mar que se separou para formar os continentes africano e americano. Um chapéu, um buda, um presépio, um toco de coqueiro ou um jacaré são obras perfeitas esculpidas pela misteriosa natureza desrespeitada todo tempo pela estupidez humana.
A Pratinha, ainda em Iraquara, é um refresco e um relax para quem chega cansado do subir e descer das caminhadas entre o chão de muitas pedras. No retorno pela BR-242, o turista pode optar por conhecer e tomar um banho no rio Mucugêzinho ou mergulhar no Poço do Diabo (Palmeiras). Bem em sua frente fica a Garganta do Diabo. É só focar a lente de sua máquina e dela extrair uma bela paisagem.
Com muito esforço e determinação chegamos ao topo do Morro do Pai Inácio, também no município de Palmeiras. De lá de cima se tem uma vista indescritível. Para quem tem medo de altura, como eu, é um desafio e tanto. O mais incrível é que pessoas sobem arrastando crianças que ficam fascinadas. É uma mistura de coragem com irresponsabilidade levar um recém-nascido àquela altura. Não existe proteção e é uma grande risco. Toda atenção é pouca.
Vista do alto do Morro do Pai Inácio
Para brindar nossa escalda, enquanto damos uma trégua aos músculos e respiramos um ar puro, nosso guia Renan ainda conta a história do Pai Inácio e seu suposto amor com a sinhazinha do coronel, encenando um pequeno teatro, caindo de uma pedra e saindo entre as locas na outra ponta do Morro.
Confesso que de tudo só não gostei das taxas e dos preços cobrados nas bebidas e nos alimentos. Alguns locais, como o Morro do Pai Inácio, onde não existem serviços de manutenção, não justificam a cobrança de taxas. Além do mais, final de dezembro, início de janeiro e no carnaval, o atendimento deixa muito a desejar.
Mesmo assim, vamos continuar nossa viagem (eu e Vandilza) falando mais de Lençóis, do Vale do Capão, do Riachinho, do Serrano, do Salão das Areias Coloridas, da Cachoeirinha, do Maribus, do Roncador, Poço Azul e do Igatu do Xique-Xique. Tudo na nossa querida Chapada.
O Mucugêzinho é um relax para o corpo e à mente. São as belezas da Chapada Diamantina
ITAMAR INDICA E COMENTA ORLANDO SENNA
Blog Refletor TAL-Televisión América Latina http://refletor.tal.tv/ponto-de-vista/orlando-senna-o-resgate-do-mexico
O RESGATE DO MÉXICO
Nos anos 1940 e 1950 os filmes musicais de Hollywood misturavam as culturas do México e do Brasil, com Carmem Miranda cercada de rumbeiros dançando imitações de samba. As coreografias e figurinos binacionais (ou tri, porque Cuba também entrava na dança) viravam uma coisa só em um conceito definido como South American Way, como se a América do Sul começasse no rio Grande e incluísse o Caribe. Com o correr do tempo Hollywood e Washington perceberam que havia diferenças fundamentais entre os dois países permeando a identidade latino-americana que os une.
Uma identidade lastreada no mesmo tipo de conformação étnica de ambos (ibérica-indígena-africana), nas suas histórias de colonização e escravidão, nas guerras de independência. Em outro aspecto identificador, o fato de serem os países mais populosos e as maiores economias da América Latina e, também, a amizade que une seus povos. Nas últimas semanas escrevi neste blog sobre países da América Latina e amigos mexicanos me perguntaram por que o Brasil está tão distante do México em um momento em que o México está pedindo socorro, mencionando os apoios brasileiros a Argentina e Cuba.
O México vive um dos piores momentos de sua história de quase meio milênio, resultado de uma corrosiva aliança entre poderes institucionais e o crescente poder do narcotráfico. Uma situação que começou a se desenhar no final da década 1980, na fronteira com os EUA e no contato com distribuidores de drogas estadunidenses. Praticamente todo o território mexicano está contaminado pelo crime, bastando citar a ação do grupo Zetas, braço armado do Cartel do Golfo, o maior de todos, que submeteu as pequenas quadrilhas (sequestradores, traficantes de imigrantes ilegais e de armas, narcotraficantes varejistas, agentes da prostituição, ladrões de carros, punguistas, etc) ao seu comando único.
FUTEBOL -PROGRAMAÇÃO PARA 2015
Carlos González – jornalista
No dia 1º de fevereiro será aberto oficialmente o comprimido calendário do futebol brasileiro para 2015, elaborado pela CBF. Se observarmos as nuvens cinzentas no horizonte, vamos conviver, em proporções maiores, com os mesmos problemas do passado. O mais grave deles, a ameaça de falência dos chamados grandes clubes, que acumulam uma dívida tributária e trabalhista de mais de R$ 4 bilhões, e que os seus dirigentes propõem ao governo pagar, sem correção monetária, em cinco anos.
Os erros, certamente, vão começar de cima: o pastor da Igreja Universal, George Hilton Cecílio, ministro do Esporte, continuará a afirmar que “não entende nada do assunto” e a recorrer aos seus assessores para responder as perguntas mais simples da imprensa esportiva; o paulista Marco Polo del Nero vai suceder a José Maria Marin na presidência da CBF, sob o peso de uma série de escândalos financeiros; o eterno presidente do COB, Carlos Nuzman, a poucos mais de um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, terá dificuldades para explicar para onde estão escoando as verbas destinadas à construção de praças esportivas.
Estamos observando, já no começo do ano, que não houve grandes contratações feitas pelos clubes. Pelo contrário, nossos melhores jogadores estão se transferindo para países onde o futebol vem se popularizando há apenas quatro anos, como China, Ucrânia e Tailândia. Torcedores dos grandes centros estão se afastando dos estádios – a Fonte Nova em 2014 teve a menor média de público, – levando clubes como Corinthians e Flamengo a transferir os seus jogos para Manaus, Cuiabá e Brasília.
AJUDE A CLASSIFICAR
Sérgio Fonseca
O filósofo austríaco, naturalizado norte-americano, Eric Hoffer (1902-1983) dizia que “toda grande causa começa como um movimento, vira um negócio e finalmente degenera numa quadrilha.”
Isso me faz pensar no PT, o Partido dos Trabalhadores. Nascido há 34 anos para representar a ética na política e combater a corrupção, o PT sofre hoje o desgaste natural da longa permanência no poder. Atualmente chafurda na lama da corrupção e nos desvarios da ineficiência administrativa.
Nunca, na história deste país, houve um escândalo tão vasto e tão profundo, abarcando inclusive deslizes internacionais, como o petrolão. A estimativa de prejuízo na Petrobras, com os casos de desvio de dinheiro, superfaturamento e pagamento de propinas investigados pela Operação Lavajato chegam a 20 bilhões de reais. Perto desse verdadeiro assalto ao povo brasileiro a quem, na verdade pertence a Petrobras, o escândalo antecessor, o mensalão, até agora o maior escândalo petista, com seus 300 milhões de reais, pode ser comparado a dinheiro de troco.
E tem mais, a ineficiência administrativa nessa empresa, foi a responsável pela perda acumulada, desde 2011, de 60 bilhões de reais, por causa da venda de diesel e gasolina a preços subsidiados e abaixo dos valores de mercado. A Petrobras é hoje a empresa mais endividada do planeta, com débitos no valor de US$ 135 bilhões, ao contrário de suas concorrentes internacionais, que vão muito bem, obrigado.
Em campo completamente distinto, não podemos passar em branco a anulação, por parte do Supremo Tribunal Federal, do julgamento de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, amigo e segurança do ex-prefeito petista de Santo André, SP, Celso Daniel. Sombra é acusado de ser o mandante do assassinato de Celso Daniel, há quase 13 anos, para evitar que o prefeito acabasse com o esquema de corrupção que, instalado na Prefeitura de Santo André, abastecia campanhas do PT e enriquecia alguns de seus integrantes.
No STF, os ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello votaram pela anulação do julgamento e os ministros Rosa Weber e Luís Barroso votaram pela sua validade. No caso de empate, o réu é favorecido. Convenientemente, parte das pessoas implicada nesse crime, acabou morrendo ao longo desses anos, uma a uma. A polícia local diz tratar-se de crime comum mas o Ministério Público discorda desse parecer.
Embora eu não devesse ficar surpreso, causou-me estranheza, em outro caso, vendo o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em sua ida ao Congresso, ter buscado aliviar a barra de Rosemary Noronha, alegando ser ela uma peça insignificante em outro significante caso de corrupção. Lembrei-me , contudo das façanhas anteriores de Cardozo, como envolvimento em dossiês fajutos e o uso de seu cargo mais para defender envolvidos no mensalão,no petrolão, nos aloprados e outras fraudes menores, ainda não tão divulgadas.
Veio-me à mente a frase de Blaise Pascal (1623-1662), que diz que “para quem quer ver, há luz suficiente; para quem tem disposição contrária, há bastante obscuridade”. E o nosso ministro da Justiça tem demonstrado que não quer ver muitas coisas.
Alguém já procurou levantar os gastos abusivos de Rosemary Noronha, no cartão corporativo dela, quando assumiu a chefia do Gabinete da Presidência da República em São Paulo? A lista dos malfeitos, como os chama a presidente de todos os brasileiros, é enorme. E cresceriam mais se houvesse investigações amplas e aprofundadas no BNDES, nos fundos de pensão das empresas estatais e autarquias e nas próprias estatais. Por acaso algum ministério estaria imaculadamente limpo?
Tendo em vista a escala de Hoffer, citada no primeiro parágrafo desta crônica, diga em qual dos critérios você incluiria o Partido dos Trabalhadores, como ele é hoje.
AEROPORTO DOS CONSTRANGIMENTOS
Quando não é a deficiência de suas instalações e o despreparo para pouso e decolagem das aeronaves nas mudanças climáticas, os agentes do Aeroporto de Vitória da Conquista, vez por outra, se envolvem em situações de constrangimento contra seus passageiros por falta de diálogo.
Nesta semana um casal paulista que ia para Guarulhos foi impedido de embarcar depois de ter entrado em discussão com o supervisor de uma companhia. Isto ocorreu na parte da tarde quando houve agressão verbal mútua entre as partes. Toda confusão, porém, começou na manhã do mesmo dia quando o casal foi barrado de viajar por ter chegado atrasado para o voo.
Na parte da tarde o agente proibiu novamente os passageiros de entrarem no avião alegando que eles estavam exaltados e poderiam representar risco ao voo. Não sabia que Conquista está em alerta vermelho contra atos terroristas. É o resultado da psicose neurótica internacional dos atentados!
Houve também a denúncia de que no bate-boca o casal invadiu uma área restrita de segurança quando o funcionário entrou para chamar a polícia. Para quem não conhece, o aeroporto da cidade é um galpão apertadinho que irrita e deixa estressado qualquer um que transite naquela área. No verão é um calor insuportável, sem contar a falta de local para descanso.
No final de 2013, no Natal, aconteceu coisa parecida com meu filho que também foi constrangido e passou por um tremendo vexame. O que falta nesses agentes é preparo profissional para dialogar e resolver o problema ali mesmo, sem ter que apelar para a polícia militar como fizeram no episódio daquele triste ano.
A verdade é que no conjunto, o atual Aeroporto de Conquista é uma vergonha para a cidade, a terceira maior da Bahia. Quem passa por aqui sai falando mal das acomodações e do atendimento.
Há mais de dez anos que segmentos da sociedade vêm lutando pela construção de um novo aeroporto. Está em andamento a conclusão das pistas e dos acessos, mas ainda não saiu a licitação para o projeto de edificação do prédio, o que significa que não se tem certeza quando o novo aeroporto vá ficar pronto. Fala-se em 2016 ou 2017, ou talvez nas próximas eleições de 2018. Até lá, haja vexame e incompetência. Conquista não merece tudo isso.
O BOM DOM BUDA
Dário Teixeira Cotrim
Academia Montesclarense de Letras
Estávamos todos nós a caminho das praias do Porto Seguro. Uma viagem de férias do meu filho Ramon com um grupo de amigos e família. Uma parada estratégica em Guanambi – já no Estado da Bahia – e depois um descanso mais prolongado em Vitória da Conquista, uma belíssima cidade, sempre cantada e encantada pelo confrade Jeremias Macário. Era hora de repor as energias e em vista disso procuramos um hotel para nos acomodar por apenas uma noite, uma noite somente. Em Vitória saímos à noite para a Conquista do entretenimento em terras estranhas. Fomos, por indicação de algumas pessoas, gozar de uma noite muito especial em um barzinho da cidade localizado na Morada dos Pássaros II: era o bar do Dom Buda.
Na chegada uma recepção calorosa. Entre goles de cerveja e uma bicada gostosa da água milagrosa da terrinha baiana, era hora de contar casos curiosos e ouvir histórias hilariantes do tempo do onça. Numa apresentação, meio tímida, o nosso Dom Buda disse-nos que viera de Guanambi e que de lá havia sido expulso pelo delegado Tinuca. Ora bolas, o Tinuca (Altímio Elísio da Silva) que era o temido Delegado de Polícia do meu tempo de adolescência. Portanto, um velho conhecido nosso e parente (primo) do meu saudoso pai. O fato registrado do delega Tinuca, naquele momento, rendeu muitas horas de recreação. É verdade que o saudoso Tinuca foi uma pessoa muito querida em Guanambi e em Ceraíma, onde exerceu, com muita competência e profissionalismo, a sua árdua tarefa de colocar ordem nas coisas.
O tempo passava depressa. Quase vinte e uma horas. As lufadas de vento anunciavam que a madrugada seria amena, naquele doce momento – vinte e uma horas no relógio deles, pois no nosso já marcava sessenta minutos na frente. Eu (Dário Cotrim), Júlia, Ramon e o companheiro Chiquinho, todos estávamos na companhia da loiríssima SKOL. Algumas horas mais tarde a Sara e Bruna chegavam para a nossa felicidade. No fundo do bar do Dom Buda um suave som, com músicas de recordar, ajudava-nos a encompridar conversa.
Outros rumos do falatório surgiram e falamos o que deveria em uma mesa de bar. A loiríssima SKOL, gelada como sempre, descia redondamente como anunciada nos panfletos de propaganda. Vez por outras, uma tragada da caninha de fundo de quintal: saborosa e suave que era para esquentar o sangue. Houve momentos de alegrias e de tristezas também. Dom Buda disse-nos, entre lagrimas, a perda irreparável de sua amada esposa. Ficamos todos condolentes com a sua dor. Entretanto, o divertimento anunciava o tom da conversa por outros caminhos.
Era hora de repousar. Uma decisão dura e providencial. Entretanto, o bom Dom Buda veio com o violão solicitando ao Chiquinho apenas uma palinha e nada mais. A cerveja, já por conta da casa, ariscamos cantar a canção de Roberto Carlos: “Aquele beijo que te dei”. Eu e o Chiquinho cantamos na certeza do sucesso eminente. Era tão somente o nefasto efeito alcoólico. O meu filho Ramon logo se apressou em divulgar o vídeo na rede social do facebook. Que desastre! Para o bom Dom Buda o nosso amplexo e a nossa gratidão, com a certeza de que voltaremos para mais uma rodada de cerveja. SKOL de preferência. Até breve!