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:: 1/abr/2018 . 8:45

O CHOCOLATE DA MÍDIA QUE PERDEU SEU PAPEL HISTÓRICO DE INFORMAR

Menos incitação ao consumismo e mais humanismo. É isso que se espera da mídia que tem se esquecido da dura realidade brasileira. Diante de tanto aperto financeiro das famílias, de excluídos do convívio social e de milhões de desempregados, o repórter é pautado para noticiar a venda de chocolates nos supermercados, atendendo mais a um dos caprichos do sistema consumista.

Por que não mostrar também o outro lado onde milhões não têm dinheiro nem para comprar o feijão com arroz? Praticamente não temos uma imprensa alternativa que saia dessa mesmice publicitária comercial que só empurra as pessoas, mesmo sem condições, a comprar produtos e mais produtos nestas datas criadas pelo setor.

Não sou nenhum ingênuo para não saber que tudo faz parte do jogo capitalista e que a mídia necessita faturar para sobreviver, mas não que ela entre totalmente de cabeça neste esquema e não possa mostrar o que está por trás desse paraíso surreal. Isso acontece na páscoa, no período natalino e em outras épocas que fomentam a cultura do consumismo desvairado.

Levada pelo apelo comercial, que conta com a força persuasiva da mídia, principalmente da imagem televisada, muita gente se entrega a esta onda fazendo sacrifícios sem puder e termina se endividando. É tudo maquinal. As pessoas compram porque outras fazem o mesmo, como se fossem obrigadas a cumprir um ritual e não pudessem ficar de fora para não serem vistas como antissocial.

Não existe entre nós um segmento alternativo da imprensa que nestas ocasiões faça matérias sobre o Brasil pobre que está bem longe do alcance dessas comemorações festivas inventadas pelo comércio, a maioria imitações norte-americanas. O que a mídia tem feito é induz para que as famílias consumam mais e mais, sem a consciência do que estão fazendo.

Tem a camada privilegiada que pode participar da festa para se exibir, os penetras que entram sem puder, mesmo sem sentido da coisa, e a grande maioria de excluídos que frustrada fica de fora das extravagancias. Muitos, felizmente, não embarcam nesta cultural artificial e descartável.

QUASE NADA SOBRE A DITADURA

Mas, não é somente nesta questão que a nossa mídia tem cometido seu pecado capital. Ela se habituou a cobrir escândalos, tragédias humanas e naturais, bárbaros assassinatos, execuções (caso da morte de Marielle Franco), chacinas e fatos históricos lamentáveis e logo depois se afasta da cena sem dar o devido seguimento, as chamadas “suítes”. Neste sentido ela tem colaborado para que o povo esqueça sua história e assim repita os mesmos erros do passado.

São muitos os exemplos que poderiam ser aqui listados, mas vou me reportar ao 1º de abril de hoje de 2018, que está completando 54 anos da ditadura civil-militar que, com sua repressão de fogo e ferro, torturou e matou muitos brasileiros que se levantaram contra o regime. Pouco se tem falado da data para o público, enquanto os generais festejam em seus quarteis como uma “revolução” que tirou o povo do cativeiro.

A mídia tem a obrigação de exercer seu papel histórico, de estar sempre relembrando estes acontecimentos através de entrevistas, reportagens jornalistas exclusivas e documentários. Isto serve para que a população tome conhecimento, principalmente os nossos jovens que, no caso específico da ditadura de 64, quase nada sabem do assunto.

É por estas e outras que tem muita gente maluca por aí pedindo a volta dos militares ao poder, e a maioria inculta entra no embalo, falando impropérios e repetindo besteiras que escuta dos extremistas retrógrados. Como as feridas continuam abertas com a anistia dos torturadores, essa saída suicida de acabar com a liberdade ganha cada vez mais espaço na sociedade.

A mídia tem muita culpa nisso porque ela se distanciou da sua missão precípua de bem informar sobre os fatos e passou a fazer apenas o factual de sempre, com cunho mais publicitário e consumista, só pensando na audiência e no faturamento.

Para resumir, a nossa mídia está mais pobre em conteúdo. Deixou de fazer com que as pessoas reflitam mais sobre sua realidade e sua história. Ela perdeu muito o seu lado investigativo e provocador. É lamentável, mas é a verdade. Alguns impressos ainda pontuam estas questões.





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