Quando os vereadores se reúnem com a prefeita com intuito de construir uma nova sede para a Câmara Municipal, isso me faz lembrar dos equipamentos culturais que estão fechados há anos por falta de reforma, mesmo diante de tantos pedidos dos artistas, com documentos e abaixo-assinados.

O argumento dos parlamentares, que já contaram com o apoio do poder executivo através da concessão de um terreno, é de que o prédio na rua Coronel Gugé com o antigo anexo da rua Zeferino Correia, erguido em 1910, não comporta mais o contingente de 23 vereadores (há 30 anos eram 11) e que a plenária tem espaço limitado para receber os participantes das sessões.

Nosso povo tem pouca memória quando eles mesmo disseram que o aumento no número de edis não iria implicar em custos para os contribuintes. Trata-se de uma grande falácia para enganar a nossa gente que está sempre sendo manipulada e é, infelizmente, comprada na hora da votação.

O aumento de vereadores não tem como não gerar mais custos no orçamento municipal, com mais gabinetes, salários para o vereador e seus auxiliares, verbas de indenização e outros benefícios concedidos pelos cofres públicos, boa parte vinda do Fundo de Participação dos Municípios.

Outra enganação é que a plenária ou o auditório já está limitado para receber os conquistenses que frequentam as sessões. Ora, aquele auditório Carmem Lúcia só lota poucas vezes em sessões especiais em homenagem a uma determinada categoria ou em eventos mais solenes. Na maioria das reuniões ali está sempre vazio.

Portanto, considero mais um absurdo a prefeitura despender mais recursos para construir outra sede luxuosa quando não atende as reivindicações do setor cultural que vem lutando pela abertura do Teatro Carlo Jheovah, o Cine Madrigal e a Casa Glauber Rocha, na rua Dois de Julho, cujos espaços estão sendo destruídos pela ação do tempo. É por essas e outras que venho afirmando que a prefeita Sheila Lemos sepultou nossa cultura.

Pelos últimos números, existem no Brasil 60.311 vereadores. Até 2013 eram 51.748. O país gasta anualmente cerca de 24 bilhões de reais com os mais de 60 mil vereadores, dinheiro que poderia muito bem ser empregado nas áreas da educação e da saúde.

Até o período do regime militar, no início da década de 60, o vereador não era remunerado e as câmaras funcionavam bem melhor em termos de prestação de serviços à população.

Em Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia com cerca de 400 mil habitantes, só são realizadas duas sessões por semana, com pautas de poucos projetos e mais de indicações e moções de aplausos.

Além das câmaras de vereadores e assembleias legislativas, temos um Congresso Nacional (531 deputados e 81 senadores) mais caro do mundo, conservador e que legisla visando seus próprios interesses, num país com o mais profundo índice de desigualdade humana. Podemos dizer que é o maior cancro do Brasil.