SOBRE NOSSAS FERROVIAS (PARTE I)
A Internet não oferece muito subsídio sobre a história da Viação Férrea Federal Leste Brasileira, a não ser algumas pontuações soltas sobre o tema. A sensação que se tem é que o assunto não merece tanta atenção, seguindo a mesma lógica da política dos governos passados de desativar o transporte ferroviário e optar pelo rodoviário.
A partir do final dos anos 50, governar era abrir estradas de rodagem. E assim, as nossas saudosas ferrovias – viajei muito nelas quando menino – foram abandonadas, e seus trens, vagões e trilhos sucateados.
Nunca mais se ouviu os apitos da “Maria Fumaça”, ne4m seu ritmo lento e poético, cantado nos versos sonoros dos cantadores das feiras das cidades. “Café com Pão, Bolacha Não,” e lá ia fumegando a toada pela estrada.
A nossa proposta de trabalho é resgatar essa História, particularmente no Estado da Bahia, percorrendo e cruzando todos os pontos, trilhos, pontilhões, cidades e estações onde o trem passava e reduzia as distâncias, ligando extremidades. Além de outros benefícios para as populações pobres do interior, principalmente, esse meio de transporte respirava progresso, desenvolvimento e cultura.
A tarefa principal é a de elaborar um vídeo-documentário, visando preservar a memória desse tempo. Toda pesquisa será feita “in loco” através do registro de filmagens, estudos nos arquivos municipais, entrevistas com antigos ferroviários e familiares, gentes do povo e especialistas no assunto. O propósito é fazer um mapeamento geral, reconstituindo todo o passado.
Aproveitando a pesquisa para o vídeo, outro objetivo do trabalho é realizar um registro literário através de textos jornalístico sobre o tema, transformando-o num livro ilustrado com fotos e gráficos. Assim, a missão ficaria completa através do vídeo e da literatura, cinema e linguagem escrita juntos.
Fui criado em Piritiba, na Bahia, no Piemonte da Chapada Diamantina por onde passava a Linha Centro-Sul (Senhor do Bonfim-Iaçu), mais conhecido pelo povo como o “Trem Groteiro”. Recordo-me até hoje da importância daquela linha férrea para a cidade em termos de movimento, do seu sustento e de seu próprio crescimento. A verdade é que existem muitas histórias sobre a ferrovia que ainda não foram contadas e narradas.
VIAÇÃO LESTE BRASILEIRA
Um dos atrasos no nosso processo de desenvolvimento foi a desativação das ferrovias a partir do final dos anos 50 e início dos anos 60. O abandono causou forte impacto no custo Brasil, tornando mais caro.
Em nosso país, o transporte começou a ganhar importância no meado do século XIX, bem depois que o sistema já se tornava uma realidade nos Estados Unidos e na Inglaterra. Hoje, especialmente na Europa, as ferrovias representam parcela significativa no transporte de cargas e passageiros.
No Brasil, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, foi o responsável pela primeira estrada de ferro em 1845 nas proximidades do Rio de Janeiro. Lá se vão 165 anos dos primeiros trilhos.
Em substituição a Compagnie de Chemins de Fer Fédéraux de L´Est Brésilien (CCFFEB), empresa de capital franco-belga que explorava as principais linhas do Estado da Bahia, a Viação Férrea Federal do Leste Brasileiro (VFFLB) foi criada em 1935 durante o Governo de Getúlio Vargas. A nova empresa reunia cinco estradas de ferro nos estados da Bahia e Minas Gerais.
O primeiro trecho partindo da cidade de Salvador foi construído em 1860, chegando até Alagoinhas três anos depois. Portanto, a primeira linha está completando 150 anos. Em 1881 foi aberta uma nova estrada de Alagoinhas para Timbó, no norte do Estado. Na expansão, a ferrovia atravessou a divisa com Sergipe, passando por Aracaju e Própria, num total de 552 quilômetros.
Ainda na Bahia, em 1927 foi inaugurada a estrada ligando Nazaré das Farinhas a Jequié, com previsão de estender a linha até Vitória da Conquista e Sul do Estado. No final dos anos 50, a ferrovia foi desativada, acabando com o sonho de integração das regiões. Com a chegada da BR-116, a estrada de ferro ficou ultrapassada e enferrujada.
No ano de 1938, a Viação Federal Leste Brasileira foi a pioneira na utilização de locomotivas diesel-elétricas, embora o programa não tivesse sido ampliado como se previa. As primeiras locomotivas foram adquiridas da empresa English Eletric Co, a mesma que forneceu equipamentos para a RFN e a EFSJ, com potência de 450 HP, numeradas de 600 a 602.
Anos depois, em 1944/45, o Governo comprou oito locomotivas da Davenport (EUA), as quais receberam os números de 602 a610. A partir dos anos 60, lamentavelmente, todas essas máquinas foram sucateadas.
Ao longo desses anos, até a década de 60, funcionaram na Bahia as seguintes linhas e ramais:
Linha-Tronco Salvador-Alagoinhas
Linha do Sul Mapele-Monte Azul, em Minas Gerais
Linha Norte Alagoinhas-Propriá
Linha Centro-Sul Senhor do Bonfim-Iaçu (Trem Groteiro)
Ramal de Itaité (Queimadinhas – Itaité)
Ramal de Feira de Santana, de Conceição de Feira a Feira de Santana
Ramal de Catuiçara, de Buranhem a Catuiçara
Ramal de Capela, de Murta a Capela
Ramal de Campo Formoso, de Itinga a Campo Formoso
Ramal Laje-Amargosa
Estrada de Ferro Bahia – Minas (Ponta de Areia)












estou em vias de lançar um dos meus livro este o Um Hoestino País fala das histórias desta terra que não tem dado sorte com sua primeiras necessidades. Não por falta de recursos por fald a caréter. Busco parcerias …
Abraços