Volto aqui a bater na mesma tecla quanto a necessidade urgente de uma ampla reforma política para colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento e até extirpar do nosso convívio o câncer da corrupção. A atual legislação eleitoral é desigual, desleal e sempre protege os mais fortes e àqueles que usam a máquina do poder para se reelegerem.

Uma situação bem discrepante é com relação ao tempo de propagando nas redes de televisão e rádio, onde os partidos de maior representação ocupam um espaço bem superior aos pequenos. Pode até haver uma lógica matemática nisso, mas não é justo, porque o tempo é pago pelo contribuinte e o bolo deveria ser dividido em partes iguais, não importando o tamanho da legenda.

ELEIÇÕES E AS DESIGUALDADES SOCIAIS

Eu comparo a propaganda eleitoral no Brasil nas emissoras com o quadro de profundas desigualdades sociais onde o país desponta como o campeão no mundo nesse aspecto. Com essa desproporção absurda, como um candidato sério e competente de boas intenções de um partido pequeno pode disputar uma eleição com outro grande, ou com aquele que já está no poder e usa o aparelho público a seu favor? Este é mais um fator para que não haja mudanças na política, e a nossa democracia continue sem a solidez desejada por todos.

Alguém aí pode dizer que existe um monte de partidos desnecessários no Brasil, um número muito excessivo que pode ser cortado pela metade, ou mais que isso. Concordo plenamente, e isso pode ser feito através de uma reforma política, como já me referi em outras ocasiões. Apenas afirmo que um erro não justifica o outro. No conjunto, o sistema imposto é imoral e favorece as artimanhas da corrupção no caixa 2 e outros malfeitos.

Como nas outras, esta desigualdade ocorre na eleição para prefeito e para o legislativo também, no caso específico das câmaras de vereadores, onde praticamente os mesmos continuam sendo reeleitos por muitos anos (parlamentares já estão lá por mais de 30 anos), com uma Casa velha, ultrapassada e sem a devida representatividade, como acontece em Vitória da Conquista.

AS LIVES NÃO SÃO BEM APROVEITADAS

Com a pandemia da Covid-19, nasceram as lives como mais uma forma de comunicação entre as pessoas isoladas, e também usadas para reuniões de trabalho, seminários e debates de uma maneira geral. Como outros meios de interação da internet, acontece que este instrumento não tem sido bem aproveitado como deveria, levando a certas banalizações. Como diz um amigo meu de Fortaleza (Ceará) a live é uma coagem e muitas saem com ruídos no áudio, sem contar que virou uma mania.

Mesmo assim, a live é bem mais autêntica nas entrevistas jornalística porque o entrevistado está mostrando sua cara, diferente das coberturas por e-mail (caiu em desuso) e pelas redes sociais. Não há dúvida que é mais uma maneira de evitar o contato pessoal diante da possível contaminação pelo coronavírus.

Nestas eleições, as lives viraram uma febre como meio do candidato se apresentar para seu público, mas a grande maioria termina sendo cansativa, enfadonha e monótona por ser longa demais, com temas mais de ordem nacional do que regional. Com isso, cai o interesse do participante internauta, visto que a grande maioria prefere ficar navegando de canal em canal de site em site e de foco em foca.

O eleitor local, como no caso particular de Vitória da Conquista, quer ouvir propostas para sua cidade, e o que o candidato pretende fazer se for eleito, tanto no caso do legislativo, como do poder executivo. No lugar disso, a maioria ideologiza demasiadamente os temas, e passa o tempo fazendo críticas aos seus adversários de partido.

Faltam nas lives, mais foco e objetividade nas discussões. Muitos, com suas vaidades, procuram mais exibir seus conhecimentos teóricos que ninguém está a fim de ouvir. Um candidato a vereador, por exemplo, deve se centrar no seu papel fundamental como legislador e fiscalizador do executivo, e não ficar divagando em ações de competência da prefeitura.

Assuntos como projetos de lei para a cidade, a realidade da nossa Câmara como representante da comunidade, seu nível de conteúdo e as principais prioridades da cidade são pouco focalizados. A discussão tem que ser, exclusivamente, em torno dos nossos problemas locais, no sentido de que haja mais atração e interação do público pela live.