Recente poema do jornalista e escritor Jeremias Macário

Quando o planeta se aquecer,

Com as elevadas temperaturas,

As florestas virarem savanas,

Subirem as ondas das águas do mar,

Arder em fogo as linhas humanas,

Eu estarei lá para te amar.

 

Quando as fronteiras se abrirem,

As pedras das muralhas caírem,

Para cada um construir o seu lar,

Que o homem facínora fez ruína,

Desde as eras sumérias e romanas,

Eu estarei lá para te afagar.

 

Quando teu ser perdoar meu ser,

Vamos todos um dia nos irmanar,

E o sonho de uma igualdade una,

Pode preencher essa vazia lacuna,

De um existir sem sentido de viver,

Eu estarei lá só para te beijar.

 

Quando você estiver triste e depressivo,

Andar por aí como se fosse morto-vivo,

Violentado pela sua raça, gênero e nação,

Em seu caminho escuro sem um futuro,

Eu estarei lá para estender minha mão.

 

Quando estiver com fome a roncar,

Refugiado por aí como um cão,

Minha viola catingueira sonora,

Vai rogar ao Pai e a Nossa Senhora,

Pra do alto mandarem o teu manjar,

E eu estarei lá com a minha canção.

 

Quando tudo for ódio e intolerância,

Não mais houver a social democracia,

Os brutos te negarem a fé e a ciência,

Trocarem a semente da cura pela dor,

Com o tóxico veneno da ganância,

Eu estarei lá para te dar uma flor.

 

Quando o tempo resolver parar,

A porta se fechar para tua saída,

Não mais tiver esperança na lida,

Seja na tempestade ou na calmaria,

Tentar abandonar a tua amada Maria,

Eu estarei lá, seja em qualquer lugar.