:: 13/abr/2018 . 23:49
E A EXECUÇÃO DE MARIELLE FRANCO?
Um mês e até agora nada sobre a execução da ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes. Será que é por causa daquela história conhecida de polícia investigar polícia? Por que tanto sigilo em torno do caso que continua um mistério?
Não somente a sociedade brasileira pede agilidade e algum pronunciamento em torno do assunto, mas também os organismos internacionais onde o Brasil é visto como violador dos direitos humanos e país da impunidade. A anistia aos torturadores da ditadura civil-militar de 1964 é um dos exemplos, entre milhares de outros mortos por criminosos no mesmo modus operandi.
Fiquei logo desconfiado quando vi aquela encenação toda em torno da captação das imagens de câmaras, percurso dos carros dos assassinos, velocidades e direções dos tiros e muita gente na cena do crime. Será que eles acharam que as placas dos carros dos atiradores eram verdadeiras?
A polícia sabe bem que os caras são profissionais e tudo foi bem montado para não deixar pistas, pelos menos para os detetives do tipo brasileiro. Enquanto a mídia fazia seus espetáculos com estardalhaços, como sempre, os indivíduos aproveitaram para apagar seus rastros. Não acredito mais em nada.
A BAHIA PODE MUDAR O CENÁRIO
Nos quesitos distribuição de renda e desigualdade social, a Bahia apareceu como campeã nacional com os piores ganhos e nível de pobreza, conforme pesquisa detectada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feita para o período de 2016/17.
No entanto, para o diretor de Pesquisas da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Armando Castro, este cenário pode mudar, como ocorreu entre 2003 e 2015 a partir das transferências de renda e aumento real do salário mínimo.
O diretor citou que na Bahia, a renda dos 10% mais pobres cresceu 33% em termos reais entre 2007 e 2015, enquanto dos 10% mais ricos teve uma elevação de somente 7%.
Argumentou que a queda de renda dos mais pobres entre 2016/17 foi influenciada pela pressão do aumento do desemprego sobre os salários mais baixos e pelos cortes no programa do Bolsa Família. Apontou que a pesquisa estimou 1,4 milhões de famílias recebendo o benefício na Bahia em 2017, enquanto em 2015 eram 1,8 milhões.
Até certo ponto, este raciocínio pode ser válido se o estudo fosse restrito à Bahia. Acontece, porém, que a pesquisa foi de âmbito nacional e outros estados também sofreram o mesmo baque da crise e dos cortes nos programas sociais. Existe algo mais errado nisso tudo para a Bahia bater o recorde negativo na distribuição de renda.
Fora o papo político, o lamentável nisso tudo é que a desigualdade social no Brasil é a mais perversa do planeta e, a cada ano, milhares ingressam na extrema pobreza, tirando toda dignidade do ser humano. É um capitalismo vampiresco de um governo neoliberal arrebentando com a classe trabalhadora, principalmente com a reforma trabalhista escravocrata.
A EDUCAÇÃO E OS PROBLEMAS SOCIAIS
Sem cidadãos pensantes, os gênios malditos têm terreno livre para agir e tornar nosso país num lugar de trevas. É preciso saber distinguir o verdadeiro do falso. Tudo tem a ver com a educação, inclusive no aspecto da distribuição de renda no Brasil, uma das mais perversas da terra.
Todos concordam que a educação de qualidade é a saída primordial para o desenvolvimento e a redução gradual da desigualdade social, uma das mais profundas e cruéis do planeta que leva milhões a viver na extrema pobreza. Por que, então, os governos não investem pesado no setor, como meta prioritária nos seus programas de trabalho? Será culpa da elite burra e retrógrada que não quer ver a ascensão das camadas mais baixas?
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (2016/17) dá conta que a Bahia liderou o ranking nacional da desigualdade de renda no período, sobretudo por sexo, cor ou raça. O salário médio real da metade dos trabalhadores que ganhavam menos na Bahia caiu de 472 reais para 444, enquanto o rendimento médio dos 10% de trabalhadores com maiores salários aumentou de 5.946,00 reais para 7.833,00 reais. De acordo com os pesquisadores, a concentração de renda tem a ver com a escolaridade e a geração de emprego formal. Entre as regiões, a Nordeste é a mais desigual.
Há séculos a educação nunca esteve no primeiro plano das ações políticas, cujos personagens se habituaram a usar a ignorância para se elegerem. Ai os problemas sociais, de saúde e de violência se agigantaram de uma forma que, em paralelo, estes itens têm de ser reforçados para que o projeto educacional prospere. Fica difícil transmitir conhecimento de conteúdo para uma criança com fome, doente ou com problemas familiares de ordem econômica e social em casa.
Mesmo o professor sendo preparado, como ensinar uma criança cujos pais são alcoólatras, viciados em drogas, e em um lar onde o ambiente é de constante violência, sem contar o aspecto de pobreza? Fora estes problemas, muitas vezes o aluno reside em áreas de risco nas cidades e vive em permanente tensão psicológica. Em outros casos tem irmãos traficantes, e ele está sempre tentado a deixar a escola.
No meio rural, a degradação social não difere muito, sem contar a distância que o estudante tem que enfrentar entre sua casa e o colégio, muitas vezes estradas intransitáveis, rios e matos fechados. Por tudo isso e mais as péssimas condições das salas, o ensino termina sendo improdutivo. Nesse emaranhado de dificuldades, somente poucos conseguem sobressair virando manchetes de jornais como verdadeiros super-heróis.
Não adianta querer mudar metodologias, trocar disciplinas, criar novas bases curriculares, as quais sempre existiram, discutir planos e mais planos, montar estratégias e treinar o corpo docente exigindo formação de nível superior, se estas questões, a maioria de ordem social, não forem resolvidas.
Não basta só a escola ser atraente se nela o aluno que frequenta é mais uma peça problemática da engrenagem, em decorrência da desestruturação familiar e da própria exclusão social em que vive. Pela falta de compromissos sérios dos governos para com a educação ao longo desses séculos, a desordem tomou proporções monstruosas em todos os níveis, tornando mais complexa e custosa a retomada do ensino de qualidade no país.
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