DINHEIRO E FELICIDADE
É um assunto complicado porque cada um tem sua maneira de ver e sentir as coisas. No entanto, vivemos num sistema capitalista selvagem onde o deus, ou o demônio dinheiro é idolatrado e louvado. Por causa dele muitas tragédias têm ocorrido em famílias, com mortes, sequestros e outros tipos de atrocidades, especialmente quando se trata de heranças.
Conheci e vi muitas famílias aparentemente unidas que se desintegram quando morre um membro rico e deixa fortunas para serem divididas. Acompanhei um caso de envenenamento entre irmãos que foi parar nas páginas de jornais, mas o dinheiro não só traz desgraça.
Existe uma longa discussão filosófica se o dinheiro rende felicidade. Diria que depende da visão de cada um e como usa o dinheiro em suas vidas. Primeiro que um é eminentemente material, quanto o outro está mais no campo espiritual e é um estado de espírito que, na maioria das vezes, não é permanente na pessoa. Não existe felicidade duradora e eterna.
Fazer compras no comércio ou num shopping desperta no ser humano a sensação momentânea de “felicidade”, tanto que o consumidor sente aquela vontade de ir logo para um bar ou uma lanchonete degustar um lanche ou tomar aquele shop gelado entre amigos e parentes. Muitos confundem felicidade com prazer.
O mau humor se transforma em sorrisos, só em olhar as compras nas sacolas. Isso acontece tanto em pessoas ricas, de classe média e pobres, mas essa aparente “felicidade” tende a desaparecer quando retornam os problemas individuais, coletivos e de relacionamentos familiares.
Essa de dinheiro e felicidade é uma questão muito relativa, mas não podemos ser hipócritas ao ponto de dizer que ter ou não dinheiro é o menor dos problemas. No mundo de hoje, onde tudo gira em torno dele, o dinheiro muda seu psicológico e lhe deixa mais leve e disposto para seguir em frente mais forte.
Sem grana, para, pelo menos pagar suas dívidas e fazer uma feira satisfatória do bem-estar, você fica avexado ou avexada, sem rumo e prumo. Já ouvi alguém falar que o homem sem dinheiro não é um homem, é uma merda.
De certa forma tem sentido porque é muito difícil a pessoa conviver e se relacionar bem quando está sem dinheiro, basta se colocar no lugar de um desempregado. Pode até disfarçar, mas dentro de si permanece aquele aperto e angústia no coração, principalmente quando se está só em seu canto.
Não estou aqui falando daquele tipo ambicioso que mata até a mãe e o pai por causa de dinheiro; vira corrupto; comete malfeitos; passa por cima de qualquer um, sem escrúpulos; e suja as mãos de sangue ou de lama fedorenta para ter mais e mais. Este é o abominável animal que até esquece que existe vida e morte.
De um modo geral, os que têm mais conhecimento e saber são mais desapegados ao dinheiro, mas, mesmo assim, o danado é necessário para satisfazer também os seus prazeres carnais e espirituais. O dinheiro pode até gerar sabedoria para muitos e ser fonte do sucesso.
O dinheiro e o poder andam de mãos dadas, mas não se pode traduzir isso em felicidade. Uns dizem que só necessitam do suficiente para viver feliz. Outros querem mais e mais. Tem ainda aqueles que têm muito e não sabem aproveitar para viver enquanto passageiro na terra. O dinheiro pode ser demônio e deus.
Quem já tem o dinheiro tem mais probabilidade de vencer, com menor dificuldade. Um exemplo é a eleição municipal que está aí nas ruas. Quem tem a grana já fez sua decolagem, com bandeiras e impressos para divulgar sua cara ao eleitor, mas não é sinônimo de vitória, sobretudo quando é mal usado e tecnicamente desperdiçado.











