Em termos de obras de infraestrutura no âmbito estadual e federal, Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, vem sendo severamente castigada nos últimos anos. Ao invés de ajudar, a politicagem só tem atrapalhado. Nas épocas das eleições os conquistenses ficam fartos de promessas, mas depois os pais dos projetos somem e os serviços se arrastam por anos.

Há mais de dez anos que se tenta construir um novo aeroporto porque o atual é problema e não comporta mais a demanda. A Barragem do Rio Catolé tem mais tempo ainda de anunciada e o povo sofre com a falta e os racionamentos de água. Uma simples reforma do Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima já dura quatro anos. Perde a cultura e os artistas estão sem espaço para apresentar seus trabalhos.

Fotos de José Carlos D´Almeida

Depois da novela da construção da pista e do prédio do Corpo de Bombeiros que levaram anos para serem concluídos, agora é a do Terminal de Passageiros, cuja obra está emperrada por falta de liberação de verbas, tanto da parte do governo federal como estadual.

Os serviços foram iniciados em março deste ano, previstos para serem concluídos em um ano, mas estão quase parados, segundo avalia o empresário José Maria, membro do movimento pelo aeroporto de Vitória da Conquista. Agora não se sabe quando o Terminal ficará pronto.

Orçada em R$28 milhões com contrapartida de 20% do Governo do Estado, as liberações foram trancadas por questões políticas, e as empresas terceirizadas, praticamente, interromperam os trabalhos por falta de recursos. No momento, cerca de 10 homens estão em atividade. Neste ritmo, o Terminal de Passageiros levaria cinco ou mais anos para ser finalizado.

Pelo que se sabe, até agora o Estado só investiu cerca de R$270 mil, e o governo federal não está colocando sua parte como devia. A realidade é que a obra caminha a passos de tartaruga, conforme relatou José Maria, ao informar que na semana passada foi divulgada a licitação para construção dos acessos, como tudo indica, mais outra novela pela frente.

AEROPORTO FRACIONADO.

Depois de mais de dez anos de lutas, as obras da pista de pouso e decolagem de 2.100 metros de comprimento por 45 de largura e 7,6 metros de acostamento de cada lado, pátio, mais as vias de acesso e as instalações do Corpo de Bombeiros, iniciadas em fevereiro de 2014, só foram concluídas dois anos depois.

Sem uso, a pista estava sendo usada para corridas de carro e pousos de urubus. A nova pista tem capacidade para receber até aviões de grande porte e ainda pode ser ampliada para mais mil metros se houver demanda para cargueiros.

Por falta de recursos, o empreendimento aeroviário de Conquista foi fracionado e, desde novembro de 2013, organizações da sociedade começaram a reivindicar do Governo do Estado o lançamento da nova licitação e a garantia de liberação de uma verba de R$28 milhões para erguer o Terminal e seus equipamentos necessários.

Diante da demora, o “Movimento Conquista Voa Mais Alto”, liderado pelo empresário José Maria Caires, na época já se mostrava preocupado de que o aeroporto de Conquista, ao término dos serviços da pista orçados em R$58 milhões (80% federal e 20% contrapartida estadual), terminasse virando mais um equipamento abandonado.

Na opinião de José Maria, é preciso que haja uma forte mobilização de toda sociedade conquistense para que essa novela do aeroporto tenha logo um final, se bem que ainda se tem pela frente a construção dos acessos para a cidade.

Distante cerca de 10 a 12 quilômetros do centro, numa localidade plana do povoado de “Pé de Galinha”, outra preocupação é com a construção de um viaduto na BR-116 e a duplicação da pista até o perímetro urbano para evitar congestionamentos no tráfego.

Quanto a essas vias que fazem parte do projeto, ainda não se tem nada de concreto, e o aeroporto poderá ficar sem essas obras essenciais como aconteceu com o Anel Viário de Conquista que depois de mais de 15 anos continua sem os viadutos nos cruzamentos de acesso para as cidades de Barra do Choça, Anagé e Itambé, provocando constantes acidentes.

A idealização do projeto tem muito mais que dez anos, conforme atesta o agrimensor Edmilson Santos. Foi dele, inclusive, a indicação para localização do empreendimento que abriga uma área de 600 hectares, toda plana e com uma bela vista para a cidade.

De indenização aos proprietários da terra, o governo desembolsou R$1,6 milhão, numa faixa de R$60 mil por alqueire. O local de planalto, sem obstáculos de serras, é apropriado para voos de aeronaves, de acordo com peritos no assunto.

Enquanto isso, os conquistenses e os visitantes se apertam no antigo aeroporto “Otacílio Fonseca”, mais para um galpão, quando precisam viajar. Por falta de equipamentos e instalações adequadas, as aeronaves sempre atrasam ou os voos são cancelados quando o tempo fecha, principalmente no período do inverno. No verão é o calor insuportável que deixa os passageiros irritados.

Quem é obrigado a pegar um avião em Conquista tem que antes rezar muito; ser assistido por um psicólogo e um cardiologista; e torcer para que tudo dê certo. Nem é preciso dizer que o espaço e o atendimento deixam os passageiros estressados.