:: 1/mar/2015 . 23:46
NAS TREVAS DA COELBA
O impacto emocional de um repórter quando entrevista uma vítima de agressão não é o mesmo quando ele é o próprio agredido. É quando o cidadão se sente um “marginal” do sistema capitalista predador que só visa o capital. O cliente é só um caroço da fruta que depois de chupado pode ser jogado fora.
Estou falando da Coelba, mas poderia ser de outra empresa que faz parte do capitalismo terceiro mundista desumano que apenas copiou a tecnologia do primeiro mundo para reduzir custos. Para não fazer rodeios, vou logo ao ponto da questão. Neste final de semana, por volta das 16 horas de sábado (dia 28) houve falta de energia no bairro Jardim Guanabara.
Como estamos vivendo num país imprevisível de apagões e escassez de água, principalmente, fiquei esperando pelo retorno da energia até às 19 horas. Ao sair no portão da rua de minha residência, senti que somente minha casa estava às escuras. No momento, fiquei atordoado sem entender a situação e só liguei para a ouvidoria 08000717676 e no teleatendimento da Coelba 08000710800 por volta das 19h20min dando conta que estava nas trevas e precisava de um atendimento para verificar o problema.
Como acontece em todo sistema de telemarketing das empresas que se dizem “reguladas” pelas agências, comecei a sofrer torturas de esperas, tendo que ouvir musiquinhas e propagandas enganosas da firma. Só depois de uns cinco a dez minutos uma moça, ou uma senhora, me atendeu pedindo o número de contrato da conta. Como estava na escuridão, passei de cabeça o número do meu CPF.
Depois de toda lengalenga e espera, a atendente disse que minha casa seria atendida dentro de três horas e ainda reclamou que eu deveria ter ligado antes. Imaginava que estava num apagão como já é costume. Impaciente, como qualquer um nas trevas ficaria, inclusive inseguro, voltei a ligar às 20h11min. e, depois de ouvir muita musiquinha e mais propaganda, a recepcionista disse que minha ocorrência já estava registrada no sistema e que aguardasse.
Como não suportava mais ficar à luz de velas sob tortura, resolvi dormir e só no domingo (dia 1º) pela manhã, 9h11min, liguei para o 08000710800. Após ouvir a propaganda e a musiquinha irritante, a moça voltou a dizer que minha queixa estava registrava e esperasse um preposto da Coelba até o final do dia. O prazo agora não era mais de três horas. Como já estava de dia pude anotar os protocolos 8060869760. Aí, a linha caiu e tive que fazer mais duas ligações com os protocolos 8060870023 e 8060869833.
Não dava mais para confiar vendo tudo perder na geladeira e impedido de exercer minhas atividades corriqueiras de leitura e pesquisas. Fui até a Coelba, no Bairro Candeias, e nem um vigia para me passar uma informação. Então, recorri a um eletricista particular quando ele detectou que o problema era interno.
Se eu ficasse esperando pela Coelba passaria mais uma noite no breu, irritado e estressado com o péssimo tratamento. Durante o dia, ainda tive que ouvir ligações do sistema eletrônico da prestadora de serviço da Coelba com o registro da minha reclamação, pedindo que apertasse o número dois se já tivesse sido atendido, ou o quatro no caso contrário. Claro, era só ligar e apartava o quatro.
Não vou aqui nem falar dos aumentos constantes de energia porque é outro tipo de massacre ao cidadão que só tem deveres e nada de direitos. Ainda contratam palestrantes de autoajuda para pregar que o cliente é a peça principal do sistema. Acredite se quiser. Neste país impera a lei do faroeste onde o matador é aquele que saca mais rápido o gatilho, mesmo que seja nas trevas.
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