A FEIRA NUNCA SE ACABA
Nos tempos dos supermercados e dos shoppings fechados onde não se vê as mudanças climáticas, se fazendo sol, nublado ou chovendo, as feiras mentem suas tradições e lembram o surgimento das primeiras cidades, sem contar o calor humano que é bem mais intenso. Mesmo com a evolução dos mercados, a feira nunca se acaba e tem de tudo, bem mais fresco e natural, como as verduras, carnes e frutas.
As feiras me fazem recordar a época de menino quando eu e meu pai íamos vender farinha e fazer compras aos sábados em Piritiba. É onde os compadres se encontram para bater aquele gostoso papo brejeiro e simples, como falar das pessoas mais próximas e das lavouras ou da falta delas nos períodos de chuva e de seca.
A tradicional e famosa “Feirinha do Bairro Brasil”, em Vitória da Conquista, é uma delas, só que cresceu muito e invadiu ruas laterais. Embora não se deva interferir muito em sua estrutura montada pelos próprios feirantes, a Prefeitura Municipal tem que dar certo ordenamento, para que os produtos não fiquem expostos ao chão.
Com a invasão dos supermercados criados pelo capitalismo norte-americano e europeu, com intuito de atrair mais consumidores pelas facilidades encontradas num mesmo local, muitos deixaram de frequentar as feiras e os mais jovens nem sabem que elas existem.
No entanto, a feira ainda tem a cara do homem simples do campo e oferece ao consumidor a vantagem de preços bem mais baixos porque os comerciantes não pagam taxas de conforto e luxo dos supermercados. A feira representa o sustento da agricultura familiar e das pequenas economias tocadas por pouca gente.
Por funcionar, em sua maior parte, à base da informalidade do pequeno negócio, não se tem estudo preciso sobre o quantitativo em termos de dinheiro que gira numa feira, mas presumisse ser um grande volume. A feira é como se fosse uma grande empresa de muitos donos que nunca fale, mesmo nas piores crises.
Ir à feira requer descontração e não exige trajes mais formais. Ao contrário do supermercado, ninguém olha sua roupa e não observa seu comportamento, sem levar em consideração que a comida caseira tem o seu lugar garantido. Quer saborear um bom sarapatel, uma rabada, um mocotó ou uma buchada acompanhados de uma cachaça com raízes, vá à feira e curta uma boa conversa.
Além de tudo, a feira é também arte e cultura. Foi através das feiras que os poetas nordestinos divulgaram seus cordéis e os cantadores começaram a tocar suas violas. É onde se ouve os causos e as histórias dos coronéis e poderosos.