:: jun/2025
UM PROJETO FUNDAMENTALISTA
Com tantos problemas para se resolver no município, principalmente no âmbito social, da educação e da saúde (posto que não têm médicos e medicamentos), esses 23 vereadores estão agora querendo voltar aos tempos da catequese indígena dos jesuítas da era colonial. Será que eles não sabem que, pelo menos na teoria, o Estado é laico?
Confesso que fiquei surpreso e um tanto incrédulo ao ler que a Câmara de Vereadores votou o Projeto de Lei 56/2024, que autoriza o uso da Bíblia como material de apoio e complemento didático nas escolas da rede municipal de ensino. A proposta foi do parlamentar Edvaldo Ferreira Júnior (PSDB), que contou com 17 votos favoráveis e apenas um contrário.
Pelo menos esse um teve o bom senso de respeito à liberdade religiosa e que cada um tem o direito de escolha, inclusive de não ter nenhuma. Em pleno século XXI ainda tem gente que acha que a pessoa deve ser convertida a uma religião, usando crianças e jovens para fazer lavagem cerebral.
De antemão, considero o projeto um absurdo e uma invasão escolar na religião e na crença dos outros, sem levar em consideração que temos outras questões importantes para se resolver em Vitória da Conquista. Além do mais, trata-se de um projeto que vai de encontro à Constituição de 1988.
De imediato, a associação dos professores da Universidade Estadual do Sudoeste-Uesb e o sindicato municipal dos professores reagiram dizendo que o Estado é laico. Contestaram afirmando que não se pode introduzir um material religioso num espaço laico, pois isso pode marginalizar alunos de outras crenças.
De acordo com as entidades, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determina que o ensino religioso nas escolas públicas deve ser não confessional e facultativo. O projeto é um retrocesso e lembra os tempos de catequese onde os jesuítas que aqui chegaram depois de Cabral faziam a doutrinação dos indígenas, considerados por eles como pagãos. O papel da escola pública não é doutrinar, mas formar cidadãos com senso crítico para fazer suas opções políticas e religiosas, se for o caso.
Esse é um projeto fundamentalista religioso evangélico que cria mais ódio e intolerância entre as pessoas. Invade a liberdade de crença. É um projeto que já nasce morto, como tantos outros. Foi para isso que eles aprovaram o aumento de cadeiras sob o argumento de oferecer mais serviços à população? É um projeto que nos envergonha.
Ao invés de perder tempo com uma discussão descabida, os vereadores deveriam se preocupar com o nível de ensino que ainda é deficitário, com os problemas do transporte escolar e com muitas escolas nas zonas urbana e rural que funcionam sem estrutura adequada. Sem essa de Bíblia nas escolas! Queremos uma bancada do povo e não da Bíblia.
Os vereadores deveriam se preocupar com a situação de abandono da nossa cultura, cujos equipamentos culturais, como o Teatro Carlos Jheovah, o Cine Madrigal e a Casa Glauber Rocha estão fechados há anos. Uma cidade como Conquista, a terceira maior da Bahia, não tem um Plano Municipal de Cultura, e os indicados pela Mesa Diretora para compor o Conselho Municipal não frequentam o colegiado. Eles ficaram em silêncio quando a prefreita elitizou o nosso tradicional São João, transformando-o num evento carnavalesco de estilos axé, arrocha e sertanejo.
SEM RETORNO E SEM CAPACIDADE
Não sou cientista e nem um expert em mudanças climáticas ou aquecimento global, mas basta olhar o passado de séculos de estragos praticados pelo ser humano contra o meio ambiente e o avanço continuado de destruição, para se concluir que não existe mais retorno e capacidade para se reverter os fenômenos imprevisíveis de tragédias e catástrofes provocados pela natureza.
Tenho ouvido e lido comentários de que estamos quase entrando no ciclo de não mais retorno e de não mais capacidade para reverter a situação e tornar o planeta em condições de qualidades habitáveis, reduzindo ou detendo o aumento da temperatura que nos últimos anos tem batido recordes com calor que ultrapassa os 50 graus em várias partes da terra.
Não me venham com essa de pessimista ou profeta macabro da morte. Em minha modesta visão, estamos em pleno aquecimento global e não existe mais capacidade de recuperação aos níveis toleráveis e aceitáveis de uma vida harmônica entre natureza e a humanidade.
Pelo rombo que já foi feito contra a natureza durante esses milhares de séculos, desde o homem neandertal até os tempos atuais, seria necessário um esforço conjunto e hercúleo de todas as nações para diminuir drasticamente com a emissão de gases tóxicos no ar, com o volume monstruoso de lixo e outros tipos de sujeiras que são jogados em nosso planeta.
É verdade que existem ações de grupos, entidades e instituições aqui e acolá de preservação e renovação das nossas florestas, retirada de lixo do mar e do solo, projetos de reciclagem e tantas outras iniciativas, na tentativa de deter os desastres e renovar o meio ambiente, mas ainda é muito pouco diante do alto índice de agressões do passado e do presente.
Por exemplo, no momento em que se está retirando uma tonelada de lixo do mar, outras milhões de toneladas estão sendo despejadas nas águas e na terra, mesmo porque o consumo só faz aumentar. A ordem das economias mundiais de qualquer país é consumir e consumir cada vez mais visando elevar o seu PIB – o tal Produto Interno Bruto.
Nesse cenário de horror em que vivemos, de juízo final ou apocalipse (usem a expressão que quiserem), é só usar a lógica da matemática para se concluir que a conta nunca bate, sempre existe uma dívida no vermelho, que só aumenta.
É com esse raciocínio histórico do passado e do presente que sempre digo que não é preciso ser cientista para enxergar que não existe mais retorno e que o homem não tem mais capacidade de reverter a situação, a não ser que o planeta parasse por pelo menos um ano, e isso é utópico.
O nosso cancioneiro profeta, poeta, músico, cantor e compositor baiano Raul Seixas falou do dia em que a terra parou. Poderia ser no ano em que a terra parou. Quem sabe não houvesse aí a tão desejada reversão do aquecimento global e todos seriam felizes para sempre, principalmente as novas gerações! Para estas, estamos deixando um legado de inferno.
“RAID DAS MOÇAS” QUASE TERMINA EM CONFUSÃO
(Chico Ribeiro Neto)
“Raid das Moças” tem esse nome porque é uma rifa com 100 nomes de mulheres, onde você escolhe um nome ou mais para concorrer ao prêmio. Lá no meio da cartela de papelão, protegido por um papel prateado e grampos, está o nome da mulher correspondente ao prêmio: Alba, Olga ou Zoraide? Quem será a dona do prêmio?
Antigamente, ou hoje também, rifava-se tudo. Tem uma feira no interior de Sergipe onde se se rifa porcos e bezerros, “e vai correr daqui a pouco, vamos lá, vamos lá”
Dizem que no Raid das Moças dava pra ver, antes de fechar a rifa, o nome da mulher do prêmio. Era só botar a rifa contra uma lâmpada bem forte. Contam também que se colocava o Raid das Moças num vapor, no fogão, e o selo que ocultava o nome se desprendia inteirinho. Depois, era só colar de novo.
Hoje, nem sei se ainda existe o Raid das Moças, mas tem uma rifa com 100 números (de 00 a 99), no mesmo formato, só que não tem o número do prêmio escondido no meio da cartela. “Corre” pela Loteria Federal às quartas e sábados e pelo jogo do bicho nos outros dias. Você assina 5 reais numa dezena pra ganhar 300 e o dono da rifa fatura 500, se completar a rifa. Muitas vezes, o cara não consegue fechar as 100 assinaturas e ninguém escolheu o número premiado. A grana arrecadada vai toda pro rifeiro.
O que mais tem hoje no Brasil é jogo. Para se ter uma ideia, somente no mundo das Bets, 72 empresas estão autorizadas, somando 156 marcas. E muitas Bets oferecem bônus de até 1 mil reais pro sujeito começar a jogar. Como diz um amigo: “É igual a dar a primeira pedra de crack ao sujeito que ficará logo viciado”.
- trabalhava na Redação do jornal A Tarde e era exímio gozador. Uma noite ele me disse: “Olha, o repórter S. fez uma cirurgia de hemorroidas. Vamos fazer um Raid das Moças rifando o objeto submetido à cirurgia?” Compramos o Raid das Moças e no ítem relativo ao prêmio colocamos: “um c… zero km”. “Homem tem umas brincadeiras sem graça”, mas essa quase termina em confusão.
O repórter S., dono do objeto ido a sorteio, soube da rifa e me interpelou num canto: “Olha aqui, soube que vocês estão fazendo o negócio de uma rifa aí comigo. Negócio seguinte: sou um homem casado, tenho dois filhos e não aceito esse tipo de brincadeira”. Fim de papo e fim de brincadeira.
A rifa, cuja assinatura tinha um valor simbólico (ninguém pagava nada, era só a gozação) estava quase completa, mas agora precisava ser destruída. Na hora de rasgá-la R. vira-se para mim: “Vamos, pelo menos, ver quem foi que ganhou?” “Você tá maluco!”, respondi e comecei logo a rasgar o Raid das Moças, joguei tudo na cesta de lixo, antes que alguém descobrisse o ganhador do “anel de couro” e fosse exigir o prêmio; e a minha cabeça também estava em jogo.
Um amigo do dono do prêmio chegou a comentar: “Vocês rifam o fiofó do cara e não querem que ele se aborreça! Aonde?!!!”
(Veja crônicas anteriores em leiamais.ba.gov.br)
O MATUTO E O VALENTE
– Eles vivem a brigar igual a cachorro e gato, mas não se desgrudam um do outro – comentavam os moleques da rua que temiam os parceiros, um matuto e o outro visto como valente por nome de Jairo.
– Brigam entre eles, ficam sem se falar por certo tempo, mas ninguém se atreve a enfrentar os dois. Um toma as dores do outro na hora do “pega pra capar”. Eu estou fora – dizia o colega de conversa em tom de medo.
Por volta do final da década de 50, com uns 11 ou 12 anos, sai da roça a mando do meu pai para morar em Piritiba e fazer o primário. Antes disso, passei pelas mãos de várias professoras leigas – memorável recordação da professora Nina – para aprender o bê-á-bá, mas continuava um analfabeto. Fazia uns garranchos nos papéis e lia alguma coisa com dificuldade.
Era um tímido matuto roceiro magricela que foi residir na cidadezinha recém emancipada na casa do casal Nemézio e Maricas. Além de seus dois filhos, eles criavam um rapazola negro pouco mais velho do que eu, que trabalhava como escravo. Só tinha direito à comida e a uns trocados.
Seu nome era Jairo e me aliei a esta família sendo o sexto integrante numa residência um tanto apertada. Meu objetivo era estudar e, para tanto, meu pai pagava as despesas e ainda ajudava com quilos de farinha e feijão produzidos em sua roça.
Eu era um estranho do ninho e, como matuto desajeitado e desengonçado, de roupas roceiras (calça curta) comecei a ser vítima de apelidos e deboches (bullying) na escola e nas ruas entre os outros meninos da cidade.
Não só sofria bullying (na época ninguém sabia o que era isso) como apanhava como saco de pancada. Jairo era um negro magro que tinha um soco de direita, ou de esquerda, não me lembro bem, que derrubava um armário. Ninguém se engraçava com ele porque só recebia pancada.
O matuto padecia dia e noite nas mãos daqueles moleques e ninguém o temia. Era só chamar para a briga e ele saia com o rabo por debaixo das pernas como cão sarnento, Jairo não, este era o valente respeitado, pau para toda obra.
De tanto apanhar e ser ridicularizado, um dia o matuto deu um estalo maluco na cuca, ou uma sacada, e colocou na cabeça que tinha que lutar no braço com o Jairo, o mais valente. Sabia que ia tomar porrada, mas já estava calejado mesmo! Não importava a surra. Era por uma boa causa.
Numa roda de moleques, nos jogos de gude e pinhão – a intenção era que que muitos fossem testemunhas da peleja – sem motivos, o matuto começou a provocar Jairo com palavrões, inclusive de ladrão e outros termos politicamente incorreto, para os tempos atuais.
Como morava comigo na mesma casa, a princípio Jairo evitou enfrentar o matuto. A molecada não acreditava no que estava vendo. Ninguém ousava brigar com ele porque sabia que seu punho era certeiro.
Como Jairo se fez de covarde, o matuto caiu dentro e logo recebeu uma lapada que o deixou no chão. O matuto levantou, sacudiu a poeira e deu nova investida. Até que deu uns tapas aqui e acolá, mas o matuto apanhou feio. Caia e levantava.
Para não bater mais e sangrar de morte o matuto, Jairo saiu e deixou a turma. Apanhou, mas foi o dia “D” da libertação dos bullying contra o maturo.
Em pouco tempo a notícia correu nas ruas de que o matuto tinha lutado contra Jairo. A partir dali ele passou a ser o segundo mais valente da cidade. Impôs respeito e até dava ordens para os outros.
Acabaram-se as sacanagens contra ele. Se um grupo adversário de uma rua resolvesse provocar o matuto, era só Jairo encostar que todo mundo debandava. Se o matuto entrasse num entrevero, Jairo tomava as dores, e vice-versa.
Vez ou outra os dois brigavam e ficavam dias sem se falarem. O mais curioso era que ambos dormiam no mesmo quarto, e um não dirigia a palavra ao outro. Passamos a ser “inimigos”, mas amigos porque um defendia o outro nas confusões.
Em jumentos com garotes, éramos agueiros (vendedores de água), lenhadores e fazíamos outros serviços para Nemézio. Naquela época não tinha energia elétrica em Piritiba, água encanada e a maioria dos fogões era a lenha. Todo lucro ficava para o dono dos jegues.
Foi assim que o matuto encontrou uma saída para se livrar das humilhações dos atrevidos e riquinhos metidos a bestas da cidade. Quando o matuto terminou o primário foi ser sacristão de padre em Mundo Novo e depois estudar no seminário de Amargosa.
Jairo, o grande amigo valente, já era um rapaz criado, mas não dava para continuar sendo escravo daquele casal que tanto lhe explorou e não lhe deu estudos e bens.
Pobre e sem quase nada, resolveu pegar um pau-de-arara para São Paulo. Tempos depois soube que se meteu em bandidagem na capital paulista e foi assassinado, não se sabe se pela polícia, por algum comparsa traidor ou em alguma briga, pois o Jairo sempre foi “pavio curto”.
NORDESTINOS “PAULISTAS”
– Oh, minha tia Zeferina, que animal é aquele no pasto que fica o tempo todo urrando? E aquela fruta pretinha no quintal? E essa ave toda pitadinha?
– Deixa de ser metido a besta moleque! Depois que foi para São Paulo fica aí dando uma de “paulista” e esquece que é um nordestino. Você sabe que é um jumento, teu irmão, que lhe transportou na cacunda quando menino com carga d´água, feijão e mandioca. A fruta é jabuticaba e a ave é um saquê, galinha africana, Severino!
Pois é, esse caso eu ouvi há longos anos do seu Gorgônio sobre certos jovens que se juntavam aos retirantes pau-de-arara e iam para São Paulo no início para os meados do século XX fugidos da seca para não morrerem de fome.
Numa simples analogia, São Paulo era como se fosse a terra prometida e o povo nordestino os judeus escravos que fugiram dos faraós pelo deserto, guiados por Moisés. Nessas retiradas sempre existia um líder para conduzir os famélicos à procura de trabalho e dias melhores.
Contavam os mais velhos que, depois de determinado tempo dando duro por aquelas terras estranhas, muitos retornavam para visitar seu torrão natal e seus parentes com sotaque paulista, com pinta de rico e se fazia de desconhecido das coisas, dos hábitos, das frutas e até dos animais nordestinos.
– Quase sempre os moços abestalhados vinham de lá com um rádio movido à pilha no ombro, com o som na maior altura, com pose de “paulista”. Era a maior novidade da época – me disse certa feita seu Tertuliano.
– Voltavam com aquela lábia de cantadas bregas aprendidas na capital, para conquistar as moças da roça. Muitas se encantavam e ficam mal faladas quando apanhavam barriga. O pai brabo fazia o cabra se casar na ponta do punhal. Outros caiam no mundo depois do assucedido e nunca mais apareciam.
– Quando pintava por aqui esse tipo “paulista” idiota, a família ficava de sobreaviso e não deixava a filha encostar perto do sujeito, nem dançar com ele num forró – resmungou o velho Tertuliano, que também foi um retirante e gostava de contar casos e causos do sertão nordestino e das épocas de seguidão de rachar o chão, boi berrar de sede na cacimba e criança morrer nos braços das mães, muitas delas viúvas de seus maridos vivos que ficavam por lá e até arranjavam outra companheira.
Os nordestinos arribavam de pau-de-arara deixando tudo para trás, como nos versos de “Triste Partida”, do poeta maior Patativa do Assaré, cantada por Luiz Gonzaga. Quando a chuva molhava a terra e as aves voavam o verde da caatinga, os retirantes faziam o caminho de volta para refazer a plantação.
Os tempos foram passando, e o interessante é que a viagem de retorno, mesmo aqueles que só vinham de férias, visitar parentes ou curtir as festas juninas, era feita de ônibus e não mais de pau-de-arara.
Por falar nisso, alguém aqui já pegou algum ônibus em trânsito vindo do Sul com destino às cidades nordestinas do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba ou outro estado da região?
Certa feita peguei um de Vitória da Conquista a Juazeiro e foi uma loucura! Tive que suportar a noite toda um cara com um rádio na maior altura (agora é tudo no celular ligado numa caixa, sei lá), Dentro do veículo sujo você tropeça ou se bate em tudo quanto é bugiganga, missangas, caixas, sem falar em crianças chorando.
– Seu motorista, manda aquele cara baixar ou desligar o som! Cadê o ar condicionado? Aqui está um calor do inferno! Essa criança não para de chorar – gritam os passageiros! E o cheiro forte da sujeira?
Uma vez um amigo me contou que passou por essa experiência para nunca mais repetir. Atualmente tem gente que traz até drogas nas malas e em caixas falsas de presentes, sem contar que cada um traz sua farofa.
– Ah, nessa viagem me deparei com alguns desses nordestinos ainda com sotaque paulistano, como se renegasse o Nordeste. Deve ser daqueles que não come mais o cuscuz, só hambúrguer e sanduiche. Quanto ao jegue, é até perdoável porque fizeram a malvadeza de matar nosso animal símbolo nordestino.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM VITÓRIA DA CONQUISTA É A PIOR POSSÍVEL
Sabemos que é em toda Bahia e, no Brasil também, mas estou me referindo, especificamente, a Vitória da Conquista onde a prestação de serviços é a pior possível. É de matar o cliente de raiva e provocar um estresse que pode até levar uma pessoa a um hospital.
Na maioria das vezes, é cruel o que o vendedor do serviço faz com o cliente logo após a contratação. Você vai a uma loja e adquiri o produto, uma cama, janelas, portas, mesas, peças de cozinha ou outra coisa qualquer. Na hora de vender, o cara lhe trata bem ao ponto de mentir sobre a qualidade do material e seus usos.
O inferno começa no processo de entrega (isto você já pagou a metade ou o total do preço), o funcionário ou gerente da loja lhe promete levar o pedido no outro dia em tal hora pela manhã. Apertos de mãos e o comprador sai confiante e satisfeito, mas depois é só decepção.
O consumidor fica no aguardo ou coloca alguém para receber a compra. O entregador não aparece. Você entra em contato e alguém lhe avisa que não foi possível, só no final da tarde. Acontece a mesma coisa, e nada. O funcionário (a) diz que houve um contratempo e agora só no outro dia.
O que se percebe é que não existe gestão organizada, e a ordem do dono do estabelecimento é vender o quanto puder, com a promessa de entregar logo a mercadoria. Ocorre que “embola o meio de campo”, os passes saem errados e os empregados ficam a bater cabeça. Eles terminam levando toda a culpa.
Quando se reclama, aí aparecem as desculpas fajutas e fecham a cara. Depois da venda, a impressão que se tem é que eles estão fazendo um favor para o idiota do consumidor. Coisa é quando se contrata alguém para fazer o orçamento de um serviço em sua casa.
O procedimento do prestador também não difere. Ele marca um horário e não aparece, ou vem horas depois, até no outro dia, sem lhe dar a mínima satisfação. Essa situação não é apenas das pequenas empresas, com menor estrutura, mas também entre médias e grandes.
Quanto as pequenas, essa péssima prestação de serviços ao cliente é um dos fatores que as levam a ter morte prematura porque não se organizam e aceitam pedidos além da capacidade de atendimento, na ânsia e na ganância de lucrar de uma só vez, aí dão com os “burros n´água”. Por essas atitudes, terminam quebrando a cara, ou seja, fecham as portas logo cedo e ficam a lamentar.
Terror mesmo é quando se contrata um pedreiro ou “empreiteiro” de obra! Ai, meu amigo, haja nervos de aço para aturar a enrolação, as faltas, as sujeiras, a demora em concluir o serviço, as desculpas mentirosas, a falta de consideração e respeito. O indivíduo lhe deixa nervoso ao ponto de lhe provocar um infarto. O mais irritante é que ele acha que está com razão.
Sobre essa péssima prestação de serviços em Conquista, fico aqui a pensar com meus botões a respeito dos ciclos de palestras oferecidas pelo Sebrae! Trabalhei mais de um ano no Sebrae fazendo assessoria de comunicação e cansei de ouvir os papos desses convidados para ensinar o empresariado como ganhar mais dinheiro.
A maioria das conversas é de autoajuda, como o empreendedor ser otimista, não desistir diante das dificuldades, como fazer dinheiro, ter sucesso no negócio e outros blábláblás. Se o patrão só pensa em ganhar dinheiro e explorar a mão-de-obra, dificilmente o empregado trabalha satisfeito.
É preciso ter mais senso humanista. Ouve-se pouca coisa sobre como tratar bem e ser humano com o empregado. Gente não é somente feita de lucro e capital. Com tantas orientações e treinamentos, por que a prestação de serviços é tão ruim? Poucos procuram o Sebrae?