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:: 30/dez/2014 . 22:03

ITAMAR INDICA E COMENTA ORLANDO SENNA

O HOMEM DE NAZARÉ

Nasci em família católica, estudei em colégio Marista, lembro da primeira comunhão e das aulas de Catecismo e da minha fé infantil, uma espécie de busca do êxtase. Um êxtase nada comparável à entrega corporal e espiritual da sensualíssima Santa Teresa da escultura famosa de Bernini ou dos livros da própria Santa Teresa, best-sellers desde a Idade Média. Apenas o embevecimento de uma criança depois de comer uma hóstia, diante do mistério que me assustava ao pensar que a hóstia era “o corpo de Cristo”. Os catequistas diziam para não morder a hóstia, pois ela se desfaria em sangue, “como já aconteceu várias vezes”. O mistério desapareceu, e com ele o susto, quando alguém me explicou o que era uma metáfora.

Adolescente, já no colégio Marista, busquei explicações sobre o símbolo mais utilizado pelas religiões cristãs: a cruz, um instrumento de tortura. E a efígie de Cristo mais difundida: sendo torturado na cruz. Esse insight surgiu em um grupo que discutia assuntos polêmicos, do qual fazia parte. Tínhamos entre 13 e 14 anos e fizemos o maior auê no colégio, uma campanha para que a Igreja Católica deixasse de usar a cruz como emblema de fé, esperança e caridade. Chegamos a rascunhar uma carta endereçada ao Papa, façanha que não foi avante porque o diretor do colégio, o Irmão Cirilo (que chamava todo mundo de “meu santo”), nos esclareceu que a cruz representa a dureza da vida, o peso de responsabilidades, dores e culpas que todos temos de carregar durante nossas existências. Era outra metáfora.

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