julho 2025
D S T Q Q S S
 12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  

:: jul/2025

O NEGÓCIO ENGROSSOU E O BRASIL DECLAROU “GUERRA” AOS IANQUES

De um lado o Eduardo Bolsonaro foi para os Estados Unidos para instigar os republicanos a pressionarem o maluco do Trump a retaliar o Brasil no comércio. Do outro lado, o governo brasileiro e o Supremo Tribunal Federal, na pessoa do ministro Alexandre de Morares, se enfezaram e declararam “guerra” aos imperialistas norte-americanos.

No termo mais popular, podemos dizer que deu “xabú”, ou o tiro saiu pela culatra. De início o Trump mandou um recado, como se fosse dono do mundo, que parassem de perseguir “o grande presidente” Jair Bolsonaro, o capitão insubordinado que foi expulso da corporação do exército e tentou dar um golpe de Estado, ou seja, um atentado contra a democracia.

Os Estados Unidos sempre trataram os países americanos, abaixo da sua linha de fronteira, como republiquetas de bananas. Invadiram e impuseram várias ditaduras nas Américas Central e do Sul, só que as coisas mudaram e o império vive num estado permanente de decadência, como ocorreu há mais de mil anos com o Império Romano.

O Brasil sempre baixou a cabeça para os ianques terroristas e derrubaram vários governos, a exemplo de Getúlio Vargas que se suicidou e Jango que foi deposto pelo golpe civil-militar de 1964. Acontece que dessa vez o negócio azedou ou engrossou e não se sabe o final dessa novela.

O Trump que mandou invadir o Capitólio caiu na armadilha dos bolsonaristas extremistas que agiram como verdadeiros traidores da pátria, e não como patriotas como se auto intitulam. Azucrinaram em seu ouvido que seu rompante de ditador iria dar certo.

Os bolsonaros e seus seguidores deram mais uma prova de trapalhões e embarcaram numa barca furada. A ação desastrada do Eduardo, filho, que se licenciou da Câmara dos Deputados para agir contra o Brasil, foi o estopim para o ministro do Supremo mandar colocar tornozeleira no pai. Tivesse ficado quieto, esse caso iria rolar por mais tempo e terminaria em samba.

O irônico em tudo isso é que temos um presidente que já foi preso pela Operação Lava-Jato (o processo foi anulado, mas não o inocentou) e outro prestes a ir para a cadeia. Naquela época, isto há seis ou sete anos, de uma forma diferenciada, o PT de Lula também apelou para a interferência de instituições internacionais e até para governos da social-democracia.

Os bolsonaristas fizeram uma linha burra, como se diz no palavreado futebolístico e levaram um gol legitimado pelo juiz. A esta altura, o Trump já deve ter se arrependido porque ficou na zona do impedimento e nem precisou de “VAR” para analisar a jogada.

Numa outra linguagem, podemos dizer também que dessa vez o zagueirão batedor que entra para quebrar a canela do atacante cometeu uma falta clara na pequena área e o juiz deu pênalti claro.

Sua entrada foi dura, bem longe da técnica usual, quando taxou os produtos brasileiros por um motivo exclusivamente político. Foi, por assim dizer, um ato inédito. Para o outro lado, no caso o Brasil, só restou a reação de dar uma resposta de que não é assim que se joga.

ESTADOS PARALELOS E GOVERNANTES NEGLIGENTES COM A SITUAÇÃO SOCIAL

– Não aponte esta máquina fotográfica para a favela senão você pode receber uma bala de volta – alertou o vigia do alto do Santuário da Penha, no Rio de Janeiro.

Este é o quadro de terror que se vive hoje no Rio de Janeiro onde vários pontos turísticos, que antes eram bem frequentados, se tornaram perigosos para se visitar, tudo por negligência dos nossos governantes que abandonaram aquela gente por anos na área social.

As favelas hoje, não somente no Rio de Janeiro, se transformaram em estados paralelos nas mãos das facções do tráfico de drogas e dos milicianos que ocuparam o espaço “social” que deveria ser por obrigação dos governos.

É uma realidade cruel e talvez irreversível porque os governantes, há anos, decidiram combater a violência com mais violência, com tanques, metralhadoras, fuzis e mais armamentos nas ruas, esquinas e becos, uma política insensata sem resultados práticos.

Os bandidos que tomaram conta desses territórios e exploram a população pobre com suas extorsões, se armaram até os dentes e formaram estados paralelos onde prepostos dos governos e entidades privadas precisam da permissão deles para entrar, como se fosse um passaporte exigido no exterior.

Por que essa política que, comprovadamente, não está dando certo há mais de 50 anos continua sendo aplicada? Programas sociais e educacionais do Governo Brizola foram desmantelados. A quem interessa essa ação tão desastrosa de embate de fogo contrafogo?

Ao lado da Igreja da Penha de França, na zona norte da Cidade Maravilhosa, construída no século XVII, por devoção do capitão Baltazar de Abreu Cardoso, dono daquela área, fica o Complexo da Penha, reduto dos traficantes que, vez ou outra, trocam tiros com os policiais.

Confesso que fui visitar aquele monumento turístico com medo e ainda apontei minha máquina em direção à favela, imediatamente repreendido pelo guarda do Santuário. Nessa hora falou mais alto meu instinto jornalístico.

O local não é mais tão visitado como antigamente por causa da violência, como tantos outros no Rio de Janeiro. Passar hoje pelas linhas Amarela e Vermelha, quem vem do Aeroporto do Galeão, é uma temeridade.

– Aqui, ao lado, é o Complexo Alemão, cuidado! O visitante de fora sempre é comunicado pelo motorista ou algum morador acompanhante quando atravessa aquela localidade. Todos ficam em estado de alerta quando entram num túnel.

No entanto, muitas vezes a fé ainda toca mais alto. Ao subir a pé os quatrocentos degraus da Penha, enxerguei quase na metade uma moça solitária que se arrastava de joelhos, se apoiando naquela corrente, para cumprir sua devoção.

Com meu passo firme, segui em frente, entrei na igreja é lá o padre estava realizando um batizado entre velas e castiçais. Também era uma renovação de fé e mistério. Presentes somente os padrinhos e os pais.

No retorno, dei de frente com a jovem da promessa que estava sentada no último degrau e soltou aquele sorriso de alívio para mim. Muito simpática, troquei um dedo de prosa com ela e senti o seu contentamento espiritual por ter cumprido com sua tarefa. Para não ser indiscreto, não indaguei sobre sua devoção. Só disse que ela era corajosa e forte.

Aquela imagem ficou guardada em mim. Em meio a tanta violência, o brasileiro ainda mantém sua fé e esperança de dias melhores. Acredita que as coisas podem melhorar um dia, só não se sabe quando, diante de tantas incertezas de mudanças na política atrasada e arcaica dos nossos governantes.

 

 

RESPEITEM O NORDESTE, NÃO É FEIRA DOS PARAÍBAS!

– Você vai visitar a feira dos paraíbas? Ontem eu fui à feira dos paraíbas lá no Bairro de São Cristóvão.

É assim que os cariocas e sulistas, com preconceito e ignorância, falam quando alguém vai à Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, que homenageia o nosso rei do Baião, Luiz Gonzaga, músico, cantor e compositor conhecido mundialmente pelas suas canções ao som da sanfona.

Suas letras e de seus parceiros Humberto Teixeira, Dantas e Patativa do Assaré, principalmente, narram a vida, costumes e hábitos do povo nordestino. Pode-se dizer que Luiz Gonzaga colocou o Nordeste no mapa do Brasil como grande centro da cultura popular.

Para esses ignorantes e preconceituosos, a Feira de São Cristóvão surgiu nos anos 40 e 50 por trabalhadores nordestinos durante a construção da Rio-Bahia, de maneira informal no entorno do Pavilhão que homenageia o santo. Eles saíram do Nordeste em busca de emprego.

Com o tempo, o local se tornou num reduto cultural, ganhando infraestrutura e se consolidando como espaço de comércio e lazer. Além das barracas de produtos variados do Nordeste, a Feira possui vários espaços de apresentações da cultura popular da região, como maracatu, bumba meu boi, quadrilhas de forró e até o samba que nasceu na Bahia.

Não é feira dos paraíbas, seus ignorantes, e sim, Centro Cultural Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, ou pode ser, simplesmente, Feira dos Nordestinos. Sua história está ligada à cidade do Rio de Janeiro, sobretudo a partir de 1945, quando os nordestinos começam a se concentrar no Campo de São Cristóvão, onde encontraram trabalho.

As barracas de comidas típicas do Nordeste, como a carne de sol, cozido e assado de bode, tapioca, baião de dois, dentre outras, se somaram às apresentações de forró, xaxado e repentes. O local se tornou num ambiente festivo, marco da cultura nordestina no Rio de Janeiro.

A Prefeitura do Rio de Janeiro reformou o antigo pavilhão, projetado por Sérgio Bernardes, em 2003, com objetivo de abrigar a Feira e cerca de 700 barracas onde se encontra de tudo, como chapéus, tecidos, rendas, artesanatos, gibões de couro, objetos usados pelo cangaço e bons restaurantes servidos pelos nordestinos baianos, paraibanos, potiguares, maranhenses, alagoanos, sergipanos, cearenses, pernambucanos e piauienses.

Foi isso, mais ou menos, que disse para um paranaense, no Rio de Janeiro, quando indagou se eu já havia visitado a feira dos paraíbas. Ele se expressou de uma forma sarcástica e ainda deu aquela risada marota de menosprezo. “Não é feira dos paraíbas”.

Os sulistas (nem todos) sempre tiveram preconceito com relação aos nordestinos, chamando-os de candangos, retirantes, cangaceiros e subdesenvolvidos que fugiram da seca para matar a fome, principalmente, em São Paulo. Eles carregam esse estereotipo em suas mentes vazias.

No entanto, desconhecem por completo o outro lado da sua riqueza cultural, do seu potencial de escritores, políticos, intelectuais, poetas, músicos, repentistas e folcloristas famosos mundialmente. Não reconhecem, inclusive, que foi o povo nordestino que construiu São Paulo e outras grandes cidades em seu entorno.

Em São Paulo, por exemplo, eles costumam chamar todos nordestinos de baianos e ainda fazem piadas negativistas, como se nossa gente fosse burra e preguiçosa. Esse preconceito foi muito alardeado e cheio de intolerância durante as eleições passadas quando os nordestinos votaram de formam contrária às suas convicções, muitas delas de extrema direita.

VIELAS NOTURNAS

De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário, extraído do seu livro NA ESPERA DA GRAÇA

Pelas esquinas e avenidas curvas:

Raios de luzes deslizam no asfalto;

Cada alma busca suas curas;

Sangue risca no assalto,

Saído das vielas noturnas.

 

Nesse existir só valem fortunas;

Na mente,

Aquela senhora calma-serena,

Que via o invisível,

Atrás da sua lente,

E o olho da câmera,

Meus passos vigia;

Rogo ao tempo

Que não nasça o dia,

Para vagar eterno

Nessas vielas noturnas.

 

A noite invade a madrugada;

No lixo colho osso e uma salada;

Os prédios,

São como caixões de urnas,

Na solitária dor das vielas noturnas.

NÃO SE VIAJA MAIS COMO ANTIGAMENTE

Acho que nunca ouvi ninguém dizer que não gosta de viajar! Sempre se diz que viajar é conhecer pessoas, outras culturas e adquirir conhecimento e saber, mas muita coisa mudou nos últimos tempos com o advento da tal tecnologia, principalmente do celular.

Seja de ônibus, de avião ou carro particular (no passado tínhamos o saudoso trem), as pessoas ao lado se comunicavam muito mais durante a viagem. Entabulavam uma boa prosa e, no destino final, cada um se tornava conhecido do outro. Tornavam-se até amigos que depois se correspondiam pelo resto da vida.

Fui ao Rio de Janeiro semana passada de avião, meu amigo, com conexão em Guarulhos, fazendo o mesmo percurso na volta, e fiquei observando o comportamento das pessoas. Parece que não pertencemos mais à espécie humana. Aliás, até acho que não sou mais dessa espécie!

Antigamente, isto há uns 30 ou 40 anos, a pessoa antes de se sentar na cadeira – era espaçosa – ia logo dando um bom dia, boa tarde ou boa noite. A partir dali se começava um papo saudável que você nem sentia passar o tempo. Até quem tinha ou ainda tem medo de avião, terminava se descontraindo, se relaxando. Nem dava para perceber a turbulência, ou quando ocorria, o outro lhe acalmava.

– Olá, você mora aonde e vai para onde? Vai a passeio ou a trabalho? Ah, se ainda não conhece a cidade, vai gostar! Não deixe de visitar tais e tais pontos. Já fui várias vezes e adorei, sempre estou voltando lá. A conversa ia se esticando tanto que duas horas mais pareciam dez minutos.

Hoje o passageiro entra no ônibus ou no avião com a cara fechada, de celular na mão, e nem faz uma saudação.  Se puder lhe dar um chega pra lá, como se o outro não passasse de mais um animal inimigo, um bicho a lhe atormentar.

Na ida, por desatenção, sentei na poltrona errada, ao lado da janela. – Este lugar aí é meu. Você está na cadeira errada – disse de lá o sujeito que quase nem olhou para mim. Nem ao menos considerou minha idade. A gentileza é zero e não adianta puxar conversa.

Fiquei apertado entre dois idiotas de cabeça baixa grudados no celular durante quase duas horas de viagem. Como levei um livro, prontamente abri meu velho sábio amigo e fui proseando com ele. Mesmo concentrado na leitura, não conseguia e não consigo entender como o ser humano mudou tanto, e para pior!

Imaginei os velhos tempos de repórter quando voava pelo Brasil a trabalho. Os parceiros ou parceiras de cadeiras, bem mais confortáveis e com serviço a bordo de primeira, iam jogando conversa fora e até tomando uma bebida. A aeromoça, como se chamava, lhe cumprimentava com um sorriso no rosto. Tudo isso se acabou.

Ah, que saudades daqueles tempos! Viajar de avião atualmente é aquele tédio, a começar pelo aeroporto. É aquela checagem ou secagem que só falta lhe deixar de cueca, ou calcinha, se for mulher. Se você inventar de tomar um cafezinho simples numa lanchonete, custa dez reais.

Quando decola, lá vem aquela gente com um carrinho lhe dando um saquinho de plástico com uns grãos de batatinha com gosto de papel, uma água ou uma merda de um refrigerante. Na cadeira, você mais parece um sanduiche que não dá nem para estirar as pernas.

Nas cidades grandes, você vai visitar os pontos turísticos e lá está aquele moço ou moça sisudos lhe dando ordens. Ninguém fala com ninguém nas ruas, num bar, num restaurante ou ponto de ônibus. É cada um com o celular na mão. Nem peça uma informação que a pessoa não lhe ouve, a não ser que se dê um grito para o estúpido. Cuidado, ele pode lhe esmurrar!

SÓ SOBROU O VELHO BENDENGÓ

Numa tragédia anunciada por negligência do governo federal, do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional e dos dirigentes do Museu Nacional, a instituição cultural, memória maior do nosso país, foi vítima de um trágico incêndio, em 2018, e só sobrou o meteorito Bendengó, descoberto em 1784, na região de Monte Santo, na Bahia.

Estive lá esta semana visitando a Quinta da Boa Vista, residência oficial de D. João VI, D. Pedro I e II e, mais uma vez, vieram aquelas imagens das labaredas destruindo literalmente o nosso patrimônio nacional, tudo porque os nossos governantes pouco dão importância para a nossa cultura. Foi mais uma história que se perdeu.

Para tapear os brasileiros, depois de sete anos, reabriram somente a entrada com algumas peças e quadros onde narra a história da Quinta, com destaque para o meteorito, cujo processo de transporte se deu em 1887 por D. Pedro II, finalizando em 1888, ano da libertação dos escravos.

Sobre o Bendengó, foi encontrado por um menino que pastoreava gado na região. A primeira ideia era de levá-lo para Salvador, mas o peso dificultou o transporte e acabou caindo no riacho do mesmo nome. Em 1887, D. Pedro II, através de cientistas europeus, ordenou que o meteorito fosse para o Rio de Janeiro, capital do império.

O processo foi feito mediante a construção de uma carreta especial que podia se mover sobre trilho e rodas. O meteorito chegou em 1888 e foi entregue ao arsenal da Marinha. Posteriormente foi transferido para o Museu Nacional e, naturalmente, o meteorito resistiu ao fogo anunciado.

A Quinta da Boa Vista, onde hoje está estabelecido o Museu Nacional, foi criada em 1803 quando Elias Antônio Lopes construiu um casarão no local. Mais tarde tornou-se residência da família real portuguesa no Brasil, renomeada Quinta da Boa Vista devido à sua localização com vista para a Baia de Guanabara.

A área era uma fazenda dos jesuítas, sendo desmembrada e transformada em propriedade privada do senhor Elias Lopes, após a expulsão da ordem. Em 1808, a Quinta foi doada a D, João VI e se tornou residência oficial da família real até a proclamação da República, em 1889.

Depois disso, o palácio foi adaptado para abrigar o Museu Nacional, e a área em redor foi transformado num parque público bastante aprazível para o lazer das pessoas que passam o tempo com o celular na mão, ao invés de um livro. A Quinta também inclui o Jardim Zoológico.

Todo o museu, por total negligência (os culpados deveriam ter sido punidos) foi destruído pelo fogo em 2 de setembro de 2018. O incêndio começou no auditório e consumiu a maior parte do acervo de mais de 20 milhões de itens e causou danos significativos ao prédio naquela noite de terror.

Foram retiradas algumas obras dos escombros naquele ano, mas a recuperação da fachada e do telhado só teve início em 2021, o que demonstra, mais uma vez, desprezo pelo nosso patrimônio histórico no Brasil que, em geral, não é preservado e conservado como deveria ser.

O incêndio teve início em razão de uma falha no sistema de ar condicionado em um dos auditórios. Um curto-circuito deu início às chamas. A instalação elétrica apresentava irregularidades, incluindo falta de aterramento e disjuntor inadequado, coisa de casa antiga onde o dono não cuida e até faz “gatos”.

De acordo com informações dos próprios dirigentes, que foram premiados em seus cargos, toda reconstituição do Museu Nacional só será concluída em 2028. “Foi negligência mesmo” – disse um funcionário em conversa reservada. Esse é o prazo que eles dão, mas, como estamos no Brasil, essa data pode se estender para além de 2030.

Só para se ter uma dimensão de como aqui não se dá a devida atenção para a nossa memória, sempre se alegando falta de recursos, um ano depois, em 2019, um incêndio destruiu também a Catedral de Notre-Dame. Sua reforma milionária já foi concluída pelo governo francês. Aqui fica-se dependendo de doações e ainda superfaturam os serviços.

Sobraram também as marcas do incêndio nas paredes

OS 15 ANOS DE UM ENCONTRO CULTURAL

Foi num inverno friento como este, em 2010, que nasceu o Sarau a Estrada, naquele ano com o nome de “Vinho Vinil” entre os amigos Jeremias Macário, Manno Di Souza e José Carlos D´Almeida. Dalí surgiu um grupo cultural que perdura até hoje sendo realizado de dois em dois meses no Espaço Cultural do mesmo nome. A ideia inicial era somente reunir artistas, intelectuais e amigos para só ouvir vinis e tomar vinho, com objetivo principal de valorizar os velhos “bolachões”. O bom som combinava com a bebida. Os anos foram se passando e mais gente foi chegando até que criamos o formato de sarau, com o nome de A Estrada, com debates de um tema na abertura, cantorias de violeiros, contação de causos e declamação de poemas. De lá para cá realizamos diversos projetos culturais, com apresentação em público, até sermos reconhecidos pelo Conselho Municipal de Cultura com o troféu Glauber Rocha. Agora estamos completando 15 anos de existência e vamos fazer uma comemoração a esta jornada estradeira, no próximo dia 26. Além das atividades culturais, sempre nos acompanharam a bebida e a comida, tudo dentro da cordialidade e da paz. Vamos também prestar uma homenagem aos que partiram para outra dimensão e deixaram suas contribuições na troca de ideias, conhecimento e saber. Resistimos até o período da Covid, de 2020 a 2022, com lives e vídeos de textos poéticos divulgados nas redes sociais. Nossas lentes fotográficas registraram um flagrante desses memoráveis encontros. Nossos abraços e nossos agradecimentos a todos companheiros estradeiros.

QUEM TEM MEDO DE ALMA?

(Chico Ribeiro Neto)

As portas rangem, as janelas batem sozinhas e as lâmpadas ficam acendendo e apagando. É sinal de assombração.

Em Ipiaú (BA), Tio Rubens reunia todo mundo na sala de jantar, à noite, pra contar casos de assombração. Ele apagava a luz do corredor, só deixava a da sala, para criar mais o clima.

Uma das histórias era a de um homem que vinha à noite dirigindo por uma estrada quando viu um corpo no acostamento. Parou o carro, foi lá e era um homem morto. Chamou logo sua atenção um belo anel de brilhante no dedo. Ele tentou tirar o anel, não conseguiu e aí puxou o canivete, cortou o dedo do defunto e foi embora.

Dois anos depois ele passa pela mesma estrada, à noite, e vê um homem todo de preto pedindo uma carona. Para o carro, o cara entra e começam a conversar. Quando chegam na cidadezinha onde o carona vai saltar, o motorista se despede dele e, ao apertar sua mão, vê que lhe falta um dedo e pergunta:

“Por que você não tem um dedo?”

“Ah, moço. Uma vez, eu estava morto numa estrada  passou um sujeito, tentou arrancar meu anel, não conseguiu, e aí cortou meu dedo”.

“Que absurdo! E você sabe quem foi?”

“FOI VOCÊ!!!” (gritava Tio Rubens e todo mundo estremecia).

No final, quem tinha coragem de ir pro quarto dormir? Deitado na cama, ouvia barulhos esquisitos, passou um vulto no corredor e via as telhas se mexerem.

Quem não ouviu histórias do lobisomem? Segundo a lenda, o lobisomem é um homem que se transforma numa criatura semelhante a um lobo e que aparece nas noites de lua cheia a partir de meia-noite. Sua aparição vem acompanhada de cheiro de carne podre e de enxofre. Na Roma antiga já havia lendas sobre o lobisomem, segundo historiadores.

Um contraponto. A peça “Pluft, o fantasminha”, escrita por Maria Clara Machado em 1975, é sucesso até hoje. Pluft é um fantasminha diferente, que tem medo das pessoas. Sua vida dá uma reviravolta com a chegada de Maribel, uma menina sequestrada pelo pirata Perna de Pau, e os dois fazem uma grande amizade na luta contra o vilão.

Segundo Rosane Svartman, “Pluft é uma história bem atual, fala do medo do que é diferente e de como o afeto pode vencer o medo. Pluft tem medo de tudo que não conhece e ele conhece muito pouco do mundo. Daí vem o grande medo de gente, algo que nunca viu”.

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)

 

DO ALGODÃO E DA CANA

De autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário, extraído do seu livro NA ESPERA DA GRAÇA

Na mistura da pluma do algodão,

Com o melaço engenho da cana,

Nasceram o blues e o samba,

E os dois acorrentados vieram,

No aço do negreiro navio porão,

Arrancados da mãe nação africana.

 

Das lavouras do algodão veio o blues,

No lamento Mississipi e do Alabama;

O samba jorrou do bagaço da cana,

Ao som dos tambores do terreiro baiano,

Com a dança dos bantos aos seus santos,

No pilão do café com cuscuz nigeriano.

 

Das marcas dos chicotes lacerantes,

Do branco ianque norte-americano,

Do suor escorreu a saudade do Congo,

Onde o filho em seu peito amamentou,

Cresceu livre igual a ave e o calango,

Em sua tribo com sua gente de cantantes.

 

No castigo do tronco gemido de dor,

E no estupro das escravas africanas,

Chorando em seu leito o sujo sêmen,

Do escravista senhor que na noite vem,

Germinaram o blues, o samba e o sonho,

De uma igualdade que ainda não chegou.

 

No pisado do blues, e no passo do samba,

Ainda estão abertas feridas das chibatas,

Cicatrizes do eito do algodão e da cana,

Dos negros fugidos, caçados nas matas,

Para escapar dos horrores da escravidão,

Que manchou de sangue nosso chão.

 

 

 

 

SÃO ESSES OS INDIVÍDUOS QUE SEMPRE DIZEM SER PATRIOTAS?

Não estou aqui de forma alguma a defender o presidente da República, mas a soberania do nosso país que foi atacado e retaliado por um maluco neonazista dos Estados Unidos, instigado por um bando de indivíduos do mesmo quilate que sempre abre a boca suja para dizer que é patriota.

Esse grupo de extremistas fascistas conseguiu iludir parte do nosso povo inculto com aquele velho slogan de pátria, família e tradição. Certa vez, o ex-presidente capitão (evito falar o seu nome) virou para a bandeira dos ianques e declarou que para ela batia continência. A esta altura o nosso empresariado deve estar pensando que a culpa toda é de Lula.

Seu filho, o do capitão, expulso do exército, pediu licença da Câmara dos Deputados para morar nos Estados Unidos, com o propósito de fazer lobbie junto aos republicanos para mandar seu presidente Trump, outro golpista, atacar desaforadamente o Brasil, ameaçando de retaliações com taxações em nossos produtos de exportação.

Não é o presidente Lula o prejudicado, mas o Brasil como um todo. É assim que essa família de desajustados pratica o patriotismo? Seus seguidores imbecis embarcaram nesse barco furado e podre para cometer atentados contra a democracia, indo para as ruas com faixas e cartazes pedindo intervenção militar, ou seja, um governo ditatorial.

O ato de oito de janeiro de 2022 foi uma cena horrorosa, digna de uma corja de trapalhões que caíram do trapézio e se esborracharam no chão porque não contou com o respaldo total das forças armadas.

Se tivesse ocorrido um golpe com as armas das tropas, o capitão Bozó e seus filhos seriam os primeiros a serem presos e uma junta militar iria governar o país com seus coturnos ditatoriais. Esses seguidores não passam de inocentes úteis que não têm a mínima dimensão do seja uma ditadura, um regime de opressão.

Com o depravado do Trump, os Estados Unidos hoje, pela primeira vez em sua história, estão vivendo uma disfarçada ditadura. Este país não é mais aquele do Thomas Jefferson e do Abraham Lincoln, libertador dos escravos e defensor da democracia, mesmo se tratando de uma população originalmente evangélica conservadora.

O que mais lamento em tudo isso é que uma grande parte da nossa população alienada burguesa é fascinada por esta nação de cultura superficial, com gosto de papel e sanduiche, que nem sabe geografia mundial, nem onde fica o Brasil, a Argentina ou o Chile.

Não consigo entender como os nossos jovens e turistas endinheirados se humilham de joelhos nas embaixadas e consulados norte-americanos para obterem um passaporte de entrada. Antes de conseguir essa permissão, são sabatinados com todo tipo de pergunta e ainda devassam suas vidas.

Agora mesmo o Trump impôs que antes de liberar um passaporte para brasileiro (outras nações também estão inclusas no rol) a embaixada ou consulado faça uma severa investigação nas redes sociais sobre a vida do pretendente. Quem já visitou Cuba não pode ser “agraciado” com a entrada. Lá, o brasileiro é visto como um marginal, um bandido, suspeito como terrorista ou um índio saído da floresta.

Mesmo assim, essas pessoas se submetem a tamanha humilhação para visitar Nova Iorque, a Disney ou outra capital de gente imperialista que se acha uma raça superior. Na concepção dos norte-americanos, eles são os únicos enviados de Deus e o resto faz parte do eixo do mal.

Harvard, a universidade criadora de robôs humanos, famosa pela sua maestria em lavagem cerebral, é a mais cobiçada pelos nossos jovens estudantes. Depois de anos, o cara sai de lá arrotando, com toda sua arrogância e mente monetarista desumana, que é detentor de um diploma da Harvard.

Em pleno século XXI ainda não conseguimos superar o complexo de vira lata, como o cronista Nelson Rodrigues classificava o brasileiro. Uma prova disso é que até hoje um norte-americano quando chega ao Brasil é visto e tratado como um deus. A primeira coisa que ele faz é mijar no aeroporto.

Precisamos ter amor próprio, não importando se a pessoa é de direita ou de esquerda. Trata-se de uma questão de consciência política e de defender a nossa soberania. Isto sim, é ser patriota de verdade, não essa gente que faz o contrário e age por vingança e ódio pessoal.





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia