NÃO VIM PARA CONSTRUIR
Versos satíricos de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Não vou mais comprar arroz e feijão,
Vou comprar fuzil pra matar meu irmão,
Ser um idiota ignorante nesta terra plana,
Não vou usar máscara e tomar vacina,
Pra você uma banana, fela da puta sacana.
Sou AntiCristo ladrão de palmito,
Tenho o meu direito individual,
De cagar na corte do Supremo Federal,
Canalhas jornalistas, gays comunistas,
Meus seguidores me chamam de “mito”.
Não vim como o messias construir,
E sim com minha loucura destruir,
Essa maldita subversiva cultura,
Derrubar cada pau dessa Amazônia,
Com minha democrata ditadura.
Negro se vende por quilo e arroba,
Índio tem que ser expulso e morto,
Cada dia falo minha merda ôba-ôba,
Rio tem que ser enterrado com mercúrio,
Sou Deus pelo caminho curvo e torto,
Militar bom é quem atira e rouba.
Vou detonar todo esse Pantanal,
Acabar com essa bicharada no lamaçal,
Com esse Mané, José e Juvenal,
Estourar essa tal camada de ozônio,
Com minha bombinha de plutônio.
Tenho meus generais de pijama,
Que ora urinam no pinico e na cama,
Todos são uns velhos frangotes,
Iludo meus apoiadores com lorotas,
Que acreditam que ainda tenho botas.
Sou o capitão expulso da negação,
Desmascarado da moto da morte,
Os malucos ainda entram na minha,
E na dos meus filhos da rachadinha
Que morra o fraco e viva o forte.
Fui até contrabandista garimpeiro,
Detesto todo cabra do estrangeiro,
Menos meu Tio Sam Trampeiro,
Meu Brasil dourado, Pátria Amada,
Eu sou a pregação besta fera do nada.
Que morram todos de fome e pandemia,
Alegria, Alegria e viva a mordomia,
O sol não bate mais nas bancas de jornais,
Bate nas fake news das redes sociais,
E o Brasil do dia a dia conta seus mortais.
Povo armado jamais será escravizado,
Atiro em quem não estiver do meu lado,
O coletivo social que vá pro espaço,
Sou o tirano desse povo colonizado,
E para vocês mando chupar o bagaço.