O dinheiro, infelizmente, nesse nosso mundo atual é o deus maior. Por ele, filho mata pai e vice-versa. O corrupto vende até a mãe; passa a rasteira em parentes e não considera “amigos”. Depois do homem neandertal e a criação da propriedade privada, o ser humano virou um bicho pelo dinheiro.

Ouço sempre falar por aí da boca da nossa gente que tudo pela família, que ela é nossa vida e é a maior dádiva que temos. Sempre fui uma ovelha desgarrada, sem esse sentido, talvez por isso não acreditar piamente nesse papo. Existe muita falsidade, mais que sinceridade. Às vezes, um estranho ou amigo de verdade vale mais que certa família.

Na grande maioria dos casos, a família é tudo até quando não envolve dinheiro no meio. Conheci muitas famílias, aparentemente unidas, mas que se tornou uma guerra entre seus membros quando o patriarca ou a matriarca falece.

Tudo transcorre em mil maravilhas, abraços, beijos, jantares em final de semana, ceias de Natal juntos com muita alegria e paz, mas na hora da partilha de uma herança, aí o pau come e vence o mais forte. Sei de irmãos que se tornaram inimigos mortais. Ninguém mais confia em ninguém e um acha que o outro está passado a perna. Está levando vantagem.

Quando se trata de vender um bem, depois da mãe ou do pai morto, começam as discórdias e sempre tem um ou dois que se recusa assinar o documento. A intriga cai na Justiça e se passa anos sem resolver o problema. Tanto é assim, que é difícil vender um bem imóvel de herança.

Antigamente, e não é nenhum saudosismo, os filhos eram mais amorosos com seus pais e cuidavam deles até a morte. Hoje essa prática é mais rara. Quando se chega à velhice, os herdeiros querem logo é que a pessoa morra, se bem que existem exceções de desprendimento material.

Não são poucos os fatos noticiosos de crimes bárbaros de matanças entre famílias por causa de dinheiro, muitas delas enquanto o afortunado ainda está em vida. Muitos assassinatos são com armas e outros por envenenamento. Tudo pelo maldito dinheiro amaldiçoado. Na hora, não se pensa nas consequências.

A literatura, o cinema, o teatro e as artes em geral estão cheios de enredos escabrosos sobre crimes de heranças, uma boa matéria prima para escritores, cronistas, dramaturgos e poetas. Quem não tem um caso real para contar?

Eu, por exemplo, tenho muitos episódios tristes que vivenciei e me chocaram pela frieza familiar de seus membros. Uma senhora já idosa tinha um patrimônio razoável e boa quantia em dinheiro nos bancos. Todos eram religiosos e oravam juntos o terço todos os dias. A aparência sempre foi de união e compaixão.

Quando ela caiu em estado doente de não mais domínio de si, alguns parentes próximos começaram a aproveitar do seu dinheiro abrindo uma conta numa farmácia onde todos compravam remédios em sua conta. Uma irmã e uma sobrinha ficaram com seus cartões. No dia em que ela se foi, a primeira coisa que fizeram foi limpar a conta e adquirir bens, inclusive carro.  Os outros ficaram a ver navios.

Nas histórias clássicas das civilizações antigas, como na Grécia. Suméria, Egito e Roma, as lutas com mortes e derramamento de sangue por heranças, no tudo pelo poder, são destaques. Muitos livros sobre o assunto se tornam best-seller. Aliás, dinheiro e poder andam de mãos dadas onde os meios justificam os fins.