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:: 10/jun/2021 . 22:31

GENTE QUE SOFRE

Nunca é demais falar dessa gente nossa que sofre (foto de Jeremias Macário) no dia a dia para conseguir o mínimo de sobrevivência, num país dilacerado pela pandemia da Covid-19 e pelo desgoverno que nega a ciência, incentiva o não uso da máscara e provoca aglomerações. Será que ainda não bastam as mais de 480 mil vidas perdidas? Quem vai consolar o choro dessa nossa gente que sofre nas intermináveis filas bancárias para tirar um mísero auxílio emergencial, sendo que milhares retornam para seus barracos de mãos vazias? Como amar uma pátria que não cuida de seus filhos e deixa 15 milhões fora do mercado de trabalho? E os outros milhares que passam fome? Quem vai confortar essa gente que vê seus filhos a chorar nos cantos com fome? Infelizmente, essa gente é o Brasil que sofre, sem um líder, ou um guia para lhe dar dignidade humana. Essa gente que sofre não tem seus direitos assegurados pela Constituição no âmbito social, da educação e da saúde. Quem é esse que tripudia, debocha da nação e não é punido com seu afastamento? Até quando vão abusar da paciência dessa gente humilde que só pede o pão para se alimentar? Quem é esse que quer mais mortes quando recomenda o não uso de máscaras, como se o Brasil fosse os Estados Unidos, a Inglaterra e Israel  que seguiram a ciência e vacinaram mais da metade de suas populações? Ele ainda é aplaudido pelos seus bobos da corte e seguidores da morte. Será que a história um dia os levará a um tribunal internacional de julgamento por genocídios e crimes de lesa-humanidade?

 

 

MEMÓRIA

Um poema do jornalista e escritor Jeremias Macário em homenagem aos torturados e mortos pela ditadura civil-militar de 1964 e que faz parte do seu livro “ANDANÇAS”

De algum lugar da selva,

De gente pobre submissa,

O guerrilheiro firme resiste,

Redigindo sua carta,

Para sua amada Marta,

Acreditando na vitória,

De construir uma justiça,

Para mudar nossa história.

 

De algum lugar da selva,

Vive uma senhora lavradora,

Onde as réstias da luz do sol,

Disputam espaços nas folhas,

Revigorando o social ideário,

De um guerrilheiro solitário,

Que foi crivado de balas.

Pela tirana metralhadora.

 

Veio a fúria do vento forte,

Cuspindo fogo pelas ventas,

No disfarce de uma chicória,

Que com seu cutelo da morte,

Devorou a nossa memória.

 

Sem o direito de nem pensar,

Quanto mais de se expressar,

Os contras foram torturados,

E sacrificados no altar.

 

Os sobreviventes dos horrores,

Ainda temem seus algozes,

Como os cães mais raivosos,

Que ainda causam as dores,

Ultrajando nossa memória.

 

De uma noite para o dia,

A lua cheia ficou vazia;

Foi-se embora toda ternura,

Porque o carrasco teve anistia,

E a família do desaparecido,

Ficou sem fazer sua sepultura.

 

Pior ainda é perdurar as trevas,

Sem a punição dos assassinos,

Que executaram nossos meninos,

E agora querem outra vez voltar,

Para massacrar e humilhar,

Quem já foi tirado do seu lar.

 

Está entalado em nossa garganta,

O grito proibido da verdade,

Dessa memória ensanguentada.

Que ainda não saiu do porão,

Para punir toda brutalidade,

Dos carrascos de plantão.





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