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:: 27/ago/2024 . 23:25

O TEMPO ESTÁ PASSANDO MAIS RÁPIDO?

“SE UM ÚNICO HOMEM ATINGIR A MAIS ELEVADA QUALIDADE DE AMOR, ISTO SERÁ SUFICIENTE PARA ACALMAR O ÓDIO DE MILHARES” – Gandhi

Nos tempos atuais da era tecnológica de muitas correrias, que não derrubou a burocracia, muitos costumam dizer que o tempo está passando rápido, e tem gente que até acredita nisso. O tempo continua no seu mesmo compasso e rotação de milênios. Nós é que estamos vivendo como desesperados angustiados e nos enchemos de problemas que não damos conta de resolvê-los a tempo.

Ele permanece lá girando no seu tic-tac do relógio em seus segundos, minutos, horas e dias nos olhando calmamente, enquanto   nós apressados rogamos a ele que ande mais devagar ou até dê uma paradinha para que toda nossa parafernália seja resolvida durante o dia. Quando nem tudo sai a contento e muitas coisas ficam inacabadas, aí dizemos que o tempo está passando rápido. Até o xingamos e esbravejamos contra ele.

Vivemos num mundo desumanizado, dentro de uma bolha gananciosa do ter e do poder, ao ponto de pedirmos mais tempo ao tempo. Nessa confusão maluca que nos deixa cegos da visão das coisas boas, nem enxergamos a velhice bater em nossas portas. Nas grandes cidades, principalmente, passamos do tempo presencial para o virtualizado e é aí que temos a impressão que ele está mais rápido.

Quantas vezes nos desculpamos com o “amigo de que não tivemos tempo de responder sua mensagem do celular, seja escrita ou áudio, porque quase ninguém quer mais perder tempo com ligação telefônica. Por que tudo isso, se somos apenas meros passageiros do tempo entre a vida e morte? Quando lembramos disso, aí já não há mais tempo para recuperar o tempo perdido.

Existem lugares pacatos, como no campo, povoados, pequenas e antigas cidades turísticas onde as pessoas têm a sensação que tudo ali parou no tempo. Uns param para papear com os outros em abraços e apertos de mãos, com o tempo suficiente para uma troca de ideias, saber das notícias, tomar um gelada no bar e até fazer umas fofocas que ninguém é de ferro.

Assim é a vida, meu caro! Para uns, o tempo parece não passar. O dia e o ano ficam mais longos. Para outros, o tempo passa cada vez mais rápido. O Natal e o Ano Novo parecem ter sido ontem e já estamos perto deles novamente. Quem já não ouviu esta frase de alguém? Logo vem o carnaval, Semana Santa, dia das Mães, o São João, Dia dos Pais e não demora as lojas estamparem seus anúncios de Natal.

A semana nos dá a impressão de estar voando, cada vez com mais eventos, festas, encontros e reuniões, e não damos conta que convivemos menos com os amigos, com os familiares e, sobretudo, com os filhos. Como desculpa, ficamos o tempo todo enganando a nós mesmos e dizendo que não temos tempo porque ele está passando rápido.

QUE BRASIL É ESSE? TÃO RICO E TÃO DESIGUAL?

“NÃO HAVERIA CAPITALISMO SE NÃO HOUVESSE EXISTIDO O TRÁFICO NEGREIRO E A INSTITUIÇÃO ESCRAVISTA” – Ângela Davis

A formação colonizadora portuguesa de mentalidade exploratório, a monocultura de acumulação de bens, a escravidão de mais de 300 anos que gerou o capitalismo selvagem e a deficiência na educação foram, entre outros, os principais fatores motivacionais que explicam esse cenário brasileiro de um país tão rico e tão desigual de milhões de pobres, conforme concluíram os participantes do “Sarau a Estrada”, realizado no último sábado (dia 24/08), no Espaço Cultural do mesmo nome.

Com as presenças de mais de 30 pessoas entre artistas, intelectuais, professores e jovens estudantes, os trabalhos sobre o tema foram abertos pelo professor Itamar Aguiar, num clima de cordialidade e amizade. Nesses 14 anos de existência, foi mais uma noite de atividade cultural de muitas cantorias de viola, contação de causos e casos, declamação de poemas e troca de ideias entre as pessoas que abrilhantaram o evento.

O jornalista e escritor Jeremias Macário abriu a discussão do tema pontuando os diversos fatores pelos quais empurraram o Brasil para esse quadro desalentador de ser tão rico e, ao mesmo tempo, tão pobre onde uma pequena minoria domina o capital, em torno de 10%, e uma grande maioria vive na pobreza, inclusive milhões passando fome.

O tema tornou-se mais dinâmico com uma roda de conversas sobre o assunto, com as palavras de Manno Di Souza, o fotógrafo José Carlos D´Almeida, o músico Alex Baducha, o próprio Itamar, Edvaldo, ativista do MST e morador de um assentamento de terra, Eduardo Moraes e tantos outros que apresentaram seus pontos de vista, sempre colocando o déficit educacional como entrave principal que emperra o Brasil para o atraso e dificulta o nosso desenvolvimento com a distribuição de renda.

Pela formação colonizadora brasileira, a partir de 1500, quando Portugal, sob o reino de D. Manuel vivia uma época de decadência, a intenção do conquistador foi tão somente de explorar a terra e não de criar riquezas distributivas, a começar pelo Pau Brasil, segundo D´Almeida, a primeira devastação territorial em solo brasileiro. Depois tivemos os ciclos da cana-de-açúcar, a mineração, o café, a borracha e, por fim, o agronegócio, que criaram uma elite oligárquica com uma visão única de acumulação de bens através da exploração das classes mais pobres.

Por causa desses fatores, ainda temos até hoje, conforme foi discutido pelos presentes, um Brasil exportador de matérias primas, como grãos, aço, óleo bruto de petróleo e outros itens, e importador de produtos industrializados, principalmente maquinários, aparelhos eletrônicos, química fina e remédios.

Baducha disse que ainda carregamos a pecha do “complexo de vira lata” onde se valoriza mais o que vem de foram do que a nossa produção nacional. Durante a roda de conversa, vários autores foram citados, como Buarque de Holanda que escreveu Raízes do Brasil, Caio Prado Júnior e tantos outros. Itamar deixou sua mensagem de lutarmos pela valorização da educação.

Foi mais uma noite proveitosa através da troca de conhecimento e saber, seguida pelas cantorias musicais de Manno Di Souza, Baducha e Dorinho, intercaladas pela declamação de poemas autorais e contação de causos, num clima fraternal, acompanhado de bebidas e comidas, como do “patopira” (pato com galinha caipira), um dos sucessos, preparado pela anfitriã Vandilza Gonçalves.

Na ocasião foi também cantado os parabéns para os aniversariantes Vandilza Gonçalves e Manno Di Souza, com direito a bolo e apagar de velas. Entre as cantorias, Dall Farias citou o conjunto da obra Elomariana e suas vertentes do sertão profundo, cantada por Cleide e acompanha no violão por Baducha e Manno. Cleide ainda nos brindou com “Quem tem bem louve a Deus seu bem, quem não tem peça a Deus que vem…”

As impressões sobre o Sarau foram várias, inclusive de que foi um dos melhores do ano, como do nosso Humberto, de que o evento transcorreu num clima de muita alegria, confraternização e, sobretudo, de expressões culturais. “Foi realmente um momento especial para todos nós, onde a música, a poesia, os debates sobre o tema central e o bate-papo descontraído foram o ponto alto do encontro”.

Adiramélia Mendes agradeceu pelo sarau ter proporcionado momentos de muita cultura e aprendizado. Muitos outros se pronunciaram e sentimos as ausências dos nossos amigos e amigas Marta Moreno Jhesus, Rubens, Regina e Aurelício, Maris Stella e Neto, além, de outros que, por motivos pessoais, não puderam comparecer ao evento.

 





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