(Chico Ribeiro Neto)

Aqui vende quase tudo. Você compra o diabo a quatro, xuxu e quiabo, gato e sapato.

Vendemos culpa e direitos, biscoitos e pratos feitos.

As prateleiras são arrumadas conforme as necessidades, sem esquecer que o mais importante fica no final. Por que é que o feijão não fica nas primeiras prateleiras?

Há gôndolas, mas não são para passear.

Tem prateleiras de dor e de paixão, de saudade e comichão.

Na Semana Santa, tinha um grande balaio de quiabo em promoção, muita gente pegando. Meti a mão e acabei apertando o dedo de uma velhinha pra saber se o quiabo estava novo.

O Supermercado do Mundo vende o bem e o mal, o artista e o igual, o bêbado e o profissional. Tem prateleiras de depressão de 1 e 2 quilos com o aviso, abaixo da tarja preta: “Favor consumir somente após o pagamento.”

O que não se vende no Supermercado do Mundo é a alegria de uma caminhada na praia, o andar da vizinha, o gato num sonho, o vôo de uma andorinha, a companhia dos amigos, uma estrela, o crescer de uma planta… “Caixa livre, o próximo!”

Retiro do meu carrinho um quilo de tristeza. A moça do caixa pergunta: “O senhor vai querer saquinho ou vai levar assim mesmo?”

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com.br)