Há quase 15 dias cerca de 300 homens das polícias militar e civil, sem falar dos federais, helicópteros, drones, cachorros farejadores, viaturas e armamentos pesados estão mobilizados numa operação de guerrilha para pegar um foragido criminoso de nome Lázaro, que já é sucesso nacional e pode até pedir indenização por direitos de imagem.

Bastava chamar uns quatro ou cinco catingueiros nordestinos brabos que dormissem dia e noite nas matas, brejos e capoeiras que já teriam trazido esse homem na unha. Até eu mesmo com essa idade e uns compadres que conheço (olá compadre João, compadre Vater, compadre Dirson) dariam conta do recado, e o “bicho” já teria sido resgatado dessas brenhas. Só precisaríamos de um cachorro vira-lata caçador, algumas espingardas, umas mochilas com mantimentos, facões e umas peixeiras para dormir nas matas.

Esses fardados da polícia não sabem pisar na terra, escalar trilhas de pedras, subir em morros e serras e se livrar de espinhos e mosquitos. Nunca dormiram dentro do mato, no escuro, sem ver a luz do dia. Não aprenderam a sobreviver na selva. Foram treinados para entrar em esquinas e becos das favelas, e ainda atirar em cidadãos de bem. Chama uns catingueiros que conhecem o terreno, o rastro e o cheiro de um humano nas folhagens.

A caçada a Lázaro está servindo de divertimento nas redes sociais, com memes, piadas e galhofadas de ridicularização, com tanta gente e tremendo aparato, para prender um homem. A esta altura ele já provocou uma guerrilha e se tornou uma “celebridade” nacional. Só gostaria de saber quanto já custou essa operação para os cofres públicos dos contribuintes?

São bons para emparedar o civil negro e pobre numa esquina, dar chutes nos estômagos e até praticar execução sumária. Para pegar a “fera” é só acoitar no mato, e só voltar quando deter o danado, que deve dormir até em copas de árvores, cavernas, buracos e grotas.

Conheço um cara de nome Severino que até já se ofereceu para buscar o fugidor, mas, com orgulho ferido, a polícia recusou sua empreitada valente. Disse que é uma questão de honra, e cada um quer ser o herói nacional. Também, com tantas quentinhas caseiras dos doadores, e mulheres voluntárias! Tudo agora vira doação, e todo mundo quer aparecer nas imagens ao lado de Lázaro.

A esta altura, a turma do governo já está pensando em mobilizar o exército, a aeronáutica e a marinha. Até o capitão-presidente Cloroquina já decidiu que vai na frente da tropa, como o mito. “Deixa comigo, este cabra é meu, como são meus o exército, a democracia, os ministros, os generais e coronéis”! Tudo não é dele, até o Brasil! Manda o capitão “salvador da pátria”. Ele não se considera um mateiro, arrancador de árvores e destruidor do futuro!