Até segunda-feira (dia 17/11) o clube dos nove das empreiteiras negava que tivesse cometido alguma irregularidade nos contratos das obras da Petrobrás, ou da “Petropino”. Agora, seus advogados estão alegando que seus executivos foram forçados a pagar as propinas exigidas pelos diretores da estatal. De vilões passam a ser vítimas! Que coitadinhos, ingênuos!

Do outro lado, os partidos (PT, PMDB e o PP) continuam a subestimar a inteligência do brasileiro, insistindo que todos os recursos de campanha estão legalmente registrados no Tribunal Superior Eleitoral, como se algum diretório fosse colocar em seu relatório o recebimento de dinheiro sujo. Mais uma vez, acham que todo mundo é burro.

A presidente Dilma, lá da Austrália, diz que pela primeira vez na história do país um governo investiga a corrupção a fundo, e que o fato é um marco que vai por fim à impunidade (já vimos este filma). Quem sempre inviabilizou a CPI Mista do Congresso, negou que existissem malfeitos e cobriu de elogios a saída voluntária do diretor Paulo Roberto Costa? Será que o brasileiro sofre de amnésia aguda?

É bom que se diga que o Judiciário, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal não são instituições do governo e sim do estado. O juiz federal, Sérgio Mora, o novo Joaquim Barbosa, e outros que estão na Operação Lava-Jato trabalham com independência. São funcionários que passaram através de concurso público.

Só a holandesa SBM, que confirmou o pagamento de propina, não vai ter mais serviços. Para as outras empreiteiras que negam, o governo vai manter os contratos, sem revisão. Não é uma grande contradição para quem fala em investigação histórica?

Depois que a Operação passou para a etapa do “Juízo Final” – deve vir a do “Inferno do Congresso” quando aparecer a lista dos políticos envolvidos – formou-se uma fila de delatores premiados. O Pedro Barusco, ex-gerente executivo de serviços da Petrobrás (disse que vai devolver 252 milhões de reais), o Júlio Camargo, da Toyo Setal, o Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e outros estão se juntando ao ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa (vai devolver 70 milhões) e ao Alberto Youssef, o cabeça do esquema. O próprio Camargo confessou que pagou 12 milhões de reais aos ex-diretores Renato Duque e para Pedro Barusco.

O esquema de cartelização, corrupção interna e externa, desvios de dinheiro e outros crimes praticados não estão apenas restritos a Petrobras, mas se estende às refinarias Abreu e Lima, Complexo do Rio de Janeiro, Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, São José dos Campos e às hidrelétricas de Belo Monte, Santo Antônio, Jirau e à transposição do Rio São Francisco. É muito dinheiro roubado!