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LÁ SE VÃO AS FLORES DOS NOSSOS IPÊS!

ROUBAM A NOSSA DIGNIDADE, NOS CHAMAM DE “MARICAS” E AGORA QUEREM LEVAR ATÉ AS NOSSAS FLORES

O cerrado, a caatinga, as nossas florestas Amazônica e Atlântica estão sendo desmatados e queimados para dar lugar a lavouras de grãos e a pastagens de criação de gado. Agora os madeireiros ilegais, com a anuência de um bárbaro governo, estão querendo roubar as flores dos nossos Ipês, raros em brotar suas cores roxa, branca, rosa e amarelas.

Há mais de 500 anos, os portugueses que aqui aportaram suas naus, levaram o nosso precioso Pau Brasil, muito ouro das nossas minas e outros minerais. Os índios, habitantes nativos da terra, praticamente foram extintos, restando algumas reservas que estão sendo ameaçadas de expulsão. Uma grande variedade de plantas e animais, simplesmente, sumiram de nossos biomas.

Como se não bastasse a destruição que o nosso meio ambiente vem sofrendo com os devastadores incêndios provocados por grileiros, fazendeiros rurais gananciosos e garimpeiros do mercúrio, com a cobertura de um governo irresponsável e criminoso, agora querem também exportar nossos ipês que enchem os nossos olhos de encantamento quando estão floridos nas campinas e nas matas.

Isso me faz lembrar o poema de Maiakovski sobre o ladrão que entra em nosso quintal e leva as flores do nosso jardim, e nada fazemos para impedir. Os raros ipês que ainda existem em nossos campos e em algumas avenidas de nossas cidades são as flores do nosso jardim. Nosso quintal está virando um deserto inóspito.

Vamos deixar que esses usurpadores das nossas matas levem nossos ipês para o exterior, como fizeram há 500 anos com o Pau Brasil? A notícia que corre é que esta espécie, como tantas outras da sua importância e beleza, vai ser derrubada pela motosserra e liberada para o comércio. Até quando vamos suportar tanta agressão contra a nossa natureza, sem protestar e lutar?

O mais grave e irônico é que tudo isso está sendo facilitado e permitido por um órgão do governo chamado Ibama, o qual foi criado com o suor do nosso dinheiro, justamente para proteger o nosso meio ambiente, a nossa fauna, a nossa flora e as riquezas nele existentes. Esse mesmo órgão, nos dois últimos anos, foi desmontado, desmantelado e esvaziado para deixar passar a boiada dos vilões da nossa vegetação.

Será que não vamos mais ver e apreciar a beleza e a poesia das flores dos nossos majestosos ipês? Vão levar também nossas araras azuis, nossos micos-leões, nossas onças pintas e outras raridades da nossa natureza? É assim que eles, os ultraconservadores e fascistas, pregam Deus, Pátria e Família, depredando o meio ambiente e entregando nossas riquezas para outros países? Até as flores tiram de nós, e ficamos calados?

Não bastam as reações contrárias de ambientalistas e entidades por meio de palavras. A Justiça, o Ministério Público, o Congresso Nacional e toda população brasileira precisam tomar posições firmes para impedir tais barbaridades, como a liberação dos nossos ipês para o estrangeiro. Caso contrário, as novas gerações só irão conhecer a beleza das flores dos nossos ipês através de fotografias.

“HISTÓRIA DO POVO CIGANO” (Parte II)

“A PRESSÃO DAS GRILHETAS”, A ESCRAVIDÃO E AS LEIS RIGOROSAS DE PENAS DE MORTE E TRABALHOS FORÇADOS

O cerco começou mesmo a se fechar contra eles entre o meado do século XVI até o final do século XVIII e início do XIX, um dos períodos mais tenebroso para os ciganos na França (Tsiganes), na Alemanha (Zigeuner), na Espanha (Gitanos), na Inglaterra (Gipsies), na Hungria (Czingaros), na Holanda e outros países, conforme narra o escritor Angus Fraser, no capítulo “A Pressão das Grilhetas”, no livro “História do Povo Cigano”.

Esse povo continuou a ser visto como criminoso por causa da sua posição na sociedade. Os preconceitos raciais (pele escura) e as hostilidades religiosas ficaram mais arraigadas, com condenações como vagabundos, mendigos e por práticas pagãs de feitiçarias. Sem domicílio fixo, eram considerados como inúteis. Para as autoridades, os ciganos tinham que ser corrigidos através da coerção e pela pressão das grilhetas (galés).

Quando os ciganos ofereciam serviços legítimos à população, como assinala o autor do livro, corriam o risco de atrair a má vontade de mercadores e artesões ambulantes que violavam os monopólios locais. Temiam ainda pela repugnância que suas ocupações de funileiros, bufarinheiros e saltimbancos suscitavam nos detentores do poder.

LEIS E PENAS MAIS RIGOROSAS

Contra eles, as leis foram se multiplicando, e as penas tornando-se mais rigorosas. Na Inglaterra, os anos 1550 a 1640 corresponderam ao auge da atividade contra os “homens sem dono”. Em 1554, no reinado de Filipe e Maria foi promulgada uma lei que os tratavam de malignos e abomináveis.

As leis de 1530, de Henrique VIII, da Inglaterra, foram agravadas. Quem trouxesse ciganos para o país seria multado, e o transportado que ficasse por um mês, era considerado criminoso. Só escapava do castigo quem abandonasse “essa ociosa e ímpia vida”. Todas as licenças e passaportes adquiridos (usados pelos egípcios) foram anulados.

Ainda como parte das leis, quem andasse na companhia “desses vagabundos ou falsificadores de documentos” seria morto e suas terras confiscadas. Muitos foram considerados culpados e enforcados. Em 1596, mais de 100 ciganos foram sentenciados à morte. A última vez que na Inglaterra enforcaram pessoas, simplesmente por serem ciganas, “parece ter sido em 1650”.

O decreto de 1572 foi o mais duro de todo o reinado de Isabel (lei para o castigo de vagabundos). Nele, pessoas com idade de 14 anos, ou mais, seriam chicoteadas e queimadas as cartilagens das orelhas com ferro em brasa. Os filhos, entre 5 e 14 anos, podiam ser entregues ao serviço de outro, se tornando escravos por cerca de 19 anos.

A lei da vagabundagem, de 1822, estabelecia que todas as pessoas que se digam ciganas, leitoras das mãos, habitantes de tendas e carroças são consideradas bandidas, com pernas de seis meses de prisão, Só em 1824, a referência que se especificava diretamente a ciganos, foi abandonada.

Na Escócia, de Maria Stuart, de 1574, as penas eram parecidas e rigorosas. Nelas continham espancamentos, queima de orelhas e execuções. É bom lembrar, como cita o autor do livro, que sempre existiam conflitos entre clãs de ciganos, mas as autoridades pouco se importavam, com intenções de que eles mesmo fossem exterminados entre si.

“LEI DOS EGÍPCIOS” E AS GALÉS

No reinado de Jaime VI (1579), e mesmo em 1597, surgiram novas leis ainda mais duras. Em 1609, foi criada a “Lei dos Egípcios” que tratava da pena de morte e bania os ciganos. No entanto, aquele que desempenhasse alguma função deixaria de ser criminoso. As mulheres apanhadas sem filhos seriam enforcadas, e as com filhos, chicoteadas e queimadas nas faces. A última vez que a pena de morte foi aplicada na Escócia a uma pessoa apenas por ser cigana foi em 1714

Na França, a repressão levou mais tempo. Eram barradas as entradas de ciganos. Mesmo assim, Henrique IV convidou, em 1607, um bando de ciganos artistas para dançarem com ele em sua corte. Foi um dos países que mais endureceu as penas e castigos, jogando os ciganos nas galés dos navios até a morte, para soerguer sua marinha.

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NATAL CHEGANDO!

Como o tempo passa rápido! O Natal novamente está chegando às nossas mesas, e olha que está foto está completando um ano de confraternização. Não é uma data que me deixa muito alegre, talvez pela banalização que ela se tornou em nosso mundo real desumano onde as pessoas em geral só pensam em consumir, sem muito olhar para seus semelhantes. Mesas recheadas em muitas casas, quando milhões no Brasil (mais de 30 milhões) passam fome. Neste ano vai ser um Natal diferente, mais restrito por causa da pandemia que no Brasil já ceifou mais de 170 mil vidas. Triste para quem perdeu seus entes queridos para este vírus que separou muita gente, e nos levou ao isolamento. Diante de tantas desigualdades sociais, de injustiças e quando poucos são os detentores de tantas riquezas e muitos ficam com pouco, não dá para festejar com alegria. Quando nosso meio ambiente está sendo destruído por um governo bárbaro, não dá para comemorar. Vamos fazer um Natal mais reflexivo, e sem consumismos exagerados. Que uns pensem nos outros, mas o Natal está chegando para nos saudar.

PEDAÇOS DE IDEIAS

        Poema de autoria do jornalista e escritor jeremias Macário

É preciso seguir os caminhos do seu guardião,

Sem a mente suja da cegueira fanática religião;

Não deixar se seduzir pela bela aparência vilã,

Porque se não foi hoje minha vez, será amanhã.

 

A ligação amorosa é uma invenção da solidão.

Ao se ler um poema, ele está olhando pra você;

A tela nos contempla, enquanto interage o ser;

Pedaços cortados de mim, emendas do viver.

 

O complicado se sente culpado por estar vivo;

Depois de noite mal dormida, o dia não inspira;

O ilusório pode ser real, a palavra uma mentira.

 

Cada dia tem que se matar mais um demônio;

Os olhos pensam e a mente confusa nos engana;

Ideias serpenteiam nas correntes da fé profana.

MANIFESTO DE SOLIDARIEDADE

Manifesto minha solidariedade aos companheiros do site “Sudoeste Digital”. É o apoio de um veterano jornalista que conviveu com a censura durante a ditadura militar (1964-1985), e hoje, após quatro décadas, sente a mesma indignação ao constatar que os órgãos de imprensa continuam a ser alvo dos atos de repressão. Os métodos são diferentes, mas a finalidade é a mesma: impedir que a verdade prevaleça.

O que causa espécie, aqui, em Vitória da Conquista, é ver que a mordaça está sendo colocada por um profissional da Comunicação, que, por muitos anos, se utilizou do rádio – e ainda é assíduo visitante das emissoras da cidade – para abrir o caminho da política, edificada com elogios e críticas aos seus correligionários  e adversários.

Recordo-me que, nos primeiros meses à frente da prefeitura conquistense, Herzem Gusmão trouxe um  advogado de Salvador, o mesmo que defendeu a ditadura (1988 a 2013) no Esporte Clube Bahia. O prefeito pretendia, através da Justiça, silenciar os “jornalistas comunistas” da cidade, que, na sua opinião,  zombavam dos seus projetos, como colocar fralda nos animais que puxam as carroças.

Antes de comentar – outros colegas já o fizeram – os atos que Herzem considerou como censuráveis, vale levar ao conhecimento do gestor o artigo 220 da Constituição de 1988: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição”.

Herzem se valeu da Justiça Eleitoral para impedir que a publicação de reportagem, cuidadosamente apurada, relatando que, por um erro de planilha, o município vai colocar R$ 1,3 milhão nas obras do Terminal de Ônibus da Lauro de Freitas, orçadas inicialmente em R$ 5,6 milhões. Multado quatro vezes por infração ao Código Eleitoral, o candidato do MDB sofreu nova derrota.   Agora ele coíbe a divulgação de pesquisas eleitorais, colocando sob suspeita o trabalho de um conceituado órgão de imprensa, o centenário jornal “A Tarde”.

Os exemplares dos últimos quatro anos do Diário Oficial do município, com os atos de exoneração de sete secretários de Comunicação, são a prova inquestionável  do intolerável relacionamento de Herzem Gusmão com as pessoas que trabalham diretamente sob suas ordens. A última jornalista demitida do cargo revelou que seu chefe, chamado de rabugento pelos próprios correligionários, era de difícil convivência. O Partido Social Cristão (PSC), em nota divulgada esta semana, anunciou que não apoiaria o “irmão evangélico” no segundo turno das eleições. E justificou: ele é truculento e avesso ao diálogo.

A imprensa no Brasil, salvo os veículos que permaneceram apoiando a ditadura, viveu sete anos de angústia. Oficializada em 13 de dezembro de 1968, com a assinatura do AI-5, a censura se tornou violenta. Nos primeiros anos, os agentes da PF apreendiam jornais e revistas nas bancas, ou enviavam bilhetes, determinando, por exemplo, que não se divulgasse uma epidemia de meningite no país. Posteriormente, ocuparam as redações. Munidos de tesoura, tiravam das páginas o que eles achavam que o povo não podia ter conhecimento. Repórter do “Estadão” na época, li muitos versos de “Os Lusíadas”, do lendário autor português Luís de Camões (1524 a 1580), inseridos nos espaços de textos censurados pelos agentes da Polícia Federal.

Companheiros, continuem com a missão de divulgar Vitória da Conquista, sem se deixar intimidar por um censor provinciano.

Carlos A. González – jornalista

 

 

 

 

NO PAÍS DAS “MARICAS” E A BRUTALIDADE HUMANA NO CARREFOUR

As aglomerações, as baladas dos inconsequentes, as praias, as viagens nos feriadões, um governo carniceiro que chama os brasileiros de “maricas” e as eleições municipais fizeram voltar uma nova onda de pandemia da Covid-19, com muitas UTIs de hospitais lotadas. Logo vão aparecer o derramamento de lágrimas e os apelos desesperadores, clamando por uma vaga nas unidades de saúde.

Dá para entender o comportamento desse povo quando o Brasil acaba de registrar mais de 170 mil mortos? Milhares de vidas poderiam ter sido preservadas se houvesse mais respeito pelo ser humano, mas o que existe é falta de isolamento e distanciamento. Diante das imagens diárias de irresponsabilidades, já era previsto este novo pico. Os infectologistas e epidemiologistas já vinham alertando para a questão, mas a insensatez fala mais alto.

Para completar o caos na saúde pública, temos um governo que nega a ciência; não está em sintonia com os governadores e prefeitos; desestimula a aprovação de vacinas; e tem um Ministério da Saúde que segue na contramão do combate ao vírus para salvar vidas, dizendo, e daí! Mais de seis milhões já foram infectados, e os números só tendem a crescer porque a maioria acha que tudo acabou.

A mídia faz a festa das vacinas que estariam logo chegando para atender a população, mas tudo é obscuro e confuso porque não existe planejamento, e as informações são desencontradas. O povo se ilude e abre a guarda, achando que a vacina é só questão de dias, quando não é verdade. Ainda vai demorar, e quando ela chegar, a distribuição vai ser uma “guerra”. Estamos num país desgovernado, esperando a contar bater 200 mil almas vítimas da doença.

O vírus da barbárie e da brutalidade

Não temos somente o vírus da Covid-19, mas outros que assolam o nosso pobre país, quais sejam da ignorância, da corrupção que nunca se acaba, da ganância capitalista que oprime e escraviza o trabalhador, da violência policial, do racismo, da homofobia e o da brutalidade entre brasileiros, como o visto no final de semana contra um negro no supermercado Carrefour, em Porto Alegre.

Diante de todos esses acontecimentos bárbaros, que faz rasgar de piedade o coração do mais ímpio e empedernido, ainda tem muita gente que enche a boca para dizer que vivemos num mundo civilizado, só porque exibe a “merda” de um celular na mão, pronto para fazer um PIX, um DOC, um E-Título, um E-Comércio, um bate-papo de boatos falsos e destilar ódio e intolerância contra os outros que não concordam com sua posição.

A questão é que o ser humano perdeu a razão para essa tecnologia que reduziu a capacidade do pensar e do refletir. O homem está cada vez mais ficando isolado, como o homo office que se tranca num apartamento diante de um computador para fazer as tarefas que o patrão ordena.

Tudo isso é muito bom para o capital que reduz seus custos, não se preocupando com o grau de desumanização que provoca. O trabalhador perde o contato pessoal (calor humano) com seus colegas de serviços; deixa de trocar ideias; de se relaxar; e vai entrando em estresse até estourar os nervos. Ele vai ficando tenso com as cobranças diárias, e num dia qualquer sofre um enfarto fulminante. Quem importa p

“HISTÓRIA DO POVO CIGANO” (Parte I)

PELOS SOFRIMENTOS A QUE FORAM SUBMETIDOS DURANTE SÉCULOS, PRATICAMENTE DIZIMADOS PELOS NAZISTAS DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1938 A 1945), TODA NAÇÃO CIGANA MERECE UMA AÇÃO REPARADORA POR PARTE DA HUMANIDADE, QUE COMETEU BÁRBAROS CRIMES CONTRA UM POVO QUE NUNCA TEVE UMA PÁTRIA.

Entre os séculos XVI a XIX, e ainda no início do XX, por mais de 400 anos, os ciganos (vários nomes por onde passaram) foram vítimas de horríveis crueldades, principalmente nos países europeus do ocidente e do oriente (Império Austro-Húngaro e Império Otomano), como torturas, marcados com ferro em brasa, esquartejamento, enforcamento, separação de suas famílias, trabalhos forçados nas galés, orelhas cortadas, escravidão e outros tipos de barbaridades.

O holocausto dos judeus é bastante conhecido no mundo, mas pouca coisa se sabe sobre os crimes desumanos cometidos durante séculos por reis, rainhas, títeres, príncipes, tiranos sanguinários, condes, duques, policiais, pela Igreja Católica e pela nobreza em geral. França, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Hungria, Romênia, Escócia e Holanda foram os países que criaram leis e decretos mais severos de caça aos ciganos.

SEM ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

Quase tudo foi apagado da memória desses povos, porque os ciganos, pela própria natureza de suas origens nômades, sempre foram desprovidos de uma organização social e política, para denunciar as atrocidades sofridas e cobrar sua dívida, como fez a comunidade judaica que puniu em tribunais os culpados assassinos. Como os negros africanos, viveram mais de 300 anos de escravidão (Valáquia e Moldávia – Romênia), sendo acorrentados, açoitados, mortos e vendidos em leilão pela nobreza, pela Igreja Católica (mosteiros) e donos de propriedades.

Os tempos mais macabros foram entre os séculos XVII ao XIX, e tudo isso é contado pelo inglês Angus Fraser, acadêmico e uma autoridade no assunto em seu livro “História do Povo Cigano”, com base em profundas pesquisas de escritores, achados arqueológicos, arquivos documentais de vários países, narrações de viajantes, testemunhos e matérias em jornais da época.

Trata-se de uma obra investigativa sobre as origens dos ciganos na Índia (outras teorias falam de egípcios e gregos), para depois traçar um quadro das migrações, desde o começo da Idade Média até hoje. De província em província, circularam pelo Oriente Médio, Armênia, países balcãs (Sérvia, Croácia), pela Europa e pelo resto do mundo. Pela sua semelhança linguística (fonética, morfologia e sintaxe) e antropologia física, tudo indica que a língua Romani veio do Hindi (Hindu) depois do sânscrito.

Chamados de egípcios, sarracenos e tártaros, os ciganos sempre foram conhecidos pelas suas músicas e danças, pelo talento para trabalhar metais, adestrar ursos, ler a sina e negociar objetos e animais, sobretudo cavalos. Diante de todas as adversidades dos preconceitos das populações, vistos como trapaceiros, vagabundos, vadios, ladrões, preguiçosos e até raptadores de crianças, os ciganos sempre foram criativos para manter sua sobrevivência, atuando no mercado como exímios empreendedores.

Ao longo dos séculos, conseguiram preservar sua herança cultural, ultrapassando fronteiras. Desde seu aparecimento na Europa, há mais de nove séculos, sempre recusaram adotar uma vida sedentária e convencional, mesmo diante de todas as pressões vividas. Continuam sendo incompreendidos e ultrajados, mas mantendo suas identidades, conforme concluiu o autor do livro.

PÉRSIA, IMPÉRIO BIZANTINO E OS BALCÃS

Na lenda, o historiador árabe Hanza de Ispahan (950), relata que o monarca persa (Irã) Bahram Gur, cujo reinado terminou em 438, depois de decidir que seus súditos deveriam trabalhar metade do dia e passar o resto do tempo a comer, beber e farrear em companhia de um som musical, um dia encontrou um grupo que trazia vinho, mas não tinha músicos.

Ao censurar por não estar com uma banda, um dos membros explicou que havia tentado contratar os serviços de um músico, mas não conseguiu encontrar ninguém. Então, o monarca conversou com o rei da Índia e solicitou para lhe mandar 12 mil músicos, que foram distribuídos por várias partes da Pérsia. Os seus descendentes, conhecidos como Zott, ainda por lá viveram.

Meio século mais tarde, essa versão é encontrada no poema épico nacional que narra a história do país em 60 mil versos (Livro dos Reis), de Firdawsi, que se refere a um pedido feito por Bahram Gur ao rei Xangul, da Índia, de músicos e artistas, “porque aqui os indigentes bebem vinho sem música, e a classe abastada não pode aprovar esse estilo”. O rei, então, enviou dez mil homens e mulheres que tocavam o alaúde.

No poema, este povo é conhecido também como os Luri, e o persa deu a eles trigo, gado e burros, e despachou-os para as províncias para que pudessem trabalhar como lavradores e também fazer música para os pobres. Acontece que os Luri, em um ano, consumiram tudo no esbanjamento, na farra.

O monarca ficou irado e ordenou que eles passassem a viver de suas canções e de suas chiadeiras de seda por conta própria. No entanto, todo ano deviam viajar pelo país e cantar para o povo da alta e da baixa condição. “Os Luri, a quem este mandado agradou, andam agora pelo mundo procurando serviços, na companhia de cães e lobos, e roubando pelos caminhos, de dia e de noite”.

Pela lenda, tudo indica que se tratava de um povo cigano que começou seu êxodo no tempo de Bahram Gur, mas o grupo deve ter se estabelecido na Pérsia muito antes do século X. O interessante é que os nomes Zott e Luri ainda são persas para ciganos na Síria, na Palestina e no Egito, para onde eles adentraram com seus bandos e tendas.

NÔMADES PEREGRINOS E SALVO-CONDUTOS

Esse evento da primeira entrada dos ciganos em territórios cristãos foi registrado pelo cronista árabe Tabari, que conta que um grande número foi feito prisioneiro, em 855, quando os bizantinos atacaram a Síria e depois expulsaram esse pessoal, que passou a viver em outras nações como nômades.

Muitos deles passaram a vagar, de acordo com o autor do livro, pela Armênia, Grécia (sua língua Romani sofreu muita influência do grego) e pelos países Balcãs. Desses lugares partiram para a Europa oriental e depois ocidental, por volta do século XV (início dos anos 1400).

Para serem aceitos se diziam peregrinos cristãos vindos do Egito onde foram “condenados” a viver de lugar em lugar porque um bando de sua gente se recusou a receber a Família Sagrada (Maria, José e o Menino Jesus) em suas tendas, quando, perseguida por Herodes, fugia pelo deserto.

Em outras passagens das escrituras, contam que foi um padre (Miguel) que espalhou essa lenda, e que os ciganos foram amaldiçoados pela Igreja a viverem assim como errantes, para se redimirem da recusa de não terem acolhido o Infante.

Certo, ou não, como peregrinos (muitos diziam seguir para Roma se encontrar com o Papa) eram melhor aceitos onde chegavam e até recebiam auxílio em dinheiro e alimentos. Se autodenominavam de Egípcios, e assim passaram a ser chamados nos lugares por onde andavam.

Nos séculos XV, XVI e XVII, os ciganos conseguiram salvo-condutos de reis, rainhas, imperadores, condes, duques, fidalgos e até do Papa (muitos eram falsificados), para atravessar a Europa, e muitos chegaram a ser condes e duques como chefes de seus bandos. Sentaram nas mesmas mesas dos nobres e fizeram apresentações nas cortes reais, recebendo em troca apoios financeiros e somas em mantimentos.

Com o passar do tempo, esses salvo-condutos foram sendo desacreditados de principado em principado, dando lugar às perseguições e expulsões em territórios por onde transitavam. Para se livrarem das prisões, muitas delas com torturas e mortes, os ciganos se escondiam em lugares mais inóspitos, como florestas fechadas, cavernas e entre fronteiras onde pudessem se deslocar de um país para outro.

A PRAÇA É NOSSA POESIA

Nas lentes do jornalista Jeremias Macário, em ângulos diferentes, a Praça Tancredo Neves respira gente, muitas árvores, flores, palmeiras, água, aves e poesia. Como dizia o poeta, a  praça é nossa, como o céu é do Condor, e essa é de todos os conquistense a mais visitada. É para lá que muitos vão namorar, meditar, rezar e até fazer suas poesias em homenagem à natureza, à vida, à morte e ao ser humano. Nela também está um monumento que homenageia muitos baianos que foram tombados durante a ditadura civil-militar de 1964, por discordarem do regime opressor dos generais. Em maio de 64, uma tropa de 100 soldados invadiu Conquista para prender e cassar cerca de 100 políticos, vistos pela ditadura como subversivos e comunistas, inclusive o prefeito Pedral Sampaio, que foi arrancado, inconstitucionalmente, à força do seu cargo. A ditadura passou, mas a praça com suas ideias continua nossa. É lá que as pessoas vão se relaxar do estresse do dia a dia. Pena que muitas outras da cidade andam meio abandonadas e sem o devido cuidado, como a da Tancredo Neves, bem no centro da cidade, sempre exibindo toda sua exuberância em união permanente com o céu e a nossa alma. É o nosso cartão postal. É o coração verde que pulsa e bomba o sangue para todo nosso corpo.

RASGA NO PEITO A DOR

Poema mais recente de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

De tanto viver neste sol inclemente,

Que racha a terra e arde a mente,

Entre as secas veredas de espinhos,

Onde as aves não fazem seus ninhos,

Rasga no peito a dor do nordestino,

Que viu morrer de fome seu menino.

 

Rasga no peito essa dor vaga latina,

Em ver a mulher a chorar no fogão,

Numa cozinha de panelas vazias,

De olhar fundo com marcas do sofrer,

Saudades eternas da nossa menina,

Que teve a mesma sina da falta do pão.

 

Rasga em meu peito essa dor assassina,

De ver tanta gente a padecer na espera,

Outros a viver em mansões de quimera,

Oh Senhor Deus do poeta da dor rasgada!

Olhai para esse povo no arrasto da enxada!

A rogar que dos céus desça a graça divina.

 

Rasga no peito essa dor contínua,

Pior que a dor canina de dente,

Que enxaqueca de cabeça doente,

É essa dor que jorra na alma sofrida,

De um povo ferrado em curral de boi,

Que procura por uma justiça que se foi.

 

 

UM NOVO SURTO DA COVID-19

Como já previa no final de setembro para outubro, o Brasil está diante de um novo surto da Covid-19, tudo por egoísmo e irresponsabilidade do povo, principalmente dos nossos jovens que caíram nas baladas, e de um presidente bárbaro negacionista da ciência, que prefere chamar os brasileiros de maricas, e, cinicamente, dizer que todo mundo vai morrer mesmo.

A tendência é retornarmos ao que era antes no meado do ano, ou até numa situação pior em termos de casos. Foram mortos mais de 160 mil pessoas e quase seis milhões de infectados, quando esses números poderiam ser bem menores se houvesse a cultura do isolamento e do distanciamento.

Para agravar mais ainda o quadro, o capitão-presidente debocha e faz pouco caso do vírus, destoando completamente das ações das secretarias estadual e municipal de saúde. Dois ministros médicos foram exonerados do Ministério da Saúde, há meses ocupado por um general que nada entende do setor, além de depender das decisões do capitão.

O número de novos casos só faz aumentar, embora não esteja acontecendo o mesmo em relação às mortes. No entanto, a tendência é crescer, mesmo a doença sendo mais controlada porque houve um aprimoramento nos métodos de tratamento. Enquanto não chega a vacina (o presidente politiza a questão), as aglomerações continuam ocorrendo nas cidades.

Estamos vivendo o absurdo dos absurdos no Brasil, um país cada dia mais isolado e malvisto lá fora como transgressor do meio ambiente, que anda na contramão das outras nações, ao ponto de não reconhecer a vitória do novo presidente eleito dos Estados Unidos.

No entanto, a população está dando a resposta através das urnas, com a reprovação de seus candidatos. Nem a ala militar está apoiando suas loucuras psicopatas. Seu admirador Trump está indo embora do cenário extremista e contraditório, se bem que ainda existem uns malucos por aí que insistem em seguir suas ideias retrógradas, que não cabem mais em nosso meio. O rei está nu e logo vai perder seu “trono”.

 





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