AINDA NOS TEMPOS DA “MARIA FUMAÇA”
LINHA SUCATEADA NO TRECHO ENTRE SENHOR DO BONFIM A JUAZEIRO
Em sequência à crônica-artigo, misturada com causos e informações sobre o tema “Nos Tempos da Maria Fumaça”, publicada em nosso blog www.aestrada.com.br (dia 11/06/2025), quero aqui reproduzir algumas palavras do nosso professor e memorialista Durval Menezes. Antes de mais nada, agradeço seus elogios e também por ter acrescentado subsídios valiosos a respeito do assunto.
O professor nos brindou com estas palavras de que a famosa “Maria Fumaça” tem passado e história. Quantos romances e poesias foram inspirados na história da “Maria Fumaça”. Muitas cidades tiveram sua marca registrada na “Maria Fumaça” enquanto outras não conseguiram essa oportunidade de ter sua “Maria Fumaça” cortando sua área geografia. Outras não tiveram “Maria Fumaça”, mas tiveram história, como é o caso de Vitória da Conquista.
Durval afirmou que Conquista não chegou a usufruir das famosas locomotivas, ou os trens de ferro como eram chamados. No entanto, teve sua “Maria Fumaça” numa espécie de trem fantasma. De acordo com ele, a história se repete em épocas diferentes. “A maneira de governar o povo, ou iludir, permanece ainda é a mesma. Mudam apenas as personagens, mas a malandragem política continua a mesma, prometer e não realizar”.
VAGÃO ABANDONADO COMO FERRO VELHO DE UMA ANTIGA “MARIA FUMAÇA”
Durval lembra que nessa história, Conquista foi agraciada com uma ferrovia saindo de Nazaré das Farinhas passando por Jequié a nossa cidade. A tal ferrovia, relata o professor, começou em Nazaré por iniciativa de empreendedores da região para desbravar nossas terras. A estrada chegou até Jequié, em 1927, com muita festa e teve sua continuidade, inclusive foram construídas várias obras de arte, como os pontilhões. Alguns quilômetros foram concluídos.
Ocorreu, porém, que o Governo de Getúlio Vargas, na década de 30, suspendeu todas as obras em construção, e Conquista ficou fora do sistema ferroviário. Os empresários, conforme revela o professor, queriam que a locomotiva chegasse aqui porque era importante para o município, só que isso não se concretizou.
Durval conta ainda que em 1898 foi constituído um decreto-lei concedendo o direito de construir a estrada Ilhéus- Conquista. Informa que a obra foi iniciada por outras regiões partindo de Ilhéus. Essa construção estava sob a responsabilidade do engenheiro Miguel Argolo. Chegou a ser executado 70 quilômetros de linha. Até hoje ainda estão lá os marcos.
Nesse trem fantasma foi projetada a estação sob a responsabilidade de um arquiteto belga. A área foi locada para ser erguida uma estação no início da avenida Siqueira Campos. “Ao construir uma ferrovia, a cidade seria privilegiada com a uma bela estação que chegou a ser projetada”.
VELHO PONTILHÃO EM IAÇU, NA BAHIA
Conforme informações do professor Durval, dezenas de pessoas foram contratadas para a obra, especialmente filhos de coronéis, cacauicultores e políticos, só que a ferrovia pouco avançou.
Acontece que os convocados para o trabalho, denuncia o professor, tiveram o privilégio de receber seus salários até suas aposentadorias. “Todos mamaram nas tetas dessa ferrovia. Os apadrinhados, que nunca prestaram seus serviços, ganharam até se aposentar. Esse é o Brasil do passado que ainda hoje vivemos, no mesmo aspecto de corrupção”.
Para finalizar seu comentário sobre a “Maria Fumaça, Durval nos informa que, em cima desse projeto, o artista Alan Kardec tem um projeto de adquirir uma máquina e dois vagões que serão expostos em frente do Museu de Kard. “E um sonho bonito do nosso artista, visando que Conquista tenha sua “Maria Fumaça”, pelo menos como peça de museu”.