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:: 15/mar/2019 . 23:21

A VINGANÇA DE AMÍLCAR E ANÍBAL, O BRILHANTE GENERAL DA ANTIGUIDADE

Para Cartago, a saída foi aumentar suas possessões na Espanha. A tarefa foi novamente confiada a Amílcar que levou seus “leões”, seu genro Asdrúbal, seus próprios filhos Aníbal, Asdrúbal e Magão. Na igreja fez jurar, em frente ao altar de Baal-Haman, que se vingariam. Resolveram transformar a Espanha numa base para enfrentar Roma.

De acordo com Indro, Amílcar recrutou indígenas, escavou as minas e extraiu ferro para construir as armas. Monopolizou o comércio para se autofinanciar, mas a morte  surpreendeu-o durante combate com uma tribo rebelde. Seu genro Asdrúbal ficou em seu lugar durante oito anos e construiu uma nova cidade com o nome de Cartagena. Quando morreu sob o punhal de um assassino, Aníbal foi aclamado comandante aos 26 anos. Foi o mais brilhante chefe militar da antiguidade, no mesmo plano de Napoleão.

Recebeu do seu pai uma educação perfeita. Sabia história, grego e latim. Tito Lívio conta que era sempre o primeiro a entrar na batalha e o último a sair. Armou infinitas ciladas diabólicas contra os romanos. Além de mestre na estratégia, era bom diplomata e perito em espionagem. Para Roma declarar guerra, atacou Sagunto, em 218 a.C. Ao deixar o irmão Asdrúbal no posto para vigiar o porto de Sagunto, atravessou o Ebro com 30 elefantes, 50 mil soldados de infantaria e nove mil de cavalaria.

No Caminho, enfrentou os gauleses e três mil soldados recusaram acompanhá-lo na travessia dos Alpes. Aníbal dispensou mais sete mil que se mostraram hesitantes. Assim, iniciou sua escalada. Há quem diga que passou pelo monte Genebra, e no cansaço perdeu muitos homens, inclusive contra os guerrilheiros celtas. Iniciou a descida ainda mais difícil para o elefantes até chegar à planície do Pó, com 26 mil homens. Conseguiu apoio de outros gauleses, colocando em fuga os romanos de Cremona e de Placência.

O Senado reconheceu que a segunda guerra púnica era mais perigosa. Convocou 300 mil homens, 14 mil cavalos e confiou parte deles ao primeiro dos muitos Cipiões, mas perdeu a batalha. Roma enviou outro exército e sofreu nova derrota. Aníbal tornou-se senhor de toda Gália Cisalpina. Ai entrou em cena Caio Falmínio com 30 mil homens.

Com um jogo de escaramuças, atraiu o inimigo para uma planície às margens do Trasimeno, com suas cavalarias. Entre os romanos, quase ninguém ficou vivo, nem mesmo Flaminio. Roma entrou em pânico. O pretor Marco Pompônio reconheceu que a situação era grave, mas nem tudo estava bem com Aníbal. Seu maior problema era o reabastecimento. Mandou para casa, livres, os prisioneiros não-romanos.

Roma continuou formando um bloco e só restou a Aníbal desviar sua tropa para o Adriático em busca de terras mais hospitaleiras. Seus soldados estavam cansados, e ele sofria de um grave tracoma. Os gauleses começaram a desertar. Aníbal enviou mensageiros à Cartago pedindo reforços, mas foi negado. Apelou para seu irmão Asdrúbal, mas ele estava envolvido na Espanha.

Diante da situação, retomou sua marcha em direção ao sul, mas se deparou com Quinto Fábio Máximo, nomeado ditador que armou ciladas e ficou na espera de vencer o inimigo pela fome, mas foram os romanos que entraram em cansaço. Foram nomeados dois consules Terêncio Varrão, o plebeu, e Emílio Paulo, o aristocrata, que queriam um processo rápido contra Aníbal, com o emprego de 80 mil soldados de infantaria e seis mil de cavalaria.

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CASTRO ALVES E GLAUBER, OS INDIGNADOS

Se vivos fossem, um teria 172 anos de vida (impossível para os tempos atuais) e o outro 80 anos (possível). Ambos, cada um no seu estilo e no seu temperamento, eram indignados com as injustiças sociais, tanto no Brasil como na América Latina, há séculos espoliados pelas elites capitalistas que sempre não aceitaram a distribuição justa de renda. Temos as piores desigualdades sociais.

Estou falando dos baianos Antônio Frederico de Castro Alves, nascido em 14 de março de 1847, e do cineasta Glauber Rocha, que também veio ao mundo em 14 de março de 1939. Pouco lembrados e homenageados nos dias de hoje na Bahia e no Brasil que jogaram nossa cultura no lixo, para decantar e glorificar os deuses dos arrochas, dos pagodes e dos axés.

Na minha idade, não deveria estar mais me desgastando com isso porque as pessoas de hoje, principalmente nossos jovens, não querem mais ouvir nem ler sobre estes personagens da nossa história e de outros tantos que foram ícones da cultura e do saber. Lutaram bravamente pelas transformações sociais e se indignaram contra as mazelas dos nossos governantes.

Acredito que nesta data de 14 de março (ontem), nenhuma escola discutiu e prestou homenagens a esses dois ilustres baianos. Aliás, o Brasil não merece os heróis que teve porque seus filhos não têm história e pouco sabem sobre eles, nem o que fizeram pela nação. Hoje, o que mais se tem é ódio e intolerância. O maior argumento é chamar o outro de idiota, burro e imbecil. São justamente estes rancorosos os mais desprovidos de conhecimento e leitura. São desprezíveis.

ACADEMIA DE LETRAS DE VITÓRIA DA CONQUISTA

Mas, nem tudo está perdido. A Academia de Letras de Vitória da Conquista, fundada pelos nossos amigos Evandro Gomes e Rozânia Brito nos brindaram com uma discussão sobre a vida de Castro Alves e, claro, citamos também o baiano Glauber Rocha, diretor de Deus e o Diabo na Terra do Sol, O Dragão da Maldade, Terra em Transe e tantos outros filmes de denúncias das injustiças sociais.

Há 172 anos, Castro Alves foi um defensor da abolição da escravatura. Nos dias atuais, continuaria bradando contra ela que ainda está entranhada entre nos. Falaria da exploração do trabalho pelo capital, da corrupção, das tragédias anunciadas, da falta de educação e da violência que mata mais de 60 mil pessoas por ano. Mesmo de origem coronelista e aristocrática, seria  um subversivo revolucionário como foi com seu condorismo grandiloquente nas poesias do negro quando fez “A Canção do Africano” e “Vozes da África”.

Do grotesco ao sublime da sua poesia dramática, foi considerado o Victor Hugo brasileiro. Sua obra condoreira foi voltada para a vida e para a liberdade. “Os Escravos” e “Hinos do Equador” foram suas maiores obras póstumas. Em vida só escreveu “Espumas Flutuantes” quando nos seus últimos dias de vida veio do Rio de Janeiro para a Bahia num navio que soltava ondas flutuantes.

Faleceu em 6 de julho de 1871, com apenas 24 anos, mas deixou um grande legado para o Brasil e para a humanidade. Foi contemporâneo de Rui Barbosa, José de Alencar, Tobias Barreto e Machado de Assis, e aluno de Ernesto Carneiro Ribeiro, na Bahia, e de José Bonifácio, em São Paulo. Criou com Rui Barbosa a Sociedade Abolicionista de Recife onde estudou Direito. Escreveu a peça “Gonzaga ou a Revolução de Minas” que trata da Inconfidência Mineira.

Manuel Bandeira, que de início não gostou de suas poesias, escreveu o prefácio de “Poesias Completas de Castro Alves – Espumas Flutuantes, Os Escravos (Navio Negreiro) e a Cachoeira de Paulo Afonso”, da Ediouro.

Num dos trechos disse o poeta pernambucano: “Vulgarmente melodramático na desgraça, simples e gracioso na ventura, o que constituía o genuíno clima poético de Castro Alves era o entusiasmo da mocidade pelas grandes causas da liberdade e da justiça”.

É o que mais falta nos jovens e nos cidadãos de hoje que vivem encharcados de ódio e intolerância, criando monstros e contribuindo para que o país não tenha um futuro. No final do texto, Bandeira assinalou que o poeta tinha a maior força verbal e a inspiração mais generosa de toda poesia brasileira.

 





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