Venho observando que as feiras literárias estão murchando de forma lenta, enquanto as tecnológicas avançam a todo vapor. Não sou contra a tecnologia que é uma realidade mundial, mas não devemos esquecer do conhecimento geral no campo das ciências humanas.

De conformidade com a demanda do mercado, os nossos jovens estão sendo induzidos a ingressar em cursos técnicos para ganhar dinheiro e atender a área empresarial. Não é que isso esteja errado, mas não se pode criar uma massa de inocentes úteis que podem ser facilmente manipulados.

Perguntaria se essa nossa juventude de hoje estaria recebendo embasamento curricular suficiente para o saber da história, da geografia, da literatura, da filosofia, do português e de outras disciplinas correlatas relacionadas ao conhecimento geral?

Quando vejo essas feiras tecnológicas de robóticas, de construção de drones e outros máquinas sofisticadas, fico a imaginar em minha cabeça se esses nossos jovens têm algum conhecimento de história; sabem falar e escrever bem o nosso português; e possuem capacidade de debater numa roda de amigos outros assuntos fora da sua área específica?

As escolas, pelo menos do ensino médio, estão preocupadas no reforço escolar desses jovens tecnológicos para com o conhecimento geral, de maneira que eles lá na frente não sejam apenas simples apertadores de parafusos ou fazedores de chips? Não sejam vazios no setor de humanas? Será que nos tempos modernos não estamos apenas criando uma geração de robores?

Por falar nisso, veio-me à mente aquele filme mudo de Charles Chaplin onde o cineasta-ator passa o dia apertando parafusos numa fábrica e depois se sente uma pessoa inútil na sociedade. Em meu entender, a arte de Chaplin continua atual.

Em minha opinião, esses jovens de hoje da área tecnológica (nem todos) não leem outra coisa que não seja do seu ramo. Quase nada conhecem de literatura e escrevem o português todo errado como se vê nas redes sociais, estas verdadeiras assassinas da nossa língua materna. Numa mensagem-texto, seja pequena ou extensa, você encontra um monte de erros, como escrever próximo com “c”. O pior é que a maior parte dessa gente tem nível universitário.

Quanto as feiras literárias, onde se viaja pelo mundo das ideias, das criações e imaginações, estas estão ficando cada vez mais escassas porque não se encontram patrocinadores públicos e privados dispostos a investir na cultura como nas tecnológicas.

Nem tudo, porém está perdido. Ainda existem grupos de resistência que enfrentam dificuldades e organizam essas feiras com muita dedicação e abnegação, como a FLITA de Itapetinga, de 31 de julho a 2 de agosto, da qual estarei presente dando minha contribuição.

Precisamos reforçar a nossa cultura dentro da tecnologia para que no futuro não tenhamos um bando de alienados robores, cheios de parafusos por dentro, como já temos, mas sem nenhum senso crítico e consciência política, que nem sabe definir o que é ser cidadão e preservar sua memória.