CARRANCA 024 - Cópia

 

Na entrada da cidade de Juazeiro quem vem de Senhor do Bonfim pela BR, no lado direito, pouca gente percebe a imponente carranca que saúda os visitantes. Marca antiga dos barqueiros navegantes do Rio São Francisco para espantar os maus espíritos, lá está ela cravada numa pedra entre os galhos secos cinzentos da seca ao lado de um mandacaru, símbolo de resistência do sertão.

Quando o Velho Chico agoniza por causa da estiagem e pela ação predadora do homem que só faz dele sugar suas riquezas, o artista levanta sua arte em homenagem aos navegantes que dá vida ao rio e aos ribeirinhos, transportando gente e mercadorias de todas as partes, e faz isso em meio à caatinga, sempre castigada pelas secas.

CARRANCA 028 - Cópia

Num olhar rápido, o artista quis também ali, com seus traços, deixar a sua mensagem de que o sertão, além de forte, é também cultura e que precisa ser melhor tratado pelos governantes que só aparecem em tempos eleitorais. Mirando bem, lá na carranca está também a presença do bode, o animal mais resistente do semiárido que ajuda o homem a sobreviver às duras secas.

A obra passa uma imagem forte e impactante, erguida naquele rochedo, e creio que esta foi a intenção do artista. O mandacaru e a carranca, um esculpido pela natureza e a outra peça pelo homem, simbolizando harmonia que está faltando entre os humanos. Terra e rio, um convivendo com o outro, sem agressões. Os carros passam velozes, mas lá está o mandacaru e a carranca vigilantes do tempo.