NA REPÚBLICA DOS GENERAIS
A impressão que ficou evidente na entrevista do vice-presidente general é que somente os militares têm competência e são os honestos e incorruptíveis, e que todos os civis do Brasil não merecem mais confiança em cargos de governança do país, depois das falcatruas generalizadas nos últimos governos, especialmente do PT. Todos são sujos e não sabem como administrar a coisa pública, sem desperdícios.
O mais contraditório nisso é que os “baluartes” contra a corrupção querem o senador Collor de Melo na presidência do Senado, logo ele alvo de um monte de denúncias na força tarefa da Lava Jato. O ex-deputado queridinho do capitão ligado aos produtores rurais (bancada rural) foi nomeado para ser defensor das nossas florestas, e prometeu não haver indicação política. É o mesmo que colocar raposa no galinheiro. Antes o pai do presidente e seu filho disseram dispensar o foro privilegiado, mas agora defendem e até o sigilo. Logo mais pedem a censura.
TANTOS MILITARES NO PODER
Estamos apenas começando, mas já deu para se perceber que nem no período da ditadura civil-militar – para o presidente-capitão não existiu nada disso – houve tantos militares no poder da República, do primeiro ao segundo escalão e até no terceiro. Que seja bem-vinda a moralização, mas que a imprensa seja livre para denunciar os possíveis desvios de conduta, porque no regime de exceção era impedida pela censura.
Como muitos camisas amarelas da seleção pediram nas ruas, e diante do grande contingente de fardados das forças armadas nos ministérios e secretarias, estamos sendo agora submetidos a uma intervenção militar branca, pelo menos por enquanto. A mídia “amarelou” e apenas se limita a noticiar os fatos do dia, sem se aprofundar na questão.
Pode até ser uma visão absurda, mas o povo brasileiro, sempre conservador e subserviente demais aos patrões, não dá muita importância para a liberdade de expressão, com exceções do segmento mais esclarecido que sempre esteve na linha de frente de combate à mordaça e às imposições que vêm do alto.
Durante toda esta história de 500 anos, a maior parte foi de despotismo, de governos autoritários, de 300 anos de escravidão, de subjugação dos mais fracos, do esmagamento do capital sobre o trabalho, do roubo do Estado contra os cidadãos, como até nos dias de hoje onde os direitos só existem na teoria das leis. O povo se acostumou à submissão e desaprendeu a dar valor à liberdade. Raramente mostra sua face de indignação contra os maltratos e as terríveis desigualdades sociais.
A esta altura, nesses poucos dias do novo capitão que sempre aparece nas fotos e imagens ao lado de generais, almirantes, cabos e tenentes, seria temerário dizer que já estamos vivendo na República dos Generais? Pela decepção a que os brasileiros foram submetidos nos últimos anos, principalmente pelos políticos do legislativo, a maioria desesperada está concordando com esta “tomada” dos militares no governo.
Abrir a boca agora para criticar este procedimento é o mesmo que pedir para ser apedrejado; ser visto como um perdedor comunista empedernido; um cara sem noção, que fala besteiras; e que não quer ver o seu país melhorar. Devem estar pensando coisas bem piores que tudo isso junto, mas não me incomodo. Confesso que ainda é cedo para julgamentos, mas o tempo dirá, e não será preciso esperar muito.
A honestidade é necessária, mas não é com ela apenas que se adquire a competência para dirigir um país tão complexo, que não é apenas um quartel regido por uma dura disciplina onde o comandante dá a ordem e todos obedecem calados. Temos que aceitar barbaridades como a que foi dito por um ministro da Casa Civil de que em toda parte do mundo onde existe mais armamento, o índice de criminalidade é menor?











