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:: 26/dez/2024 . 23:44

QUANDO SE ENVELHECE

Autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Quando se chega à velhice,

Pulsa mais lento o coração,

A gente sente da janela aberta,

Na paisagem da viagem,

Que está próxima nossa estação,

E aí, o tempo começa a marcar,

Em seu relógio, o tic-tac,

Dá até vontade de chorar.

 

Cada dia é mais uma graça

Alcançada que nos enlaça,

No laço da fé e da esperança;

Uns dizem que viramos criança,

Outros que é só ranzinzice,

Coisa mesmo da velhice.

 

Tem os professores,

Poetas e escritores,

Artistas e cantores em ação,

Que ainda solam uma canção;

Gente simples de fresca cuca,

Com felicidade, amor e liberdade,

Que alargam seus horizontes,

Construindo outras pontes.

 

Tem a turma do dominó nas esquinas,

Na baba das moças meninas!

Os fofoqueiros e arengueiros,

Impulsivos, ativos e inativos,

Que se isolam aos desencantos,

Aos braços das mágoas e prantos,

E vivem de salivar suas lamúrias,

De suas antigas tertúlias,

Enxugando as lágrimas do passado,

No galope do cavalo alado.

 

Quando se chega à velhice,

O fantasma cavaleiro da foice,

Sempre fica em nosso encalço,

Com seu afiado aço,

Encurtando nosso espaço.

 

Existem os duros reacionários,

Os sábios liberais revolucionários,

Mas poucos seguem seus ideários,

E o velho, em seu canto amargurado,

Engole seu soluço engasgado.

 

Quando se chega à velhice,

Os sentimentos afloram,

Todo plano tem que ser no ano,

Na base do aqui e do agora,

Antes que se vá embora.

 

Quando se chega à velhice,

Toca o sino em nossa porta,

Das lembranças de outrora,

Algumas coisas jogam fora,

E a pessoa se consola,

Com sua fiel companheira,

Outra nossa passageira,

Desse trem da vida,

De tanta confusão, labuta e lida.

 

Quando se chega à velhice,

Os netos se tornam seus filhos,

Que se distanciam de você,

E só miram o bem querer,

Na ganância do seu ter.

 

Quando se chega à velhice,

Falam logo de asilo,

Que é para seu benefício,

Um bom lugar ao seu estilo,

Mas, na verdade, é seu castigo,

De viver na solidão do abrigo,

Onde chora pai, avó e avô,

Que rogam ao Nosso Senhor,

Para logo acabar com essa dor.





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