:: 20/dez/2024 . 22:24
O REI INVENTOR DO MONOTEÍSMO E O SACERDOTE MOISÉS GUIA DOS HEBREUS
Dizem os historiadores que os faraós do Egito reinaram por cerca de três mil anos. Nesse tempo, tivemos reis famosos, um negro, uma mulher, tiranos unificador como Menés, construtores de pirâmides, como Quépes, Quéfren e Miquerinos e tantos outros. Foi uma civilização que demorou ser reconhecida pelo mundo ocidental. Isso só começou a acontecer graças a Napoleão Bonaparte, os cientistas e arqueólogos a partir dos séculos XIX ao XX.
Um desses reis se destacou por ter sido chamado de rebelde ao se dedicar à poesia e à cultura e inventado o monoteísmo numa terra onde existiam milhares de templos com mais de três mil deuses. Trata-se de Akenaton, o intelectual devoto de Aton, o círculo solar, o Deus Único. Seus sucessores desfizeram suas obras e restauraram o politeísmo.
Este faraó mudou até as artes plásticas e os artistas tiveram a liberdade de mostrar suas feições ao lado da sua célebre esposa Nefertiti acariciando os filhos sob as bênçãos do sol. Ele viveu por volta do ano mil a.C. e compôs lindos hinos em louvor a Aton, como narra o jornalista e escritor David Coimbra em sua obra “Uma História do Mundo”.
Akenaton escreveu um encantador poema onde deixa claro o perfil do novo deus. Como seu sacerdote, Moisés absorveu sua ideia monoteísta e levou ao povo hebreu. A Bíblia situa o Êxodo no reinado de Ramsés II que nasceu cerca de sessenta anos depois do desaparecimento de Akenaton. Sobre essa passagem, o arqueólogo C.W Ceram fez uma comparação elucidativa em “Deuses, Túmulos e Sábios”.
Além de sacerdote, provavelmente Moisés foi governador da província do Alto Egito onde viviam os hicsos e hebreus, semíticos invasores do Egito. Akenaton foi sucedido pelo seu genro Tutancâmon, imagem viva do deus maior chamado Amon. Foi ele quem mandou apagar as imagens do sogro. Os sacerdotes foram perseguidos e banidos, inclusive Moisés. Sem seus seguidores, não havia mais lugar para ele no Egito. Depois de assassinar um feitor do faraó, Moisés se refugiou em Madiã, na Arábia Saudita. Lá se casou com Séfora, filha de Jetro. Com a mulher teve dois filhos.
“Moisés fundiu a religião de Jetro com a de Akenaton e, dessa forma, fundou o judaísmo”. A nova religião foi encenada no Monte Sinai através dos Dez Mandamentos, um resumo das leis existentes no Egito e na Mesopotâmia dos sumérios. Outras passagens copiadas foram a lenda do Dilúvio e do nascimento do próprio Moisés, encontrado num cesto no rio Nilo.
Das leis, Moisés adaptou apenas para dez, e o primeiro foi “Amar a Deus sobre todas as coisas”. “Foi um grande lance de marketing”. O primeiro mandamento é garantidor dos demais. A grande façanha dos Dez Mandamentos foi o monoteísmo, derrotado no ocidente pelo próprio cristianismo, que é politeísta.
No cristianismo, as divindades cristãs são guiadas por um triunvirato, Pai, Filho e Espírito Santo. Abaixo desses foi recuperada a antiga deusa dos tempos do matriarcado, do nomadismo e das religiões orientais como o mitraísmo. A Virgem Maria assume milhares de formas a depender de cada lugar com nomes para todo gosto.
Depois das deusas poderosas, abaixo vem uma legião de santos, os semideuses responsáveis por cada dia e cada área da atividade humana. Existem mais de dez mil deles. “O cristianismo é a nova vitória dos tradicionais sacerdotes egípcios politeístas”.
Dentro do próprio cristianismo existem também a culpa herdada dos hebreus com o estabelecimento dos Dez Mandamentos. Os hebreus inventaram o pecado e daí nasceu a culpa. A não obediência dos mandamentos acarreta punição e o cumprimento oferece recompensa.
“A culpa é a argamassa da civilização. Se o homem não sente culpa, ele pode fazer o que bem quiser. Se fizer o que quiser, não poderá viver com os outros. Não haverá civilização. A civilização depende da coerção dos instintos” – diz o autor do livro, ao acrescentar que entre os hebreus, a culpa foi especialmente vitoriosa.
Para entender o sucesso da culpa entre os hebreus, basta imaginar quem eram eles quando saíram do Egito e quem era o homem que os levou deserto a fora. Os hebreus eram escravos e Moisés o sacerdote de um deus caído, de uma religião derrotada lá atrás quando Akenaton se foi.
SE LIGAR, PEGA
(Chico Ribeiro Neto)
Se ligar pra apelido, aí é que pega. Infância e adolescência lembram muitos apelidos.
Na turma dos Aflitos, em Salvador, havia 3 irmãos: “Banha”, “Manteiga” e “Linhaça”. E duas irmãs magrinhas batizadas de “Irmãs Tripa”.
“Cascavel” era o maior driblador do bairro. Era um magro abusado que depois de um drible gritava “viu, puta!” e tomava logo uma porrada. Outro dia encontrei “Cascavel” num mercadinho e o tempo foi curto para muitas recordações.
Junto à minha casa (Rua Gabriel Soares, 33, Ladeira dos Aflitos) moravam os 3 irmãos “criados com vó”, que eram brancos como a porra e viviam do colégio pra casa e de casa pro colégio. Nunca entraram em nosso “baba” nem viram as Irmãs Tripa dançar o cancan de noite no passeio.
“Tristeza” era o melhor goleiro da rua. Voava nos paralelepípedos, se ralava todo, mas pegava a bola. Esse apelido foi porque ele nunca sorria, só se era escondido.
Tinha ainda “Antisardina”, apelido dado porque ele tinha muitas espinhas no rosto e usava um creme que a galera cismou ser “Antisardina, o segredo da beleza feminina”, como dizia o comercial.
O irmão de “Antisardina”, magro e comprido, era “Rui Palito”. Uma vez um menino ganhou do pai um par de luvas de boxe, de profissional, e resolveu promover uma noitada de lutas. Uma luva para cada lutador, pois só havia um par. Um sorteio definiu quem ia brigar com quem num único round de 3 minutos. Eu fui contemplado com “Rui Palito”, braço mais comprido do que o meu. Eu tomava soco no meio do nariz toda hora e perguntava aflito ao juiz quanto tempo ainda falta pra acabar e ele gritava: “Ainda tem um minuto”. Foram os 3 piores minutos de minha vida.
Lá em casa meus irmãos tinham seus apelidos: Luiz era “Zarara” ou “Bico de Anum”, Zé Carlos era “Gaguinho” e Cleomar era “Leonam” (marca de máquina de costura; ele sabia “costurar” bem no “baba”) e eu cheguei a receber o apelido de “Francis, o burro que fala”, um desenho animado. Mas felizmente não pegou.
“Pé de Valsa”, um menino que teve paralisia infantil e ficou com uma perna atrofiada (pisava na ponta do pé esquerdo), jogava bem no “baba” e dava passes preciosos. Havia ainda “Baleia”, “Bandeira”, “Zoinho”, “Atum”, “Gaiola”, “Géo Beleza”, “Mondrongo”, “Biúca”, “Diabo Louro”, “Ratinho”, “Maciste”, “Cara de Caçamba”, “Bola Sete”, “Já Morreu”, “Calunga” e “Narigolé”.
E ainda tinha “Carroça”, “Zé Leso”, “Batatinha”, “Pinduca”, “Zebrinha”, “Já Morreu”, “Arranca Toco” e “Jair Pinico”.
Luiz, meu irmão mais velho, conheceu o valente “Zeca Diabo” e me contava: “Ele joga uma navalha como ninguém. A navalha fica amarrada no dedo dele com uma borrachinha. Numa briga, ele joga a navalha, ela vai aberta, corta o sujeito e volta fechada pra mão dele”.
Na praia da Ribeira, na década de 60, havia um time de futebol formado por pescadores e canoeiros que tinha dois zagueiros imbatíveis: “Pé de Grelha” e “Gabinete”. O Bahia tá precisando dos dois.
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